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União deve reintegrar famílias excluídas do Bolsa Família na pandemia

O ministro Marco Aurélio determinou que a reintegração deve ocorrer no prazo de dez dias, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

16/4/2021

O ministro Marco Aurélio, do STF, determinou à União que reintegre as famílias excluídas do programa Bolsa Família durante a pandemia. A reintegração deve ocorrer no prazo de dez dias, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

(Imagem: Gabriel Cabral/Folhapress)

Liminar

Em março de 2020, o ministro Marco Aurélio deferiu liminar, acolhendo pedido de Estados do Nordeste, para que o governo Federal suspendesse os cortes no Bolsa Família enquanto perdurar o estado de calamidade pública. Na ocasião, o relator lembrou que o programa de transferência de renda deve fazer frente à situação de pobreza e vulnerabilidade, sem discriminação de qualquer natureza.

Redução

Por unanimidade, a medida cautelar foi referendada em agosto do ano passado. Porém, em petição apresentada nos autos da ACO, o governo da Bahia alegou que a União estaria descumprindo essa decisão. Segundo o informado, entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, houve redução de 12.706 inscritos no Bolsa Família no estado, enquanto, no mesmo período, houve aumento de contemplados nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

O governo Federal, por sua vez, argumentou que os desligamentos estão relacionados a fraudes e à suspensão temporária, em razão do pagamento de auxílio emergencial e de ações de verificação de condições. Sustentou, ainda, que o estado de calamidade pública teve a vigência encerrada em 31/12/20, conforme o decreto legislativo 6/20.

Tratamento discriminatório

Ao verificar que houve decréscimo de inscritos na Bahia e aumento em outras regiões do país, o ministro Marco Aurélio destacou que os Estados do Nordeste concentram o maior número de pessoas em situação de pobreza, o que sinaliza tratamento discriminatório, vedado pela Constituição Federal, vide artigo 19, inciso III.

Com relação ao decreto legislativo citado pela União, o relator afirmou que a norma não havia sido aprovada quando a ação ingressou no STF, o que tornaria inviável vincular sua vigência com a efetividade da medida cautelar. S. Exa. explicou que a expressão “estado de calamidade” diz respeito ao contexto da pandemia, o que revela, portanto, a não observância ao pronunciamento judicial.

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