Talvez não haja 11 de agosto, desde 1827, que se ombreie ao que se viu hoje na Faculdade de Direito de São Paulo e em inúmeras academias espalhadas pelo país. De fato, foram momentos memoráveis.
E quando já se imaginava que estava de bom tamanho de emoções para um só dia, após a leitura da "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito", outra ventura nos aguardava.
Com efeito, na noite desta quinta-feira, o site que colhe as adesões ao texto ultrapassa a marca inacreditável de 1.000.000 (um milhão) de adesões.
1.000.000 de brasileiros e brasileiras, em uníssono, estão afirmando que não admitem que se ameace nosso Estado Democrático de Direito.
Nunca se viu mobilização igual na Academia de Direito, e no país algo semelhante só se deu no movimento das Diretas Já.
11 de agosto de 2022
Em SP, a quinta-feira foi imorredoura na mente de todos que tiveram a oportunidade de acompanhar.
O ato reuniu milhares de pessoas. Uma festa democrática sem par: salão nobre abarrotado de gente; páteo completamente tomado; uma multidão de dezenas de milhares de pessoas no Largo S. Francisco.
Leram o texto as professoras Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara, e o antigo aluno e ex-ministro do Tribunal Superior Militar Flavio Flores da Cunha Bierrenbach. Assista.
Brasileiros e brasileiras
Entre os assinantes da carta, estão entidades, magistrados, membros do MP e artistas.
Além disso, assinam a carta políticos de todas as ideologias e locais (entre eles candidatos à presidência e ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e Temer).
O texto está disponível em seis línguas diferentes. E há depoimentos em vídeos de personalidades.
Primeira Carta aos Brasileiros
Há 45 anos, a primeira Carta aos Brasileiros foi lida pelo eterno Mestre Goffredo Telles Junior, no páteo das Arcadas do Largo S. Francisco. O episódio representou importante marco para a redemocratização do país.
Em agosto de 1977, quando o Brasil ainda vivia as barbáries da ditadura, o saudoso mestre Goffredo lia para uma multidão, no território livre das Arcadas, a carta, subscrita por professores, advogados e juristas. A mensagem goffrediana era de ordem social justa, liberdade e justiça.
"Os ideais do Estado de Direito, apesar da conjuntura da hora presente, vivem e atuam, hoje como ontem, no espírito vigilante da nacionalidade", anunciou Goffredo. Vigilante estava, de fato, a população: havia menos de dois anos que, nos porões do DOI-Codi, Waldimir Herzog foi morto sob tortura.
Ao fim, o brado: "Estado de Direito, já!".
A Carta aos Brasileiros foi a contribuição gofrediana que marcou o início do fim. Era chegada a hora de destituir a ditadura.
Nova Carta aos Brasileiros
A carta traz palavras em defesa da democracia e do sistema eleitoral, e é inspirado na proclamação de direitos chamada de "Carta aos Brasileiros", de 1977, que foi importante marco contrário ao regime militar, escrito e lido pelo mestre Goffredo da Silva Telles Jr. no páteo das Arcadas do Largo S. Francisco.
Para aderir, acesse o site oficial (estadodedireitosempre.com) do manifesto.
- Leia a íntegra.