Migalhas Quentes

Gilmar diz que fundamentação de Gabriela Hardt é precária e suspende buscas contra empresário

Ministro deferiu de ofício liminar para suspender a medida autorizada pela juíza substituta da vara de Curitiba/PR.

27/2/2020

O ministro do STF Gilmar Mendes concedeu liminar de ofício ao empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do grupo Caoa, para suspender busca e apreensão na casa do executivo no âmbito da Lava Jato.

A medida havia sido autorizada pela juíza substituta da 13ª vara Federal de Curitiba/PR, Gabriela Hardt, no âmbito da 64ª fase da Lava Jato. Batizada Pentiti, a operação mirou supostos crimes de corrupção envolvendo exploração do pré-sal e projetos na África. A PF foi às ruas em agosto do ano passado, mirando, entre outros alvos, o empresário Carlos Andrade, do Caoa.

Extensão

Em 28 de outubro, o ministro Gilmar, em decisão favorável a Guido Mantega, reconheceu, em parte, a incompetência do juízo de Curitiba para processar e julgar a 64ª fase da Lava Jato. A partir dessa decisão, Caoa solicitou a extensão da decisão e, consequentemente, a anulação das buscas conduzidas contra seus endereços.

Argumentou, ainda, que as hipóteses investigativas que foram utilizadas como fundamento na decisão que determinou as buscas em seu desfavor são ilações frágeis e não guardam relação com a Petrobras. Subsidiariamente, pleiteou a extensão dos efeitos de decisão que concedeu HC, de ofício, ao advogado Roberto Batochio, na mesma data.

Decisão

Ao analisar o pedido, o ministro Gilmar destacou que o pedido de extensão pleiteado é incabível no caso em análise. Ele observou que a decisão-paradigma, que declarou a incompetência da vara de Curitiba, tem como parte somente o reclamante Guido Mantega, e que foi proferida em processo e índole subjetiva. “Ante a falta de similitude da decisão reclamada com a decisão-paradigma, não merece prosperar o pedido de extensão formulado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade."

Por outro lado, o ministro decidiu deferir de ofício a liminar ao vislumbrar "constrangimento ilegal manifesto". Ele destacou que o deferimento da medida de busca e apreensão é medida excepcional, que exige fundamento a demonstrar a necessidade de sua realização.

"No caso concreto, em um necessário juízo de proporcionalidade, próprio da natureza das medidas cautelares no processo penal, verifico que os indícios utilizados como fundamento para o deferimento da medida no Juízo de origem são frágeis, vagos e parecem não oferecer um substrato empírico mínimo apto a justificar a cautelar de busca e apreensão em desfavor do requerente."

Ele ainda diz que a fundamentação da magistrada é precária e não traz elementos aptos a fundamentar a realização da medida. Ao contrário, trata-se de "fraca suposição de que um secretário do requerente teria recebido valores em seu nome", há sete anos, "por razões que sequer são apontadas claramente pelo juízo de origem".

"Cuida-se, em verdade, da suposição de uma outra suposição, que é vaga, unilateral e cujas razões parecem ainda obscuras." 

Veja a decisão

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

TRF-4 permite que juíza Gabriela Hardt atue na Lava Jato de Curitiba, mas apenas antes da denúncia e depois da sentença

11/12/2019
Migalhas Quentes

PF tentou justificar operação contra André Esteves e Graça Foster em mais de 500 páginas

23/8/2019
Migalhas Quentes

Juíza da 13ª vara Federal lava as mãos e homologa Fundação Lava Jato

8/3/2019
Migalhas Quentes

Substituta de Moro na Lava Jato ignora liminar do STF

23/1/2019
Migalhas Quentes

JF da 4ª região tem nova juíza federal substituta : Gabriela Hardt

27/1/2009

Notícias Mais Lidas

"Vale-peru"? TJ/MT fixa R$ 10 mil de auxílio-alimentação em dezembro

19/12/2024

Bosch é condenada a pagar R$ 1,7 mi por fraude em perícias judiciais

19/12/2024

iFood é multada por designar representante hospitalizado em audiência

19/12/2024

PEC que limita supersalários de servidores é aprovada pelo Congresso

20/12/2024

MP/BA investiga Claudia Leitte por retirar "Iemanjá" de música

19/12/2024

Artigos Mais Lidos

Afinal, quando serão pagos os precatórios Federais em 2025?

19/12/2024

Atualização do Código Civil e as regras de correção monetária e juros para inadimplência

19/12/2024

5 perguntas e respostas sobre as férias coletivas

19/12/2024

A política de concessão de veículos a funcionários e a tributação previdenciária

19/12/2024

Julgamento do Tema repetitivo 1.101/STJ: Responsabilidade dos bancos na indicação do termo final dos juros remuneratórios

19/12/2024