"A experiência dos pesquisadores alemães permite sonhar com um tomateiro do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate", escreveu o jornalista responsável pela "barriga jornalística".
Quase um ano depois do erro, em 11/4/84, a Veja divulgou uma errata com os dizeres: "na sua edição de 27 de abril de 1983, Veja publicou uma notícia na qual revelava que cientistas europeus haviam conseguido cruzar células de boi com outras, de tomate, criando uma substância que denominou de 'boimate'. A revista que tirara as informações da publicação inglesa New Scientist, caiu numa brincadeira de 1º de abril, época na qual a imprensa da Grã-Bretanha, por tradição, sempre inclui entre seus artigos uma ingênua mentira".
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Matéria original da New Scientist:
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Reportagem publicada pela Veja:
Fruto da carne
Engenharia genética funde animal e vegetal
"Esses tomates híbridos têm um futuro promissor na alimentação de pessoas e animais", diz MacDonald. "Basta produzi-los comercialmente a custos baixos." Isso ainda é possível. A experiência dos pesquisadores alemães, porém, permite sonhar com um tomateiro do qual já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate. E abre uma nova fronteira científica. "Os biólogos alemães conseguiram alterar o curso da lei natural, que impede a reprodução de indivíduos de espécies diferentes", diz Ricardo Brentane, engenheiro genético da Universidade de São Paulo. "Essa subversão é estimulante para todo pesquisador."
Para chegar ao seu tomate especial, os dois cientistas valeram-se de uma nova técnica de fusão de núcleos de células que utiliza cloques elétricos e calor. Algumas células de tecidos de um tomateiro e de um boi foram imersas em um líquido gorduroso onde, através de um eletrodo, receberam choques elétricos intermitentes que duram apenas 1 bilionésimo de segundo cada um. Esses choques rasgam as membranas externas e dos núcleos celulares – sem, contudo, matar a célula – permitindo que eles se fundam mais tarde, depois de colocados num forno a 40º centígrados. Em seguida, as estruturas celulares resultantes da fusão, os hibridomas, são submergidas em um caldo nutritivo. Finalmente, os hibridomas brotam e se transformam em mudas de tomateiro modificadas e prontas para gerar um fruto que jamais existiu antes.
Arte feita para ilustrar a produção do "boimate":
Retratação da Veja: