PCC
Advogados acusados de atuar como colaboradores do PCC foram presos ontem em São Paulo
Ação coordenada por promotores do Gaeco - Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado foi responsável pela prisão dos advogados. Veja abaixo as íntegras das matérias publicadas em alguns jornais de hoje relatando o caso.
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Folha de S.Paulo
Presos 3 advogados acusados de ajudar PCC
Três advogados acusados de atuar como colaboradores do PCC foram presos ontem em São Paulo, numa ação coordenada por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Eles são acusados de intermediar rebeliões, fornecer celulares e movimentar dinheiro para a facção criminosa.
A detenção de Libânia Catarina Fernandes Costa, 26, Valéria Dammous, 41, e Eduardo Diamante, 33, é temporária e vale por cinco dias. A polícia não permitiu o acesso a eles e, até o início da noite, nenhum advogado havia se apresentado para defendê-los.
Costa foi presa na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (<_st13a_metricconverter w:st="on" productid="620 km">620 km de SP), quando se despedia de Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, principal aliado de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC. Ela também havia agendado visita com outros membros do primeiro escalão do PCC.
Dammous e Diamante foram detidos em Presidente Prudente, em casa e no escritório, respectivamente. Na casa de Dammous, os policiais apreenderam <_st13a_metricconverter w:st="on" productid="200 gramas">200 gramas de maconha e dois computadores. Ela negou a posse da droga, segundo a polícia. No escritório de Diamante, foram apreendidos documentos, radiocomunicadores, um computador e R$ 20 mil.
Dammous fazia parte da lista de 33 advogados que, segundo a CPI do Tráfico de Armas, tinham ligação com o PCC. A relação foi encaminhada à OAB.
Em Mauá, o advogado Nelson Roberto Vinha, 57, foi preso no Centro de Detenção Provisória sob suspeita de ter entregado seis celulares a três detentos anteontem. Segundo a polícia, todos foram autuados por formação de quadrilha, facilitação de fuga e estelionato (um dos celulares era clonado). Vinha nega as acusações.
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O Estado de S.Paulo
Presos três advogados do PCC
Os advogados Eduardo Diamante, Libânia Catarina Fernandes Costa e Valéria Dommous foram presos ontem em Presidente Prudente e Presidente Venceslau, no oeste de São Paulo, sob a suspeita de participação no Primeiro Comando da Capital (PCC). Eles são acusados de levar celulares para presos e de retransmitir ordens da cúpula da facção, isolada em dois presídios da região. Entre essas ordens está a que detonou a série de rebeliões nos presídios entre os dias 16 e 17.
Segundo o Ministério Público, a ordem era destruir os presídios. Isso só não ocorreu por causa da ação da Tropa de Choque, que invadiu as penitenciárias e libertou os reféns. Assinado por seis promotores, o pedido de prisão temporária por cinco dias dos advogados foi deferido pela Justiça.
A acusação contra eles é formação de quadrilha. Entre os clientes dos advogados estão os os principais líderes do PCC: Júlio Cesar Guedes, o Julinho Carambola, Edílson Borges Nogueira, o Biroska, Orlando Mota Júnior, o Macarrão, e Marcos Camacho, o Marcola. Diamante, por exemplo, estaria trabalhando para Marcola. Segundo a polícia, partiu de Biroska a ordem para matar carcereiros de São Bernardo do Campo que resultou na morte pela polícia de 13 integrantes da facção, na segunda-feira.
A prisão dos advogados faz parte de ação da força-tarefa formada por Ministério Público, Polícia Civil e Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para investigar advogados que auxiliam o PCC. No dia <_st13a_metricconverter w:st="on" productid="22, a">22, a polícia interceptou mensagem em que a facção determina a contratação de gravatas (advogados) para que eles sirvam de pombo-correio para facção.
Um promotor da região de Prudente disse que não se descarta a possibilidade de novas prisões. "A prisão desses advogados vai ser um baque para o PCC." Os três presos fazem parte de uma lista de 16 advogados que estão sendo investigados.
Valéria foi presa às 6h30 em casa, onde funciona seu escritório, em Prudente. Ela é acusada de intermediar rebeliões.
Libânia, que é de Santos, foi contratada pela facção para servir de pombo-correio, levando ordens para detonar rebeliões, e organizar a contabilidade de líderes. Ele foi presa quando atendia clientes na Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau. Diamante, preso em seu escritório, em Prudente, é acusado de levar telefones a presos. A Procuradoria Geral de Justiça informou que constatou que os advogados "se tornaram agentes do crime organizado".
Em Franca, a advogada Adriana Telini Pedro foi indiciada por associação ao tráfico. Ela é suspeita de ligação com o PCC. Anteontem, o advogado Nelson Roberto Vinha foi preso por levar seis celulares para presos em Mauá.
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O Globo
Quatro advogados são presos em menos de 12 horas
Quatro advogados foram presos em menos de 12 horas em São Paulo. Eles são acusados de apoiar a ação de grupos criminosos. Segundo o Ministério Público, os advogados levavam celulares para dentro dos presídios e repassavam informações de detentos para comparsas fora da cadeia.
Três advogados foram presos em Presidente Prudente, interior de São Paulo. Os três vinham sendo investigados pelo Ministério Público. Em Mauá, região do ABC paulista, outro advogado foi preso levando celulares para detentos. Os profissionais detidos no interior foram identificados como Valéria Dammous, Eduardo Diamante e Libânia Costa. Foram apreendidos documentos, computadores e dinheiro. Na casa de Valéria, os policiais encontraram <_st13a_metricconverter w:st="on" productid="200 gramas">200 gramas de maconha. No escritório de Diamante, a polícia encontrou R$ 20 mil em dinheiro.
A advogada Libânia Catarina Costa recebeu a voz de prisão no momento que conversa com um detento na penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
- Com a efetivação da prisão dos advogados, agora tende a crescer os detalhes da investigação, que é muito complexa, que envolve o crime organizado - afirma o delegado Marcos Mourão.
Os três advogados prestaram depoimento em Presidente Prudente. Segundo a polícia, um deles confirmou o envolvimento com a facção criminosa e explicou como os celulares chegavam até os presos. Os advogados estavam sendo monitorados através de escutas telefônicas autorizadas pela justiça.
Depois dos ataques de maio, o serviço de inteligência intensificou o monitoramento para investigar a ação de criminosos e descobriu que alguns advogados falam com os clientes através dos telefones que entram ilegalmente nos presídios. Em uma gravação, a advogada passa para o detento a situação das rebeliões.
Preso: Ô doutora e tá, tá "firmona"?
Advogada: Tô, tô "firmona". Virou (rebelião) Mato Grosso também, viu?
Preso: É.
Advogada: Agora tá virando Febem da Vila Maria. Tá dando agora.
Preso: O menino passou o salve (ordem) que ia levantar (rebelar) lá também e de Tatuapé também. Os caras vão levantar. O bagulho tá sério ali, doutora.
Advogada: É. Tô vendo, tô vendo
Em outro trecho, um preso pede informações de um integrante da quadrilha.
Preso: Doutora, e o Bugalu. Bugalu tá onde?
Advogada: Ele tá ali na P2. Na P1 de...
Preso: Mirandópolis!
Advogada: Não. Tá lá em Bernardes.
Em Mauá, sem saber, presos tiveram a cela revistada antes de receber o advogado. Depois da visita os agentes encontraram vários aparelhos com eles. O advogado Nelson Roberto acabou preso.
O presidente da OAB Luiz Flávio D'urso afirmou que as acusações contra os advogados serão acompanhadas pelo conselho de ética da entidade.
Em nota, o Ministério Público de São Paulo afirma que a prisão dos advogados foi necessária para que as investigações feitas pelos Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado das Cidades de São Paulo e Presidente Prudente (Gaerco) não fossem atrapalhadas. O MP tem evidências concretas de que eles abandonaram a atividade profissional e passaram a servir como elo entre os líderes da facção, na distribuição de ordens dentro e fora dos presídios.
Depois do anúncio das prisões, a Associação de Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp) informou à imprensa que recebeu neste ano oito denúncias de advogados contra presos. De acordo com o presidente do Conselho da Acrimesp, Ademar Gomes, os oito descreveram um "golpe" aplicado pelos presos. Todos eram advogados recém-formados, que eram procurados para defender detentos.
- Como eram inexperientes, a quadrilha aproveitava para mandar por eles cartas e cigarros, além de drogas e celulares, que eram escondidos em aparelhos eletroeletrônicos. Eles não sabiam o que estavam levando. Foram ingênuos - afirma Gomes, no que parece ser uma provável linha de defesa para todos os suspeitos.
De acordo com Gomes, os que descobriram que eram usados pelo crime organizado e tentaram deixar o esquema foram ameaçados.
- Os bandidos ameaçaram a família deles. Por isso, criamos um serviço dentro da Acrimesp para ajudar esses colegas. Eles terão apoio para se livrar do esquema e denunciar os envolvidos - diz Gomes.
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