Juiz que matou vigia é condenado a 15 anos de prisão no CE
O crime aconteceu num supermercado em Sobral, Fortaleza, e foi registrado pelo circuito interno de televisão. Pecy também perdeu o cargo de juiz e foi condenado a pagar pensão de R$ 1.500 mensais ao filho do vigia, Breno, de 6 anos, até que ele conclua o ensino superior.
Ontem mesmo o juiz voltou para o quartel do Corpo de Bombeiros, onde está preso desde fevereiro. O relator do processo, desembargador Ernâni Porto, chegou a pedir a condenação de Pecy a 19 anos de cadeia em regime fechado, além da perda do mandato. Vinte dos 22 desembargadores do TJ votaram pela condenação, mas divergiram do tamanho da pena, que acabou sendo fixado em 15 anos.
Um dos desembargadores se absteve de votar por ser presidente da Associação dos Magistrados do Ceará e o presidente do Tribunal de Justiça não votou. Pecy foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por homicídio duplamente qualificado. O crime aconteceu quando o vigia tentou impedir o juiz de entrar no supermercado após o encerramento do expediente. Pecy alegou que era juiz e ameaçou prendê-lo. Depois, empurrou o vigia para dentro da loja e o executou. Segundo a procuradoria, Pecy agiu de forma arrogante e não deu direito de defesa à vítima.
A defesa inicialmente alegou que houve cerceamento de defesa e pediu a suspensão do julgamento alegando três motivos. O primeiro deles é que teria sido negado ao juiz o direito de ser submetido a exame de sanidade mental. Mas o pedido de suspensão do júri foi rejeitado pelos desembargadores por 21 votos a um.
Além disso, a defesa alegou que o tiro foi acidental, apesar das imagens gravadas da execução. O exame pericial da arma do crime, feito pelo Instituto de Criminalística do Ceará, foi questionado. O equipamento apropriado para medir a força necessária para acionar o gatilho, o dinamômetro, não existe no Ceará. Mesmo assim, a defesa usou o laudo do IC para alegar que a arma dispara com pequeno impacto.
Uma caravana com 170 pessoas foi assistir ao julgamento. O auditório de 224 lugares ficou lotado. Paulo Quezado, um dos advogados de Pedro Pecy, disse que entrará com um recurso especial e extraordinário junto ao STJ.
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