Na apuração dos votos das eleições de 2020, os eleitores e a imprensa ficaram ansiosos, chegando a criticar a demora do TSE para divulgar os resultados. Com efeito, houve um atraso de pouco mais de duas horas e meia na divulgação e, segundo informou o presidente da Corte Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, o inconveniente foi devido não à falha de um dos processadores do supercomputador, como havia sido divulgado a princípio, mas sim ao processamento dos dados.
“O problema foi de apreensão equivocada da tarefa pela inteligência artificial. O tempo de atraso – pouco mais de duas horas – foi o esforço de detectar esse problema, que foi resolvido. Nós conseguimos divulgar a totalização ainda no próprio dia das eleições”, explicou.
O que talvez a memória brasileira tenha se esquecido, é que o tempo estimado hoje para a apuração dos resultados é sensivelmente menor do que nos tempos em que não se utilizavam as urnas eletrônicas.
Antes das urnas eletrônicas, a apuração dos votos no Brasil poderia levar meses, como era no período da República Velha, de 1889 a 1930. Antes de 1932 ainda não existia a Justiça Eleitoral e as votações eram organizadas pelos chefes políticos de cada estado e validadas pelo Congresso.
O Código Eleitoral de 1932 já previa o uso de uma “máquina de votar” a ser regulamentada pelo TSE, mas isso apenas aconteceu 64 anos depois.
A transição para urnas de lona apenas foi possível com a informatização dos cadastros dos eleitores na Justiça Eleitoral, que se iniciou em 1985. Essa informatização possibilitou a criação de um banco estruturado de eleitores.
Em 1994, o Brasil viu, pela primeira vez, a Justiça Eleitoral processar o resultado das eleições por via eletrônica. Segundo notícia do jornal O Estado de S. Paulo, esperava-se que o TSE anunciasse o nome do presidente da República em três dias. Entretanto, o resultado foi anunciado uma semana depois. Naquele ano, o TSE realizou de forma inédita o processamento eletrônico do resultado das eleições com recursos computacionais da própria Justiça Eleitoral.
Até 1996, quando as urnas eletrônicas começaram a ser implementadas, a apuração dos votos levava dias e até semanas, sendo erros de contagem e trapaças muito comuns. Naquela época, 32 milhões de pessoas participaram das eleições municipais. Ao todo foram 70 mil urnas eletrônicas espalhadas por 57 cidades brasileiras.A primeira eleição totalmente informatizada no Brasil foi em 2000. Naquele ano, os brasileiros foram decidir o pleito municipal no dia 1 de outubro e, segundo jornais da época, algumas urnas apresentaram falhas e levaram algumas horas para que fossem consertadas.
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo da época, com a informatização, o tempo de apuração passou "de cerca de 10 dias, às vezes 15, para menos de 48 horas". No pleito de 2000, 19 horas após o encerramento da votação, 98% dos votos estavam apurados sendo considerado um dos pleitos mais rápidos do mundo.