Alunos da Faculdade de Direito da USP, campus Ribeirão Preto, divulgam nota de esclarecimento sobre prática de trotes na instituição. Com 213 assinaturas, o informativo afirma que os casos são pontuais e isolados e critica alegações apresentadas por nota de repúdio divulgada anteriormente por um grupo de discentes da faculdade.
O esclarecimento afirma que a prática de trotes não é condizente com a conduta geral dos alunos e de suas entidades representativas, e foram praticados por grupo restrito. Os estudantes relatam que será defendida discussão sobre as implicações do trote e formas de coibir eventuais excessos.
Leia a íntegra da nota.
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"Direito USP – Ribeirão Preto
NOTA DE ESCLARECIMENTO À SOCIEDADE
Nós, alunos da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP subscritos, optamos por prestar esclarecimentos gerais e informações sobre o contexto em que se inserem as alegações apresentadas pela "Nota de Repúdio", texto divulgado por um grupo de discentes da FDRP e que recebeu ampla divulgação em diversos meios.
Embora não condizentes com a conduta geral dos alunos e de suas entidades representativas, de fato alguns tristes excessos relacionados ao "trote" ocorreram em nossa Faculdade, ainda que praticados por um grupo muito restrito.
Em consequência destes episódios pontuais e isolados, houve tentativas de resolução por parte do Centro Acadêmico "Antonio Junqueira de Azevedo" e da Associação Atlética Acadêmica Casa Sete, que inclusive realizaram uma mediação com os calouros ofendidos. Ambas as entidades representativas emitiram notas repudiando atos de violência relacionados ao "trote" e iniciaram projetos com o intuito de evitar futuras práticas semelhantes.
A utilização de violência (física ou não) no co'ntexto do "trote" é inadmissível e digna de censura. Contudo, não concordamos com a maneira escolhida pelos autores da Nota para evidenciar o problema, e na qualidade de alunos de uma Universidade pública nos sentimos no direito (e dever) de prestar os presentes esclarecimentos.
Da forma que foi escrita e amplamente divulgada, a "Nota de Repúdio" deu margem a interpretações generalizantes sobre a conduta de todos os discentes de nossa Faculdade, associando-nos à prática de excessos relacionados a temas de profunda relevância social, a exemplo da homofobia e do sexismo.
Ao omitir a informação de que se trataram de casos pontuais e isolados, a Nota induz o leitor a acreditar que as condutas supostamente praticadas contariam com a aceitação dos alunos e incentivo de suas entidades representativas, o que não condiz com a verdade dos fatos.
Julgamos lamentável que assuntos de tamanha importância e delicadeza tenham sido trazidos à reflexão geral de maneira irresponsável, vinculando a instituição FDRP e seus discentes a condutas extremamente reprováveis.
A existência de um problema é clara e não seremos coniventes com isso. Também defendemos uma discussão sobre as implicações do "trote" e formas de coibir eventuais excessos. Com a ajuda de nossas entidades representativas, procuraremos criar um espaço de debate aberto a todos, não apenas para discutir o trote, mas para contribuir com a construção de um ambiente universitário justo e plural.
Um debate realizado de maneira consciente não admite a generalização ou o sensacionalismo presentes na "Nota de Repúdio" divulgada no domingo. Nós, alunos da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, temos o intuito de colaborar com a edificação de uma Faculdade pautada não apenas na excelência acadêmica, mas também em valores de liberdade, isonomia, diversidade e respeito ao próximo. Para tanto, o primeiro passo é agir e comunicar fatos de forma transparente e responsável."