O juiz Federal Sérgio Moro, da 13ª vara de Curitiba/PR, determinou que a PF mantenha o inquérito que deu origem à Lava Jato. Embora a autoridade policial tenha afirmado que não há mais demandas nos autos a serem solucionadas pela atividade policial, o juiz entendeu que o arquivamento é inoportuno.
A operação teve sua primeira fase deflagrada em março de 2014. O procedimento de investigação tinha como alvo a atuação do doleiro Alberto Youssef. Em maio do ano passado, no entanto, a autoridade policial requereu o arquivamento, porquanto não haviam mais demandas a serem solucionadas nos autos. O despacho de arquivamento foi assinado pelo delegado Igor Romário de Paula, da PF.
Para Moro, no entanto, "em que pese não haja mais diligências investigativas a serem realizadas neste inquérito, o fato é que veicula ele inúmeras demandas de forma centralizada, não sendo oportuno, no momento, o seu arquivamento, por uma mera questão pragmática".
Origem
O inquérito policial 1.041/13 foi aberto em novembro de 2013, pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, que iniciou as investigações que desencadearam a primeira fase da Lava Jato, que prendeu o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
O inquérito nasceu de uma descoberta feita por Anselmo nas escutas telefônicas que tinham sido autorizadas pelo juiz federal Sérgio Moro, nos telefones da lavanderia de dinheiro do doleiro Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre. "No curso da interceptação, surgiram, porém, indícios de práticas de crimes por terceiros", escreveu Moro, ao autorizar as investigações desmembradas de um inquérito aberto ainda em 2009. Os crimes de terceiros levaram ao escândalo Petrobras.
Arquivamento
O pedido de encerramento do inquérito-mãe da Lava Jato pela PF aconteceu dois meses antes de policiais e procuradores da força-tarefa do MPF anunciarem a dissolução da equipe que iniciou as investigações, em Curitiba. Em julho do ano passado, a PF comunicou oficialmente que o grupo de trabalho da Lava Jato passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor). Na prática, os quatro delegados que restaram na equipe – que já teve 9 – deixaram de trabalhar exclusivamente no caso Petrobras.
Veja a íntegra do despacho: