O Moinho Santista, atual Prêmio Fundação Bunge, é concedido anualmente a personalidades de destaque em diversos ramos das ciências, letras e artes. Os candidatos são indicados por instituições ligadas à área de premiação.
Pelo regulamento do concurso, os nomes dos candidatos não aprovados deveriam ser mantidos em sigilo. Porém, em agosto de 2001, o carioca Jornal do Brasil divulgou matéria na qual informava que o professor Wanderley Guilherme "desbancou" Lamounier. O sociólogo mineiro entendeu que teve sua privacidade invadida com a divulgação da notícia e responsabilizou a fundação pela quebra do sigilo.
A Fundação Bunge, por sua vez, sustentou que respeitou o sigilo e que não foi responsável pela publicação.
Em fevereiro de 2004, a juíza de Direito Jane Franco Martins Bertollini Serra, da 5ª vara Cível de São Paulo, julgou procedente o pedido do cientista político, fixando a indenização por danos morais em R$ 100 mil. Para a magistrada, "a violação ao sigilo, exigido pelo próprio regulamento da ré, causou prejuízos, sim, para o autor, que teve seu nome e bem assim a sua capacitação técnica questionada".
A Bunge recorreu e, em junho de 2010, a 1ª câmara de Direito Privado do TJ/SP deu parcial provimento à apelação para reduzir o valor da indenização para R$ 50 mil.
Ainda assim, a fundação interpôs recurso especial levando o caso ao STJ. Na Corte Superior foram analisados, além do REsp, agravos regimentais e embargos de declaração, todos indeferidos ou não conhecidos. Com isso, a Bunge não conseguiu reverter a decisão do Tribunal paulista.
O advogado Lionel Zaclis (Barretto Ferreira e Brancher - Sociedade de Advogados) representou Bolívar Lamounier no caso.
O número do processo não é divulgado em razão de sigilo judicial.
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