O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que, apesar de não gostar de CPIs, elas muitas vezes funcionam para moderar o poder dos governantes. "Pode parecer que é só show. Contém partes de show, mas além disso é um instrumento de defesa da sociedade. O governo não pode dormir porque a CPI acorda, sacode, né?”
A declaração aconteceu em entrevista à advogada Dora Cavalcanti (Cavalcanti, Sion e Salles Advogados), pré-candidata à presidência da OAB/SP, e ao advogado Augusto de Arruda Botelho, enquanto falavam sobre a atuação do governo no enfrentamento da pandemia.
“É positivo. Às vezes há exagero, precisa entender, mas não tem problema. É melhor ter exagero do que não ter CPI”, completou.
A conversa também tinha como objetivo falar sobre a importância da advocacia para o país. FHC contou que, quando jovem, antes de estudar sociologia, pensou em ser advogado. Só não foi porque reprovou na prova de latim do vestibular da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. “Não sei se eu seria bom, mas minha vocação de falar, de professor também ajuda no Direito”, brincou o ex-presidente.
O ex-presidente externou sua admiração pela profissão ao confessar que, quando senador, frequentava anonimamente as sessões do STF para aprender sobre os grandes temas nacionais.
"O Supremo era uma escola, você tinha vários lados e tal. Nós temos um Supremo que é respeitado e isso é importante.”
Prestes a completar 90 anos, FHC destacou a importância dos operadores do Direito na vigilância sem tréguas da liberdade e das regras, pilares fundamentais da sociedade civilizada, segundo ele.
"Quem são os principais cuidadores da lei? São os advogados, porque estão diretamente mexendo no dia a dia com a lei, com a regra. Esse cotidiano é muito importante e quando ele fica sufocado, você tem o reino do arbítrio."
Para o ex-presidente, quanto mais pessoas tiverem noção do Direito, mais fortalecida estará a nossa democracia.
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