Para a advogada Rosana Chiavassa (Chiavassa Advogadas Associadas), especializada em Direito à saúde, essa situação deve "empurrar" muitos brasileiros para o SUS. "Infelizmente, o SUS atravessa um período bastante difícil, com escassez de recursos financeiros, técnicos e humanos. É difícil prever como ficará o atendimento com este acréscimo de pacientes", observa.
Segundo a especialista, se manter em plano de saúde está se tornando cada vez mais difícil, mesmo para quem queira migrar para uma operadora mais barata. De acordo com dados da ANS, em 2015 os planos de saúde perderam 164 mil clientes.
A advogada explica que "os planos individuais de saúde quase que 'desapareceram' do mercado por conta do controle exercido pela ANS, que regula os índices de elevação de preços deste segmento do mercado".
"As três instâncias de governo devem se deter nesta questão para encontrar uma solução, pois se a crise econômica persistir, o quadro pode se agravar ainda mais."
Consulta
Outro problema enfrentado pelos consumidores do plano de saúde, conforme relatório Demografia Médica, elaborado pela Faculdade de Medicina da USP, é que a prioridade dos médicos em seus consultórios é o atendimento de pacientes particulares. Com isso, os clientes de planos de saúde sofrem para agendar uma consulta médica, sobretudo com os especialistas.
"O valor pago pelas operadoras pode até ser baixo, não discuto esta questão, mas o que alguns médicos estão cobrando por consulta é um abuso", afirma Rosana Chiavassa.
Para a advogada, os médicos se aproveitam do receio que o paciente tem de questionar o valor e, consequentemente, de negociá-lo. Não é por outra razão, revela, que já há consumidores recorrendo à Justiça pela atualização do valor do reembolso pago pelos planos de saúde como forma de reduzir o seu prejuízo.
"As operadoras costumam 'congelar' estas tabelas. Como se vê, o consumidor sofre nas duas pontas do sistema."
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