Migalhas Quentes

Aprovada ficha limpa para cargos comissionados no Judiciário

Resolução do CNJ será aplicada às Justiças eleitoral, estadual, militar e Tribunais de conta.

1/8/2012

O plenário do CNJ aprovou nesta terça-feira, 31, a resolução que estende a lei da ficha limpa aos ocupantes de cargos em comissão ou funções de confiança no Judiciário.

A norma proíbe a contratação e determina a exoneração (em, no máximo, 180 dias a partir da data de publicação da resolução) de funcionários titulares desses postos que tenham sido condenados em decisão com trânsito em julgado ou proferida por colegiado em casos de atos de improbidade administrativa, delitos contra a administração pública, crimes hediondos, eleitorais, de lavagem de dinheiro, entre outros.

A proibição de portadores de "ficha suja" também se aplicará às empresas que prestam serviço para os Tribunais. Os presidentes das Cortes terão 120 dias para que as chamadas empresas "terceirizadas" se adequem aos requisitos da resolução.

Confira o voto do conselheiro Bruno Dantas, relator da proposta.

Veja a íntegra da resolução.

_____________

RESOLUÇÃO Nº ____, DE _____ DE JULHO DE 2012

Proíbe a designação para função de confiança ou a nomeação para cargo em comissão de pessoa que tenha praticado os atos que especifica, tipificados como causa de inelegibilidade prevista na legislação eleitoral, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ), no uso de suas atribuições legais, e considerando que o art. 103-B, § 4º, da Constituição Federal, atribui competência ao CNJ para o controle da atuação administrativa do Poder Judiciário;

CONSIDERANDO que os princípios constitucionais da moralidade, da legalidade e da probidade devem orientar todos os atos administrativos, em especial aqueles que emanam do Poder Judiciário;

CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça, nos autos do procedimento nº 0000898-23.2012.2.00.0000, na sua 151ª Sessão, realizada em 31 de julho de 2012;

RESOLVE:

Art. 1º É proibida a designação para função de confiança ou a nomeação para cargo em comissão, incluídos os de natureza especial, de pessoa que tenha sido condenada em decisão com trânsito em julgado ou proferida por órgão jurisdicional colegiado, nos seguintes casos:

I - atos de improbidade administrativa;

II - crimes:

a) contra a administração pública;

b) contra a incolumidade pública;

c) contra a fé pública;

d) hediondos;

e) praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;

f) de redução de pessoa à condição análoga à de escravo;

g) eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;

h) de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.

Art. 2º Na mesma proibição do art. 1º incidem aqueles que tenham:

I - praticado atos causadores da perda do cargo ou emprego público;

II - sido excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória judicial ou administrativa do órgão profissional competente;

III - tido suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, por decisão irrecorrível do órgão competente.

Art. 3º Não se aplicam as vedações do art. 1º quando o crime tenha sido culposo ou considerado de menor potencial ofensivo.

Parágrafo único. Deixam de incidir as vedações dos arts. 1º e 2º depois de decorridos cinco anos da:

I - extinção da punibilidade do crime respectivo, salvo em caso de absolvição pela instância superior, que retroagirá para todos os efeitos;

II - decisão que tenha ocasionado a exclusão do exercício profissional, a perda do cargo ou emprego público;

III - rejeição das contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas; ou

IV - cessação dos efeitos da suspensão dos direitos políticos.

Art. 4º É vedada a manutenção, aditamento ou prorrogação de contrato de prestação de serviços com empresa que tenha entre seus empregados colocados à disposição dos Tribunais para o exercício de funções de chefia, pessoas que incidam na vedação dos arts. 1º e 2º, devendo tal condição constar expressamente dos editais de licitação.

Parágrafo único. No prazo de cento e vinte dias os Presidentes dos Tribunais que tenham empresas prestadoras de serviços contratadas deverão adotar os procedimentos necessários à plena observância desta Resolução.

Art. 5º O nomeado ou designado, antes da posse, declarará por escrito, sob as penas da lei, não incidir em qualquer das hipóteses de vedação previstas em lei ou nesta Resolução.

§ 1º Os Tribunais verificarão a veracidade da declaração, mediante a exigência e análise, no mínimo, das seguintes certidões ou declarações negativas:

I - das Justiças:

a) Federal;

b) Eleitoral;

c) Estadual ou Distrital;

d) do Trabalho;

e) Militar;

II - dos Tribunais de Contas da União, do Estado e, quando for o caso, do Município;

III - do Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa do Conselho Nacional de Justiça;

IV - do conselho ou órgão profissional competente, constando a informação de que não foi excluído do exercício da profissão;

V - dos entes públicos em que tenha trabalhado nos últimos dez anos, constando a informação de que não foi demitido ou exonerado a bem do serviço público.

§ 2º As certidões ou declarações negativas de que tratam os incisos I e II do §1º deste artigo devem ser emitidas pelos órgãos com jurisdição sobre o domicílio do nomeado ou designado.

Art. 6º No prazo máximo de noventa dias, os Tribunais realizarão recadastramento, exigindo dos atuais ocupantes dos cargos em comissão ou função de confiança os documentos indicados no art. 5º.

Parágrafo único. Os Presidentes dos Tribunais, no prazo máximo de cento e oitenta dias, promoverão a exoneração dos atuais ocupantes de cargos em comissão e a dispensa dos ocupantes de funções de confiança que se encontrem nas situações previstas nos arts. 1º e 2º ou que deixem de cumprir com as disposições previstas no art. 5º, comunicando tudo ao Conselho Nacional de Justiça.

Art. 7º A aplicação das disposições desta Resolução far-se-á por decisão motivada, assegurada a ampla defesa.

Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Ministro Ayres Britto

Presidente

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

CCJ da Câmara aprova "ficha limpa" para ministros

13/6/2012
Migalhas Quentes

TJ/PI aprova "resolução da ficha limpa"

11/4/2012
Migalhas Quentes

Votação da ficha limpa no Judiciário é adiada

26/3/2012
Migalhas Quentes

Ficha limpa para o Judiciário na pauta do CNJ

24/3/2012
Migalhas Quentes

CNJ recebe proposta que estende ficha limpa para os tribunais

10/3/2012
Migalhas Quentes

Ficha limpa é constitucional

17/2/2012
Migalhas Quentes

Ficha Limpa: 4 x 1 a favor da lei

16/2/2012
Migalhas Quentes

Validade da lei ficha limpa na pauta do STF

11/2/2012
Migalhas Quentes

Novo pedido de vista suspende julgamento da lei da ficha limpa

2/12/2011
Migalhas Quentes

Veja a íntegra do voto do ministro Luiz Fux sobre a lei ficha limpa

12/11/2011
Migalhas Quentes

Pedido de vista adia julgamento da lei ficha limpa

10/11/2011
Migalhas Quentes

STF – OAB pede que lei da ficha limpa seja declarada constitucional

4/5/2011
Migalhas Quentes

STF - Duas ações sobre lei da ficha limpa serão julgadas diretamente no mérito

30/4/2011
Migalhas Quentes

OAB decide ir ao Supremo para definir validade em 2012 da lei da ficha limpa

11/4/2011
Migalhas Quentes

Conselheiro Federal da OAB celebra decisão do STF quanto à lei da ficha limpa

25/3/2011

Notícias Mais Lidas

Sancionada lei que altera Código Civil e padroniza atualização monetária e juros

1/7/2024

Após avaliar esforço do advogado, TJ/GO fixa honorários de R$ 50 mil em causa milionária

2/7/2024

Magistrado que negou prioridade a gestante já foi censurado pelo CNJ

1/7/2024

Estudante de medicina que desviou R$ 927 mil de formatura é condenada

2/7/2024

Advogado explica nova lei que padroniza índice de juros e correção

1/7/2024

Artigos Mais Lidos

Imposto sobre ITBI e transferência patrimonial para holdings

1/7/2024

TDAH pode se aposentar pelo INSS?

30/6/2024

Condomínios e porte de drogas para uso pessoal: O que muda com a mais recente decisão do STF

2/7/2024

Porte de drogas para consumo pessoal e o STF. Um problema antigo e com solução antiga

1/7/2024

Holding familiar: Desafios jurídicos e propostas de soluções

1/7/2024