Em julgamento sob o rito dos recursos repetitivos, a 2ª seção do STJ vai definir se, "para a comprovação da mora nos contratos garantidos por alienação fiduciária, é suficiente, ou não, o envio de notificação extrajudicial ao endereço do devedor indicado no instrumento contratual, dispensando-se, por conseguinte, que a assinatura do aviso de recebimento seja do próprio destinatário".
Foram selecionados dois recursos como representativos da controvérsia, cadastrada como tema 1.132: os recursos especiais 1.951.888 e 1.951.662. A relatoria é do ministro Marco Buzzi.
O colegiado determinou a suspensão do processamento de todos os feitos e recursos pendentes que versem sobre idêntica questão, em todo o território nacional, nos termos do art. 1.037, II, do CPC.
Característica multitudinária da questão jurídica
Segundo o relator, um levantamento da comissão gestora de precedentes e de ações coletivas confirma a característica multitudinária da controvérsia, presente em 229 acórdãos e 5.225 decisões monocráticas de ministros da terceira e da quarta turmas do STJ.
Na avaliação de Marco Buzzi, a questão está madura na corte, onde já foi suficientemente discutida. "A afetação dessa controvérsia vem ao encontro da noção de efetividade da Justiça, em decorrência lógica dos efeitos advindos do julgamento sob a sistemática dos recursos repetitivos", disse.
O relator destacou precedentes dos colegiados de direito privado do STJ no sentido de que, "para comprovação da mora, é imprescindível que a notificação extrajudicial seja encaminhada ao endereço do devedor, ainda que seja dispensável a notificação pessoal".
O ministro determinou que fosse dada ciência da afetação dos recursos a entidades que possam ter interesse em atuar como amicus curiae, a exemplo da Febraban - Federação Brasileira de Bancos, do BCB - Banco Central do Brasil e do Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Recursos repetitivos geram economia de tempo e segurança jurídica
O CPC regula, no art. 1.036 e nos seguintes, o julgamento por amostragem, mediante a seleção de recursos especiais que tenham controvérsias idênticas. Ao afetar um processo, ou seja, encaminhá-lo para julgamento sob o rito dos repetitivos, os ministros facilitam a solução de demandas que se repetem nos tribunais brasileiros.
A possibilidade de aplicar o mesmo entendimento jurídico a diversos processos gera economia de tempo e segurança jurídica.
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Informações: STJ.