O grupo do Conselho Nacional do Ministério Público no Telegram foi invadido nesta terça-feira, 11. Por volta das 23h, mensagens teriam partido do celular de Marcelo Weitzel Rabello de Souza, um dos integrantes do Conselho, despertando desconfiança dos colegas.
"Marcelo, essas mensagens são suas? Não está parecendo seu estilo. Checa teu celular aí", escreveu um integrante do grupo.
"Hacker aqui. Adiantando alguns assuntos que vocês terão de lidar na semana, nada contra vocês que estão aqui, mas ninguém melhor que eu para ter acesso a tudo né", respondeu o suposto hacker.
Em outra mensagem, o hacker afirmou ser a mesma pessoa que acessou as mensagens de integrantes da Lava Jato porque "havia irregularidades que a população, inclusive vocês, deveriam saber". Por fim, diz "Eu acesso quem eu quiser, quando eu quiser".
Após visualizarem as mensagens, integrantes do Conselho teriam ligado para Weitzel para entender a situação. Ele teria dito que não estava usando o telefone no momento do envio das mensagens e nega que tenha sido uma brincadeira com os colegas.
Três conselheiros teriam afirmado ao jornal O Globo que os aparelhos de todos os integrantes do grupo serão periciados nos próximos dias.
Nesta manhã, o colunista da Época Guilherme Amado revelou que um hacker também usou o Telegram de Weitzel para conversar com o ex-presidente da Associação Nacional dos procuradores da República José Robalinho. Nela, ele também se identificou como autor dos ataques cibernéticos a procuradores.
Vazamentos
No último domingo, dia 9, o site The Intercept Brasil divulgou o suposto conteúdo de mensagens trocadas entre Sergio Moro, quando juiz Federal, e integrantes do Ministério Público Federal, como o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
As conversas mostram Moro orientando investigações da operação por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material.
Dois dias antes da divulgação, Sergio Moro havia informado que teve o celular hackeado.
Segundo o jornal Estadão, a Polícia Federal instaurou há cerca de um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam na Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo. Há poucos dias, outro inquérito foi aberto para apurar os supostos ataques ao celular de Moro.