O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que a União se manifeste, em 10 dias, sobre uma petição em que a Apib - Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros informa o descumprimento das decisões cautelares visando à proteção do povo Yanomami.
A entidade pede a elaboração de um plano, em no máximo 60 dias, para promover, entre outras medidas, a expulsão dos invasores e a destruição de pistas de pouso irregulares.
Segurança, combustível e internet
Barroso também pede informações à PF, à Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações e à ANP - Agência Nacional de Petróleo. O ministro deu prazo de 10 dias para a apresentação das manifestações, a partir da ciência da decisão, e fixou multa diária de 100 mil reais em caso de descumprimento.
A União deverá informar e comprovar as medidas adotadas para assegurar a segurança das comunidades. A PF terá de expor, especificamente, as dificuldades encontradas para garantir a segurança das comunidades e o cumprimento das cautelares.
Já a Anatel foi intimada para esclarecer quais são as empresas que fornecem internet aos garimpos ou como esse acesso está ocorrendo.
A ANP, por sua vez, terá de indicar as distribuidoras e as revendedoras de combustível de aviação da região, além de informar em que prazos e como é feita a fiscalização dessas empresas e quais as medidas adotadas em relação às que atuam de forma irregular.
Barbárie
Barroso destacou que a Apib descreve “um quadro dantesco" em curso na terra indígena Yanomami, com homicídios de indígenas, ataques a tiros e bombas de gás lacrimogêneo a suas comunidades, distribuição de armas de fogo, estupro, exploração sexual de mulheres e de meninas e outras formas de violência.
Apontou, ainda, percentuais alarmantes de desnutrição, de contágio por malária e da descontinuação de serviços de saúde.
O ministro salientou que a situação de "barbárie" descrita reporta que a vida, a saúde e a segurança das comunidades estão em risco por diversos meios.
Destruição de equipamentos
Entre as providências pedidas pela Apib está a retomada de operações para a repressão ao garimpo ilegal na TI Yanomami, com a destruição completa dos equipamentos e das aeronaves utilizadas pelos garimpeiros.
A associação pede, ainda, que haja um “estrangulamento logístico” do abastecimento dos garimpos ilegais, por meio do bloqueio dos acessos fluviais nos rios Mucajaí, Uraricoera, Apiaú e Catrimani, além da indicação e da fiscalização de todos os aeródromos privados localizados no entorno da TIY.
Retirada de invasores
A Apib requer a elaboração e a apresentação ao Supremo de um plano para promover a destruição das pistas de pouso utilizadas exclusivamente pelo garimpo, a retirada dos invasores e o monitoramento permanente da TI Yanomami.
A entidade também pede que as empresas de telecomunicações interrompam, imediatamente, o fornecimento de internet para a TI Yanomami, com exceção de pontos que atendam aldeias, escolas e postos de saúde, e que se abstenham de fazer novas instalações em áreas de garimpo legal.
Em relação à ANP, pede a fiscalização das distribuidoras de combustível aéreo em Roraima.
- Processo: ADPF 709
Informações: STF.