Na reunião de associadas do CESA de outubro, o Presidente da IBA – Internacional Bar Association, Horacio Bernardes Neto, e o consultor jurídico Kieran Pender, da IBA Legal Policy & Research Unit, apresentaram o resultado da pesquisa realizada pela entidade sobre bullying e assédio sexual na profissão jurídica.
De acordo com o relatório internacional, uma em cada três advogadas já foram assediadas sexualmente e um a cada três homens já sofreram bullying. O relatório baseia-se em dados coletados de cerca de 7.000 profissionais do Direito, em 135 países, conduzido pela Unidade de Política e Pesquisa Jurídica da IBA (LPRU) em colaboração com a empresa de consultoria Acritas. Os entrevistados fazem parte de escritórios de advocacia, empresas, gabinetes de juízes, governo e judiciário.
O relatório mostrou que pouco mais de 50% das empresas entrevistadas estão tomando medidas suficientes para prevenir ou responder adequadamente às más condutas. Apenas um em cada cinco locais de trabalho forneceu treinamento visando o reconhecimento e denúncia de problemas nessas áreas.
No Brasil, 23% dos entrevistados dizem já ter sofrido algum tipo de assédio sexual e 51% revelou já ter sido vítima de bullying. Apesar de delicado, para o presidente do CESA, Carlos José Santos da Silva - Cajé o assunto deve ser enfrentado de frente pelos escritórios. “Os advogados devem ser os guardiães da ética. É preciso combater essas práticas.”
A presidente do SINSA, Gisela da Silva Freire informou que pela primeira vez, nas negociações coletivas tratadas pelo sindicato, foi incluída uma cláusula de intolerância a qualquer tipo de assédio ou descriminação.
O documento da IBA faz 10 recomendações para que o meio jurídico combata o bullying 'endêmico' e o assédio sexual:
1. Conscientização
2. Revisar e implementar as políticas de trabalho e parâmetros necessários.
3. Introduzir treinamentos personalizados e de forma regular.
4. Incentivar o diálogo e divulgar os guias de boas práticas.
5. Assumir a responsabilidade.
6. Coletar informações e melhorar a transparência.
7. Explorar canais de denúncia mais flexíveis.
8. Trazer para as discussões os recém iniciados na profissão.
9. Levar em consideração o contexto amplo.
10. Manter e aproveitar as sinergias existentes
*Imagens retiradas do Us Too? Bullying and Sexual Harassment in the Legal Profession.