Migalhas Quentes

Homenagem a Manoel Bastos Tigre

Poeta que tinha horror a tristeza, usou seu bom humor para consagrar a literatura publicitária no Brasil.

21/10/2013


Essencialmente um poeta, Manoel Bastos Tigre foi bibliotecário, engenheiro, jornalista, compositor e publicitário. Um homem que não somente fazia humorismo, tinha horror à tristeza.

"Ideias tristes da vida,
Eu as esqueço e abandono;
De dia, por muita lida,
De noite, por muito sono ..."

A poesia foi seu divertimento e seu ganha-pão. Iniciou sua carreira literária quando era estudante de Engenharia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Sua produção poética foi copiosa e de variado estilo – satírico, humorístico, filosófico, lírico e religioso.

 

Aos vinte anos ingressou no Correio da Manhã, onde escreveu ininterruptamente até sua morte, em 1957. Sua seção diária no jornal, Pingos e Respingos, foi a de mais longa duração que se tem notícia - cinquenta e três anos dedicados ao comentário dos fatos mais notáveis da vida carioca. Graças ao seu bom humor, adquiriu rapidamente grande popularidade. Lima Barreto dizia que Bastos Tigre usava da literatura para impressionar e conquistar as mulheres.

 

Em 1915, exerceu o cargo de Secretário do Ministro da Agricultura, e no mesmo ano iniciou sua carreira de bibliotecário, ficando em primeiro lugar no concurso para o Museu Nacional, posição que alcançou com estudo sobre o Sistema de Classificação Decimal, técnica que conheceu enquanto morava nos EUA.

De 23 a 29/10 comemora-se a semana nacional do Livro e da Biblioteca. Instituída pelo decreto 84.631/80, a semana é encerrada pelo "Dia Nacional do Livro". O mesmo decreto instituiu ainda o Dia do Bibliotecário, a ser comemorado em todo Brasil a 12 de março, data de nascimento de Manoel Bastos Tigre.

Durante sua longa carreira, Bastos Tigre usou pseudônimos diversos, sendo o mais conhecido ‘D. Xiquote’. Escreveu para quase todos os jornais cariocas crônicas que se caracterizavam pela leveza do estilo e fino sabor humorístico com que tratava todos os assuntos, mesmo os mais sérios. No teatro, escreveu para vários gêneros – comédia, opereta, revista musical. No rádio, foi um dos iniciadores da radionovela, sendo de sua autoria os primeiros sketches que foram para o ar através das emissoras cariocas.

 

Publicidade e música

 

Escrevia com a mesma inspiração sobre o amor e sobre um produto. Fez da poesia, a propaganda. Foi ele quem iniciou no Brasil a literatura publicitária. Emplacou o slogan “Se é Bayer é bom” e disseminou seus versos pelos bondes do Rio de Janeiro para o Rhum Creosotado1:

"Veja, ilustre passageiro,
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem a seu lado
No entanto, acredite.
Quase morreu de bronquite:
Salvou-o o Rhum Creosotado."

Ao lado de Ary Barroso compôs o primeiro jingle das rádios : a marchinha “Chopp em Garrafa”.

 

Gravada por Orlando Silva, a música se tornou hit de carnaval. O tema ajudou a Brahma a alcançar a produção de 30 milhões de litros de cerveja, um recorde à época.

 

Escute a melodia e acompanhe a letra.

“O Brahma Chopp em garrafa
Querido em todo o Brasil
Corre longe, a banca abafa
É igualzinho ao do Barril.

Quando o tempo está abafado,
O que o tempo desabafa
É o Brahma Chopp gelado,
De barril ou de garrafa.

Chopp em garrafa
Tem justa fama
É o mesmo Chopp
Chopp da Brahma.

Desde maio até janeiro
E de fevereiro a abril,
Chopp da Brahma é o primeiro
De garrafa ou de barril.

Quem o contrário proclama,
diz uma coisa imbecil,
inveja do chopp da Brahma
de garrafa ou de barril.

Chopp em garrafa
Tem justa fama
É o mesmo Chopp
Chopp da Brahma.”

O poeta foi ainda autor de letras de música e vários hinos premiados em concursos e oficialmente adotados.

 

Um dos seus primeiros sucessos foi no carnaval de 1906, com a música "Vem cá mulata" em parceria com Arquimedes de Oliveira.

 

E no ano de sua morte escreveu a Canção de Brasília, cantada na inauguração do Catetinho, com música de Dilermando Reis.

 

Lançamento

 

Lembremo-nos dele agora no livrinho Migalhas de Bastos Tigre, que a Editora Migalhas reúne e organiza em mais de trezentas frases. São aforismos extraídos dos livros, novelas e poemas. O lançamento acontece no dia 11/11, na tradicional Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro, das 17h às 20h.

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1 Existem controvérsias em relação a autoria destes versos, alguns atribuem a Olavo Bilac, porém o mais aceitável é que Bastos Tigre tenha sido realmente o seu autor.

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