Golpe militar
General tailandês anuncia eleições para outubro de 2007
O líder do golpe militar que tomou o poder na Tailândia, general Sondhi Boonyaratglin, disse nesta quarta-feira que convocará eleições para outubro de 2007, um ano depois da instalação de um governo interino.
Segundo o general Sondhi, a atual junta militar ficará no poder por apenas mais duas semanas, quando será apontado um novo primeiro-ministro.
O general deu as informações em entrevista à imprensa e em conversa com embaixadores estrangeiros, na capital tailandesa, Bangcoc.
Em companhia dos comandantes da Marinha, da Aeronáutica e da polícia, Sondhi expôs pessoalmente os planos para o futuro do novo regime, depois da derrubada do primeiro ministro, Thaksin Shinawatra, que estava na reunião da ONU <_st13a_personname productid="em Nova York" w:st="on">em Nova York quando o fato ocorreu.
Uma nova constituição provisória substituirá a atual, de 1997, até que um "órgão" - cuja natureza ou composição o general não esclareceu - redija outra Carta Magna.
Especulações
Especula-se agora quem poderia ser o primeiro-ministro provisório.
A imprensa tailandesa vinha mencionando o nome do atual presidente do Banco Central tailandês, Pridayadhorn Devakula, que segundo o jornal The Nation encurtou a sua participação nas reuniões do FMI e do Banco Mundial, em Cingapura.
Ainda não está claro se o primeiro-ministro deposto Thaksin poderá participar das próximas eleições.
Sondhi disse que Thaksin poderia voltar ao país se desejasse, mas estaria sujeito a um processo judicial. A possibilidade de golpe já vinha circulando na Tailândia.
Desde o início do ano, aumentavam os protestos contra o primeiro-ministro Thaksin, acusado de recorrer a subterfúgios para não pagar impostos sobre a venda de uma empresa de sua família a uma holding de Cingapura, no valor de mais de US$ 2 bilhões (quase R$ 4,5 bilhões).
Em resposta às críticas e protestos, o governo convocou eleições antecipadas para abril passado, mas o boicote da oposição às votações resultou numa falta de quórum, o que levou a Corte Constitucional a invalidar os resultados.
"A administração atual do país criou divisões severas sem precedentes na sociedade tailandesa. As práticas de corrupção e más condutas são aparentemente crescentes dentro da burocracia", disse o general Sondhi nesta quarta-feira, no primeiro pronunciamento à nação feito pela TV.
Calmaria
Apesar do golpe, o clima é calmo no país, segundo o ministro-conselheiro da embaixada brasileira em Bangcoc e encarregado de Negócios, Matias Vilhena.
Em Bangcoc, os tanques que ocupam as ruas se concentram na região onde estão os prédios do governo.
Como foi decretado um feriado público, os edifícios estão vazios, disse o representante do Brasil.
"As pessoas misturam um pouco de curiosidade e descontração. Alguns tanques estão enfeitados com fitas amarelas, as cores da monarquia, outros com flores", relatou Vilhena.
Ruas de Bangcoc estão mais vazias, mas transpiram calma
No entanto, ele ressaltou, aglomerações estão proibidas, e brasileiros estão sendo aconselhados pela embaixada a se movimentar "com extrema cautela" no interior do país.
"Seria recomendável reconsiderar viagens não essenciais à Tailândia nos próximos dias, até que o clima de incerteza no país seja reduzido", diz uma nota divulgada no website da Embaixada.
Repercussão
Em palavras cuidadosas, países que se pronunciaram sobre o golpe de Estado na Tailândia expressaram preocupação com o futuro político do país.
Japão e Austrália foram os mais firmes em condenar a tomada de poder pelos militares.
A Austrália manifestou "profundo pesar" pelo golpe, e países europeus, incluindo França e Alemanha, expressaram preocupação e aconselharam os cidadãos tailandeses a serem cautelosos.
Os Estados Unidos recomendaram aos tailandeses que "resolvam suas diferenças políticas de maneira pacífica".
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que a organização apóia mudanças de governo por meios democráticos.
Havia 15 anos que a Tailândia não assistia a um golpe de Estado, embora vários tenham sido realizados ao longo da história do país.
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