O grito de Independência, supostamente às margens do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, foi muito mais um ato burocrático do que heroico, como já visto na série de migalhas em comemoração ao bicentenário. Aliás, é como já ensinou Rui Barbosa de modo magistral: cada revolução nacional foi ajeitada com o intuito de transformar em dádivas da coroa as vitórias do povo.
Em um dos muitos dos seus textos, o famoso tribuno disse que o 7 de setembro não foi uma simples “espontaneidade generosa de Pedro I”, cabendo à imprensa evocar a história impoluta.
“Quando em 1822, Pedro I pronunciou a frase célebre, a que historiadores oficiais imputam a glória de haver desdado o laço da submissão colonial, o divórcio entre a colônia americana e a metrópole ultramarina estava já consumado; e a interferência do príncipe regente não teve outro merecimento mais do que o de registrar um grande fato irremediável.”
Rui Barbosa pontuou que a emancipação política do império foi, portanto, uma conquista nacional, a que D. Pedro I se opôs constantemente.
“Não cedendo senão quando as circunstâncias lhe impuseram como alternativa fatal a independência, com êle, ou sem êle.”
Veja a íntegra do artigo no qual Rui Barbosa não esconde a mordaz crítica a D. Pedro I, clique aqui.