“O equilíbrio fiscal é a chave para a confiança e para o desenvolvimento do crédito.”
O novo ministro destacou no discurso a reforma tributária. Na busca pela transparência e solidez das contas públicas, a estabilidade regulatória, o incentivo à concorrência e o diálogo com os agentes econômicos, Levy declarou que poderão ocorrer ajustes em alguns tributos.
“Possíveis ajustes em alguns tributos serão também considerados, especialmente aqueles que tendam a aumentar a poupança doméstica e reduzir desbalanceamentos setoriais da carga tributária.”
E ainda acrescentou: “Qualquer iniciativa tributária terá que ser coerente com a trajetória do gasto público.”
Tributo em foco
Durante o evento no auditório do BC ontem, Joaquim Levy falou em “harmonizar o ICMS”, por meio de alíquotas interestaduais que desestimulem a guerra fiscal.
“Muito já se avançou nesses entendimentos, e o eventual sucesso de um acordo em que o Senado estabeleça trajetórias declinantes para as alíquotas ditas ‘na origem’, e os Secretários de Fazenda eliminem o risco jurídico de benefícios já concedidos, favorecerá, em muito, a retomada do investimento em todo o país.”
Para Levy, é preciso guiar as ações para diminuição dos custos e aumento das exportações. Outro comentário do novo ministro foi sobre a carga tributária, que em sua opinião só será estabilizada “à medida que gasto público tiver em trajetória que dê conforto e facilitem o crescimento”.
“A agenda tributária dos próximos semestres deve ainda considerar medidas de simplificação de tributos e obrigações acessórias, algumas demandadas há bastante tempo.”
Quanto à expansão do mercado de capitais e o financiamento da infraestrutura, Levy crê ser essencial a harmonização da tributação dos instrumentos e veículos de investimento. De acordo com ele, o tratamento diferenciado às pequenas e médias empresas continuará.
CARF em alta
Levy assegurou no discurso de posse que será dada “renovada ênfase” ao CARF para fortalecê-lo.
“Assim serão garantidos os supracitados princípios da impessoalidade e o aumento da eficiência de processos, este instaurado desde a frutuosa presidência do estimado Secretário Barreto, da Receita Federal do Brasil. A minha experiência indica que o equilibrado encaminhamento do contencioso tributário é um poderoso instrumento para a conformidade e estímulo à eficiência das boas empresas.”
Caminho sem atalhos
Lembrando que a LC 101 prevê criteriosa análise e medidas compensatórias para qualquer benefício fiscal ou redução de impostos, o comandante da Fazenda afirmou:
“Não podemos procurar atalhos e benefícios que impliquem em redução acentuada da tributação para alguns segmentos, por mais atraente que elas possam ser, sem considerar seus efeitos na solvência do Estado, face à expansão persistente dos gastos obrigatórios ou não. Porque essa seria a fórmula para o baixo crescimento endêmico.”
Ao fim, Joaquim Levy assegurou a promoção de grande mudança na economia tupiniquim.
“A combinação do fortalecimento fiscal com medidas na área da oferta, que aumentem a poupança, diminuam o risco dos investimentos, inclusive em infraestrutura, e deem confiança e independência à iniciativa privada, permitirá que essa transformação se dê com o menor sacrifício possível e máximo resultado.”
Veja a íntegra do discurso de Joaquim Levy.
Perfil
Joaquim Levy é PhD em economia pela Universidade de Chicago e mestre em economia pela Fundação Getúlio Vargas. Ele é graduado em Engenharia Naval pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1992 a 1999, fez parte da equipe do FMI e, de 1999 a 2000, trabalhou como economista visitante no BC Europeu.
Em 2000, foi nomeado secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e, em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em 2003, tornou-se secretário Tesouro Nacional, onde ficou até 2006, quando assumiu a vice-presidência de finanças e administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Entre 2007 e 2010, Levy foi o secretário de Estado da Fazenda do RJ. De 2010 até o final de 2014, ocupou o cargo de estrategista-chefe e diretor responsável pela gestora de ativos do Banco Bradesco. No dia 1º de janeiro de 2015, foi nomeado ministro da Fazenda pela presidenta Dilma.