Migalhas Quentes

Alexandre de Moraes adota rito abreviado para julgamento da lei de abuso de autoridade

Ministro também deferiu ingresso do Conselho Federal da OAB como amicus curiae.

19/3/2020

Em despacho nesta quarta-feira, 18, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, adotou rito abreviado para julgamento das ações que tratam da lei de abuso de autoridade (13.869/19).

A norma entrou em vigor no dia 3 de janeiro. Moraes assumiu a relatoria de três ações que contestam dispositivos da lei após o decano Celso de Mello se declarar suspeito.

No mesmo despacho, Moraes habilitou o Conselho Federal da OAB  como amicus curiae, defendendo a constitucionalidade da lei, especialmente dos dispositivos que tipificam como crime a violação das prerrogativas dos advogados. 

Em uma das ações, a AMB afirma que a norma criou diversos tipos penais de crime manifestamente inconstitucionais e visa fragilizar magistratura perante a advocacia e determinados seguimentos da sociedade: "Não há como negar que a independência judicial restará gravemente maculada, em razão do receio que terá o magistrado de proferir decisões em situações que outros poderão compreender como típicas de algum crime de abuso de autoridade."

Na ADIn 6.238, as associações de procuradores contestam oito artigos da norma. De acordo com os requerentes, os tipos penais criados pela lei são vagos, imprecisos, indeterminados e abertos, fato que possibilita as “mais diversas interpretações do que, ao final, constituiria crime de abuso de autoridade”.

Já na ADIn 6.239, a Ajufe contesta seis artigos da lei. Três deles haviam sido vetados pelo presidente Bolsonaro, mas foram reintegrados pelo Congresso. Entre esses dispositivos, está o artigo 9º, que prevê pena de um a  quatro anos de prisão para o juiz que decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais.

Veja abaixo o despacho.

_____________

Em 16 de março de 2020: "(...) DEFIRO Os PEDIDOs DE INGRESSO COMO AMICUS CURIAE, na presente Ação Direta de Inconstitucionalidade. Quanto à sequência do trâmite processual, diante da relevância da matéria constitucional suscitada e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, mostra-se adequada a adoção do rito do art. 12 da Lei 9.868/1999, pelo que determino: (a) solicitem-se as informações definitivas, a serem prestadas pelo Presidente da República e pelo Congresso Nacional, no prazo de 10 (dez dias); e (b) em seguida, remetam-se os autos ao Advogado-Geral da União e à Procuradora-Geral da República, sucessivamente, no prazo de 5 (cinco) dias, também para manifestação definitiva quanto ao mérito da ação. Deve-se adotar providência semelhante nas ADIs 6238 e 6239, que tramitam em conjunto com esta ADI 6236. À Secretaria, para as anotações pertinentes. Publique-se."

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Celso de Mello se declara suspeito para ações sobre lei de abuso de autoridade

18/2/2020
Migalhas Quentes

“Não há subjetivismo”, diz desembargador sobre lei de abuso de autoridade

24/1/2020
Migalhas Quentes

Lei de abuso de autoridade começa a valer hoje; confira opinião de especialistas

3/1/2020
Migalhas Quentes

Ajufe e associações do MP questionam no Supremo dispositivos da lei de abuso de autoridade

11/10/2019
Migalhas Quentes

Magistrados divergem sobre lei de abuso de autoridade

8/10/2019
Migalhas Quentes

Advogado destaca lei de abuso em petição e juiz responde: “ameaça é ataque contra Estado de Direito”

7/10/2019
Migalhas Quentes

"Decisões frouxas", diz juiz sobre soltura de investigados com base na lei de abuso de autoridade

7/10/2019
Migalhas de Peso

A nova lei de abuso de autoridade

3/10/2019
Migalhas Quentes

Juíza solta preso em flagrante por receio da lei de abuso autoridade

30/9/2019
Migalhas Quentes

AMB questiona no Supremo dispositivos da lei de abuso de autoridade

30/9/2019
Migalhas Quentes

Juiz nega penhora por receio de incorrer na lei de abuso de autoridade

26/9/2019
Migalhas Quentes

Congresso derruba vetos da lei de abuso de autoridade

25/9/2019
Migalhas Quentes

Bolsonaro sanciona com vetos a lei de abuso de autoridade

5/9/2019

Notícias Mais Lidas

Concurso para advogado público tem salário de R$ 1.412

24/7/2024

Desembargadora aposentada que ganha R$ 46 mil terá salário penhorado por dívida

25/7/2024

Justiça de SP admite penhora de bens dos sócios da 123 Milhas

24/7/2024

TJ/SP nega indenização a Deolane Bezerra por termo "bafuda" no Google

25/7/2024

Policial preso injustamente por 461 dias hoje cursa Direito na USP

24/7/2024

Artigos Mais Lidos

A evolução médica e jurídica da autodeterminação do paciente Testemunha de Jeová em escolher tratamento médico sem sangue recomendado pela OMS e disponível no SUS

25/7/2024

Juros e atualização monetária no CC brasileiro: As alterações promovidas pela lei 14.905/24 no CC

26/7/2024

Entenda por que a PEC 66/23 pode aumentar o tempo de espera pelo pagamento de precatórios

24/7/2024

Fraudes contábeis: Conceitos, causas e detecção

25/7/2024

O interrogatório do adolescente e a audiência de apresentação

24/7/2024