O advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht e foi apontado pela força-tarefa da Lava Jato como operador financeiro da construtora em esquemas de corrupção, virou pivô de acusações (que já existem desde 2017) contra o senador Sergio Moro e o deputado Deltan Dallagnol, que podem colocá-los na mira da PF. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Como os parlamentares têm foro por prerrogativa de função, as acusações devem ser analisadas pelo STF. Todavia, como é bem de ver, eventual ilícito praticado por um juiz federal deve ser julgado pelo TRF, de modo que não há como o Supremo analisar em primeira-mão esse caso.
Rodrigo Tacla Duran vive há anos na Espanha. Ele foi interrogado nesta segunda-feira, 27, por videoconferência, pelo juiz Federal Eduardo Appio, da 13ª vara Criminal de Curitiba/PR, a antiga vara de Moro, onde são julgados processos da Lava Jato.
Quem tiver curiosidade de assistir ao depoimento, que pode ser facilmente encontrado no YouTube, vai ver algo surreal. Valha-nos Deus!
Por determinação do juiz, Tacla Duran, que a pedido de Moro foi colocado na lista de foragidos da Interpol no auge da Lava Jato, agora está no programa de proteção a testemunhas, caso volte ao Brasil.
Processo transparente
O depoente, no papel dele, defendeu-se apontando parcialidade por parte do ex-juiz e do ex-procurador, e disse que "os subterfúgios processuais utilizados até agora para que eu não fosse ouvido são diversos".
"As autoridades que passaram pelo processo pensavam que eu estava apostando na estratégia da prescrição, que eu não queria me defender. Não, nunca foi isso, jamais. Eu só estava esperando ter um juízo transparente", disse.
"O que estava acontecendo não era um processo normal, era um bullying processual, onde me fizeram ser processado pelo mesmo fato em cinco países por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceito ser extorquido."
O advogado defende-se atacando ao afirmar que sofreu tentativas de extorsão na Lava Jato, em troca de facilidades para clientes, e que passou a ser "perseguido" por não compactuar com o que chamou de uma "prática comercial corriqueira".
Ele também apresentou à Justiça fotos e uma inaudível gravação que comprovaria a versão.
Ele implicou o advogado Carlos Zucolotto Junior, sócio da deputada Rosângela Moro e amigo próximo do senador, e o empresário Fábio Aguayo na suposta tentativa de extorsão.