O advogado Éder Siqueira sustentou no início deste mês pela primeira vez no STJ. A ocasião repercutiu após o causídico avisar durante a fala que é gago e ter sido tranquilizado pelos ministros. Em entrevista, o advogado contou como foi a experiência.
"Eu nem imaginava que ia dar essa repercussão toda. A gagueira faz parte de mim, mas preciso avisar para me libertar. Eu estudo para que prestem atenção no conteúdo, não na forma."
O advogado ainda disse que se sentiu lisonjeado com o carinho dos ministros, e que acha que conseguiu passar sua mensagem.
Perguntado sobre como lida com o fato de ser gago no dia a dia e na profissão, Éder contou que aprendeu a conviver ao longo da vida. No entanto, ressaltou que nem sempre foi fácil.
"Já fiz hipnose, água na concha do feijão, vários sustos e até macumba, mas não passou. Faço tratamento fonoaudiólogo, mas isso oscila muito com meu pico de nervosismo."
Segundo o advogado, no primeiro Júri que fez, ficou muito nervoso e advogados riram na plateia. Então, começou a fazer exercícios para se tranquilizar.
Relembre
Em uma sustentação oral realizada na 6ª turma do STJ, o advogado Éder Siqueira iniciou sua fala advertindo aos ministros: “Este advogado é gago, e, em caso de flagrante injustiça, mais nervoso ainda eu fico”.
Após a fala, o presidente da sessão, ministra Laurita, tranquilizou o causídico: “bem compreensível”.
O advogado aproveitou para agradecer ao ministro Sebastião Reis, relator do caso, pela paciência, ao recebê-lo em seu gabinete, e brincou: "diante da minha gagueira, tenho certeza de que usei mais [tempo] do que outros". Com a gentileza que lhe é inerente, o ministro respondeu: "Não se preocupe com isso, não. Está fazendo seu papel".