Seis procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato formalizaram, nesta quarta-feira, 4, um pedido de desligamento coletivo da operação em protesto contra a procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.
Os procuradores Raquel Branquinho, Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Hebert Mesquita, Victor Riccely e Alessandro Oliveira enviaram um comunicado por meio de mensagens a grupos coletivos de trabalho das forças-tarefas da operação alegando "grave incompatibilidade de entendimento" com manifestação enviada pela PGR ao STF na última terça-feira, 3.
Segundo informações do jornal O Globo, na manifestação, Dodge teria pedido a homologação de acordo de delação do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, no entanto, sugerido o arquivamento preliminar de trechos envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o ex-prefeito de Marília/SP, José Ticiano Dias Toffoli, irmão do presidente do STF, José Antonio Dias Toffoli.
Por não compatibilizarem com o pedido, os procuradores solicitaram o afastamento do grupo e, no caso de Raquel Branquinho, da Secretaria da Função Penal Originária.
Confira a íntegra do comunicado:
Prezados colegas,
Devido a uma grave incompatibilidade de entendimento dos membros desta equipe com a manifestação enviada pela PGR ao STF na data de ontem (03.09.2019), decidimos solicitar o nosso desligamento do GT Lava Jato e, no caso de Raquel Branquinho, da SFPO. Enviamos o pedido de desligamento da data de hoje.
Foi um grande prazer e orgulho servir à Instituição ao longo desse período, desempenhando as atividades que desempenhamos. Obrigada pela parceria de todos vocês.
Nosso compromisso será sempre com o Ministério Público e com a sociedade.
Raquel Branquinho
Maria Clara Noleto
Luana Vargas
Hebert Mesquita
Victor Riccely
Alessandro Oliveira
__________
Na noite desta quarta-feira, 4, Raquel Dodge confirmou que recebeu o pedido e, em nota, afirmou que, em todos os seus atos, cumpre a Constituição e a lei.
Veja a nota da PGR:
Nota Pública
Ao confirmar que recebeu pedido de desligamento de integrantes de sua equipe na área criminal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reafirma que, em todos os seus atos, age invariavelmente com base em evidências, observa o sigilo legal e dá rigoroso cumprimento à Constituição e à lei. Todas as suas manifestações são submetidas à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).