Quem entrou no Instagram em 2 de junho deste ano, se deparou com um feed homogêneo, repleto de imagens pretas em sequência. Com o mote #BlackoutTuesday, os internautas organizaram um protesto mundial, que teve como estopim a morte de George Floyd, um negro que foi asfixiado por um policial branco nos EUA.
O incidente reacendeu a luta antirracista em diversos setores da sociedade, dentre eles, o Judiciário. Pouco tempo depois da morte de Floyd, o CNJ organizou o seminário “Questões Raciais e o Poder Judiciário”. Naquela ocasião, o Conselho divulgou um dado alarmante: a equidade racial na magistratura brasileira só será alcançada no ano de 2044.
Ao Migalhas, a autodeclarada mulher preta Adriana Cruz, juíza Federal da 5ª vara Criminal do RJ, afirma que o Judiciário ainda precisa caminhar muito para a igualdade racial. Com efeito, uma pesquisa de perfil demográfico dos magistrados brasileiros do CNJ mostrou que o número de magistrados negros e negras na Justiça é "escandaloso", segundo Adriana Cruz.
Em meio a um Judiciário predominantemente branco e masculino, indagamos à juíza qual o sentimento de ser uma magistrada negra: "É preciso coragem (...) Esse lugar é meu e esse lugar é de todas as pessoas negras que aqui queiram estar".