"Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem cerveja, gelada a tarde inteira
Vem soltar a lascívia acumulada
Vai, Vai, Vai, começar a Peruada!"
Nesta sexta-feira, 19, acontece a Peruada, a passeata político-carnavalesca mais tradicional das Arcadas. O mote da festa faz uma crítica ao cenário eleitoral: "Nesta eleição tão decadente, meu peru pra presidente".
O evento é promovido pelo Centro Acadêmico XI de Agosto e a concentração será realizada às 10h, em frente à Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco; a partida acontece por volta do meio dia. O percurso é de aproximadamente quatro horas, passando por lugares históricos de SP e tem a previsão de terminar na câmara dos vereadores, por volta das 17h30.
O diretor da Faculdade de Direito da USP, Floriano de Azevedo Marques, lembra que a passeata é um momento oportuno de expressão social para os alunos das Arcadas. "A Peruada marca, anualmente, as manifestações dos alunos dessa que é a mais antiga e tradicional instituição de ensino do Direito do país. De forma mais descontraída, eles podem exteriorizar seus sentimentos com relação ao momento político pelo qual passa o país".
"Pelo bem da nação, meu peru diz ele não"
Para este ano, o Centro Acadêmico XI de Agosto organizou um manifesto que corrobora com a história de mobilização política irreverente da festa. O manifesto tem como slogan "PELO BEM DA NAÇÃO, MEU PERU DIZ ‘ELE NÃO’!" e conclama aos estudantes do Largo e a toda cidade gritaram pelas ruas de São Paulo, durante a festa, o referido mote.
Segundo o centro acadêmico, a Peruada deste ano terá "o importante papel de denunciar a insatisfação de uma juventude descontente com os atrasos apresentados pela candidatura de Bolsonaro". No evento, a entidade afirma que o candidato Jair Bolsonaro ameaça abertamente as liberdades democráticas.
"O problema da violência de gênero, classe, raça, orientação sexual, etc., se estabelece em uma sociedade propensa a adotar o discurso de ódio e a propagação de preconceitos como diretrizes para o rumo do país. Dessa maneira, o desprezo com essas parcelas da sociedade, somado a naturalização de um discurso desrespeitoso e violento, que incita a agressão, o estupro e a tortura, consolida a normalidade de ações opressoras. E não podemos tolerar que essa narrativa se estabeleça como sequer uma alternativa para o futuro do país."
Veja a íntegra do manifesto.
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MANIFESTO: PELO BEM DA NAÇÃO, MEU PERU DIZ "ELE NÃO"!
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A Peruada, tradicional manifestação político-carnavalesca promovida pelo Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, conta com a presença de um amplo público jovem de todo o estado. Surgiu em meados da década de 1930, sendo inicialmente uma festividade somente entre os estudantes da Faculdade de Direito da USP e, com o passar dos anos, alcançando um amplo público universitário.
Esse grande ato político promovido pelo movimento estudantil repercute uma importante crítica social aos desfechos da conjuntura nacional. Em meio a conotações folclóricas e satíricas imortaliza, por meio de tradições, sua maneira sarcástica de contestar. Percorre as principais ruas do centro da cidade atrás de carros alegóricos, com suas fantasias que abordam temas políticos, muitas vezes de maneira crítica ou reivindicatória.
Em sua trajetória histórica, a Peruada, por ter tamanha repercussão no cenário nacional devido ao intenso grau de mobilização política que é capaz de promover entre o público jovem universitário, chegou a ser proibida durante os anos mais duros da ditadura militar, na década de 1970. Após a redemocratização, a passeata festiva retornou com um caráter menos jocoso e ainda mais politizado.
No ano de 2018, a Peruada ocorre durante a disputa eleitoral mais polarizada dos últimos anos, com um candidato que ameaça abertamente as liberdades democráticas. De acordo com o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro, candidato do PSL, contou com 46% dos votos da população, mesmo sendo protagonista de diversos episódios em que destila seu ódio e sua violência, aproveitando-se da vulnerabilidade de pessoas oprimidas como mulheres, negros e LGBTs para expor sua mentalidade preconceituosa e retrógrada.
O problema da violência de gênero, classe, raça, orientação sexual, etc., se estabelece em uma sociedade propensa a adotar o discurso de ódio e a propagação de preconceitos como diretrizes para o rumo do país. Dessa maneira, o desprezo com essas parcelas da sociedade, somado a naturalização de um discurso desrespeitoso e violento, que incita a agressão, o estupro e a tortura, consolida a normalidade de ações opressoras. E não podemos tolerar que essa narrativa se estabeleça como sequer uma alternativa para o futuro do país.
Como se não bastasse, se posiciona contra direitos básicos conquistados pela classe trabalhadora, com uma base de governo que defende a flexibilização da CLT, a Reforma da Previdência e o fim do 13º salário, proporcionando a ideia de uma segregação social que se coloca contra o desenvolvimento nacional e contra o povo trabalhador do Brasil.
A Peruada, por sua vez, terá, como em cruciais momentos da história, o importante papel de denunciar a insatisfação de uma juventude descontente com os atrasos apresentados pela candidatura de Bolsonaro. Ciente do papel histórico que cumpre o movimento estudantil, o Centro Acadêmico XI de Agosto, enquanto instituição representativa dos estudantes de Direito do Largo de São Francisco, entende que precisamos tomar a linha de frente das disputas de nosso tempo, sabendo usar os instrumentos de mobilização que estão ao nosso alcance e lutando contra o fascismo e as discriminações.
Diante disso, propomos que os estudantes do Largo e de toda a cidade gritem em uma só voz pelas ruas de São Paulo o seguinte mote: PELO BEM DA NAÇÃO, MEU PERU DIZ “ELE NÃO”!
Centro Acadêmico XI de Agosto
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