A Polícia Civil indiciou e pediu a prisão preventiva, nesta quinta-feira, 28, do empresário Saul Klein, por crimes sexuais contra 14 mulheres. Outras nove pessoas suspeitas de envolvimento nos crimes também foram indiciadas.
O empresário foi indiciado pelos crimes de organização criminosa, redução à condição análoga à escravidão, tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, casa de prostituição (manter estabelecimento próprio em que ocorria exploração sexual), favorecimento à prostituição ou qualquer tipo de exploração sexual de criança, ou de adolescente, ou de vulnerável.
A investigação teve início em 2020. O caso agora vai para análise do Ministério Público.
A criminalista Priscila Pamela, uma das advogadas das vítimas, destacou que a delegada responsável pelo caso deu a devida credibilidade à palavra das vítimas e que o indiciamento é uma conquista na luta contra a violência contra a mulher.
“Não conseguimos dizer que é com alegria que recebemos a conclusão do relatório final e os indiciamentos, porque o caso é muito triste. Vidas inteiras foram destruídas. Estamos aliviadas. A Delegada conseguiu compreender toda a complexidade do caso e deu a devida credibilidade à palavra das vítimas, em respeito às dores e aos crimes gravíssimos a que foram submetidas. O indiciamento é mais uma conquista na luta contra a violência sistemática contra a mulher. Esperamos que a denúncia seja oferecida e que todas as pessoas possam ser responsabilizadas, em especial, o Saul Klein.”
Relatos
Em reportagem especial, Migalhas mostrou que ao menos 14 mulheres relatam terem sido vítimas de abusos sexuais cometidos por Saul Klein, empresário de 68 anos, filho do fundador das Casas Bahia, Samuel KIein. Os crimes de estupro, favorecimento de exploração sexual, tráfico de pessoas e lesão corporal são alguns dos citados.
Os relatos são de um esquema meticuloso, envolvendo uma agência que aliciava mulheres para trabalharem para Klein. Inicialmente, segundo os relatos, era oferecido a elas o trabalho como modelo. Depois, elas descobriam que os serviços a serem prestados iam além dos anunciados.
A ação envolvia agentes, motoristas e até médicos que atendiam o grupo de mulheres, que deveriam permanecer por dias em uma "mansão", à disposição do "príncipe", onde eram realizadas festas particulares.
O perfil de mulheres buscado era sempre o mesmo: muito jovens, altas e magras. Em sua maioria, de baixo poder aquisitivo.
A delegada Priscila Camargo, titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri, na Grande São Paulo, teria afirmado que o inquérito tramita há mais de 15 meses e ainda há outras pessoas a serem indiciadas.
Cinco dessas jovens abriram os detalhes sobre os abusos que sofreram em reportagem da Uol, e depois deram depoimento exclusivo para o documentário "Saul Klein e o Império do Abuso", produzido por Universa e Mov.doc.
Migalhas conversou com as advogadas dessas mulheres, Priscila Pamela dos Santos e Maíra Recchia.
Assista:
Migalhas conversou também com a defesa de Saul, representada pelo advogado criminalista André Boiani e Azevedo. Ele afirma que o que havia entre o empresário e as modelos eram relações consensuais, e que as práticas eram escondidas apenas para evitar julgamentos morais.