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Sindicância apura abusos da PF em prisão de Flávio Maluf

13/9/2005


Sindicância apura abusos da PF em prisão

de Flávio Maluf

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, determinou ontem a abertura de uma sindicância para apurar se houve excessos na prisão de Flávio Maluf por policiais federais.

Flávio foi algemado no heliporto do Morumbi, na manhã de sábado, depois de viajar do interior para São Paulo num helicóptero de sua família, acompanhado por agentes da PF. Horas antes, por telefone, o advogado dele, José Roberto Batochio, havia acordado com o delegado Protógenes Queiroz que não haveria necessidade de algemas ou de exposição desnecessária.

O procurador Pedro Barbosa, que pediu a prisão preventiva dos Maluf, também desaconselhou o uso de algemas.

Além de ser algemado no heliporto, a prisão de Flávio foi filmada pelo repórter César Tralli, da TV Globo, que aguardava o réu dentro de um carro da PF.

Com um boné preto, colete bege e óculos escuros -trajes que levaram o repórter a ser confundido com os demais policiais da PF pelo réu e por seu advogado-, Tralli filmou a prisão e seguiu dentro de um dos carros da polícia, com sirene ligada, fazendo a escolta de Flávio até a PF. Na sede, teve acesso privilegiado ao interior do prédio, sempre trajando roupas que o confundiam com os agentes.

Batochio afirmou ontem que irá formalizar uma reclamação na OAB contra a presença do repórter no momento da prisão. "Vou reclamar contra essa desnecessária humilhação. Há um movimento da OAB contra esse tipo de abuso", disse.

Segundo Batochio, Flávio foi algemado para que a filmagem fosse feita. "Vamos fazer uma tomada!", disse ontem, numa alusão irônica ao momento em que o policial deu voz de prisão.

Anteontem, a assessoria da TV Globo disse que o repórter não usava roupas da PF, mas uma jaqueta da marca Hugo Boss.

No "Jornal Nacional" de ontem, o apresentador William Bonner disse que "a Polícia Federal cumpre o seu papel ao abrir as duas sindicâncias [sobre os privilégios aos Maluf na sede da PF e sobre o suposto abuso na prisão de Flávio], mas nós temos certeza de que aquela que cita a TV Globo chegará a uma única conclusão: o repórter César Tralli, que cobre as investigações sobre Paulo Maluf há mais de cinco anos, fez apenas o seu trabalho, com a competência que tem demonstrado em sua carreira".

Bonner ressalvou que no Brasil "a liberdade de imprensa é uma garantia constitucional". "O furo de reportagem, dentro dos limites éticos da profissão, é a meta de todo bom jornalista e costuma premiar aqueles que não se importam de passar madrugadas em claro, vasculhar documentos durante meses e descobrir testemunhas. Foi esse o caso de Tralli", completou Bonner.

Em nota, a TV Globo considera não ter ocorrido irregularidade na matéria veiculada sábado e que o mérito da aquisição das informações é do repórter.
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