Inspeção no Judiciário
Após investigar por 20 dias a ação de grupos de extermínio no Brasil e depois de se reunir ontem com o presidente Lula, a relatora das Nações Unidas para execuções sumárias, Asma Jahangir, anunciou ontem que recomendará à ONU que envie uma equipe para inspecionar o Poder Judiciário, que ela considera um dos responsáveis pela impunidade no Brasil. A medida foi apoiada pelo governo brasileiro.
No encontro com Lula, a relatora da ONU narrou detalhes sobre casos de violação de direitos humanos em seis grandes cidades brasileiras que visitou nas últimas semanas. Ela criticou a morosidade da Justiça na condução de processos sobre homicídios.
Ainda durante o encontro, que durou uma hora e meia, Lula e o ministro Márcio Thomaz Bastos se comprometeram com a relatora a se empenhar para a aprovação, até o fim do ano, da emenda constitucional, que tramita no Senado junto com a reforma do Judiciário, que transforma em crimes federais as violações aos direitos humanos.
Com a mudança, a PF se tornaria a responsável pela investigação desses crimes. Na prática, segundo o ministro, isso já está acontecendo.
Após a reunião, o ministro da Justiça declarou: “O Judiciário brasileiro, com todo respeito que temos a ele, não é o Judiciário dos nossos sonhos.”
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Reações
A proposta da relatora causou reação indignada dos presidentes dos principais tribunais do país.
Corrêa atacou também o governo por ter apoiado a medida. “O governo tem gostado de tudo que é contra o Judiciário. O que o presidente da República tem demonstrado é que, em face de críticas que eu fiz, não tem assimilado isso e tem transformado essa idiossincrasia pessoal numa idiossincrasia institucional, o que é um absurdo; ele fez críticas ao Judiciário e não gosta que eu faça críticas a ele.”
Em nota oficial, o presidente do STJ, Nilson Naves, também reagiu à proposta da relatora da ONU e acusou o governo federal de "valer-se de uma voz estranha ao país para atacar mais uma vez um dos seus poderes constituídos". O presidente do TST, ministro Francisco Fausto, também se mostrou visivelmente aborrecido com a intenção da representante da ONU: “Essa idéia nos coloca no mesmo plano do Iraque,” afirmou Fausto.
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