Em relatos chocantes, 14 mulheres acusam Saul Klein de crimes sexuais
Vítimas relatam estupro, favorecimento de exploração sexual, tráfico de pessoas e outros crimes. Empresário, filho do fundador das Casas Bahia, nega as acusações.
Da Redação
quinta-feira, 31 de março de 2022
Atualizado às 10:31
Ao menos 14 mulheres relatam terem sido vítimas de abusos sexuais cometidos por Saul Klein, empresário de 68 anos, filho do fundador das Casas Bahia. Os crimes de estupro, favorecimento de exploração sexual, tráfico de pessoas e lesão corporal são alguns dos crimes citados.
Os relatos são de um esquema meticuloso, envolvendo uma agência que aliciava mulheres para trabalharem para Klein. Inicialmente, segundo os relatos, era oferecido a elas o trabalho como modelo. Depois, elas descobriam que os serviços a serem prestados iam além dos anunciados.
A ação envolvia agentes, motoristas e até médicos que atendiam o grupo de mulheres, que deveriam permanecer por dias em uma "mansão", à disposição do "príncipe", onde eram realizadas festas particulares.
O perfil de mulheres buscado era sempre o mesmo: muito jovens, altas e magras. Em sua maioria, de baixo poder aquisitivo.
O caso ainda está em fase de investigação e deve ser levado em breve ao Judiciário.
Cinco dessas jovens abriram os detalhes sobre os abusos que sofreram em reportagem da Uol, e depois deram depoimento exclusivo para o documentário "Saul Klein e o Império do Abuso", produzido por Universa e Mov.doc.
Migalhas conversou com as advogadas dessas mulheres, Priscila Pamela dos Santos e Maíra Recchia.
Assista:
Defesa de Saul Klein
Migalhas conversou também com o advogado criminalista André Boiani e Azevedo, que representa Saul Klein. Ele afirma que o que havia entre o empresário e as modelos eram relações consensuais, e que as práticas eram escondidas apenas para evitar julgamentos morais.
Assista:
Justiceiras
As vítimas procuraram ajuda por meio do Projeto Justiceiras, fundado pela promotora de Justiça Gabriela Manssur, que presta atendimento multidisciplinar online para combater violência contra mulher. As vítimas recebem apoio jurídico, médico, psicológico e socioassistencial, prestado por profissionais voluntárias.
Após os registros sobre o caso Saul Klein, as advogadas Priscila e Maíra foram acionadas. Segundo as defensoras, há conhecimento de que o empresário teria feito muitas outras vítimas, mas que, de tão fragilizadas, sequer conseguiriam anuir com o processo. "Não é mais só coragem, mas a saúde física e mental está muito debilitada para proporcionar a essas mulheres a persecução de Justiça", explica Priscila Pamela.
"Todos os casos que envolvem crimes contra as mulheres são chocantes. Por que é que esse acaba entrando numa vala que não choca tanto? As mulheres, os homens, toda a comunidade? Como esse caso, que revela tanta agressividade, tamanha desumanização de mulheres, não choca? Justamente porque envolve a prestação de serviço sexual", afirma a criminalista.
No início da investigação, as mulheres chegaram a conseguir na Justiça medidas protetivas contra o empresário, mas que não teriam sido renovadas. O processo corre em segredo de Justiça.