“Senhora juíza, quero pedir encarecidamente que a senhora troque meu nome (...) Sousa é o sobrenome do meu pai biológico e eu gostaria muito de usar o sobrenome do meu verdadeiro pai que é o meu padrasto. Ele sim é um pai de verdade para mim (...).”
Assim foi endereçada uma “petição” escrita à mão à juíza de Direito Kathleen Nicola Kilian, da 1ª vara de Quixeramobim/CE, por um garotinho de 8 anos que pretende ter a certidão de nascimento retificada para constar o nome do padrasto que ele considera seu verdadeiro pai, pois “foi quem esteve comigo nos momentos bons e ruins”.
O motivo do pedido ter destinatário certo foi o fato de o garoto ter visto pelo celular a magistrada distribuindo cestas básicas para as famílias carentes, situação que o menino considerou como “verdadeiro ato de amor ao próximo”.
O pleito incomum foi respondido com muito carinho pela juíza, através de uma carta na qual se apresentou e contou o quanto é apaixonada pelo seu trabalho, pelas pessoas e pela eterna busca pela Justiça e pelos direitos da comunidade.
Quanto ao pedido, a magistrada informou que agendou com a Defensoria Pública um atendimento para a família do menino e explicou que é assim que serão escutados e formalizados os pedidos a serem enviados à Justiça.
A juíza disse que, sobre a fala do garoto de conhecê-la por ser a juíza que ajuda as pessoas, “nada seremos sem enxergarmos e auxiliarmos uns aos outros.”
“Mantenha sempre seu senso de Justiça, tenha interesse pelos seus direitos e pelos direitos de todos. Estude, seja verdadeiro, sinta, tenha coragem e se comprometa com os seus sonhos. No final do dia, o que faz a diferença é o que nos emocionou e o quanto sensibilizamos as pessoas.”
A magistrada finalizou a carta com trecho da poetisa Cora Coralina que diz: “Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas”.
“Da sua nova amiga,
Kathleen Nicola Kilian.”