Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP completa 80 anos em prol do estreitamento das gerações
No último dia 14, a Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP (clique aqui) completou 80 anos na defesa do fortalecimento acadêmico, político e financeiro da Faculdade, de forma a garantir sua posição como centro de excelência em cultura jurídica.
Com a revolução constitucionalista de 1932 e a derrota da linha filosófica da Associação, muitos dos idealizadores foram exilados. Contudo, os ideais que governavam seus desígnios foram preservados e paulatinamente implantados pelos sucessores.
Em todos estes anos, a presidência da Associação contou com a supervisão de destacados nomes do cenário jurídico brasileiro como César Lacerda de Vergueiro, Eurico de Azevedo Sodré e Goffredo da Silva Telles Jr, sendo atualmente presidida pelo antigo aluno José Carlos Madia de Souza.
Os esforços de cada gestão estiveram sempre concentrados em praticar os objetivos que nortearam o estabelecimento da Associação, tendo como escopo precípuo a cristalização da tríade Faculdade, Centro Acadêmico XI de Agosto e Associação dos Antigos Alunos.
Também como finalidade encontra-se o registro e divulgação das iniciativas e das atividades regulares da Faculdade, do XI de Agosto e demais entidades, de forma a assegurar ininterrupta e atualizada sintonia entre o passado e o presente.
Nas palavras dos fundadores da Associação:
"Seria importante deixar evidente que, mesmo graduados legitimamente pela Faculdade, os Antigos Alunos jamais deixariam de estar ligados a ela, além de seguir as linhas principais do pensamento da Academia, ao qual se posicionavam na eterna condição de discípulos atentos e dedicados".
Já dizia o saudoso mestre Goffredo, em sua "Saudação aos Calouros", proferida em 26 de fevereiro de 2007, na Semana de Recepção do Calouros:
"Após receberem seus Diplomas de Bacharéis, inscrevam-se imediatamente na Associação dos Antigos Alunos da Faculdade. Isto assegurará, na memória de cada um de vocês, a presença pertinaz das Arcadas - presença que permanecerá no tempo em que vocês já não mais habitarem as Arcadas, e delas estarão afastados por força da vida de cada um".
Logo, observa-se que a Associação corrobora seu propósito de plena ligação com a Academia e de vínculo frutífero entre as velhas e novas gerações. Para facilitar o cumprimento deste objetivo, a instituição mantém projetos interessantes como o site e a edição periódica do jornal Folha Dobrada, que propiciam um maior contato entre os antigos alunos, além da editoração de livros que rememoram a história, as pelejas e os principais personagens dos 80 anos de trajetória da Associação.
Idealizada na década de 1830, a "Bucha" desbravava, cem anos antes, caminhos que posteriormente seriam trilhados pela Associação dos Antigos Alunos na direção do espírito de solidariedade entre todos os estudantes da querida Faculdade de Direito do Largo S. Francisco.
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Diretoria Executiva e Conselho Fiscal - com mandato até 22 de agosto de 2012
Presidente:
José Carlos Madia Souza
Presidente de Honra:
Flávio Flores da Cunha Bierrenbach
Vice-Presidentes:
Antônio Carlos de Paula Campos
Antônio Carlos Mourão Bonetti
Percy Eduardo N. S. Heckmann
Diretores:
Andréa Maria dos Santos Mustafá
Ângelo Arthur de Miranda Fontana
Cláudio Gomara de Oliveira
Elynor Helena Sampaio Castro Ferreira
Kalil Rocha Abdalla
Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari
Vadim da Costa Arsky
Assistente de Diretoria:
Silvana Fernandes Menezes Umberti
Conselho Fiscal:
Efetivos:
Reynaldo Abrão Miguel
Sérgio Marques da Cruz Filho
Dinaura Folla
Suplentes:
Cecília Aparecida de Abreu Moura Contrucci
José Marcelo Braga Nascimento
Pedro Colaneri Abi Eçab
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Poesia de autoria de Oliveira Ribeiro Neto, formado pelas Arcadas (Turma de 1929), dedicada a José Carlos de Macedo Soares
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Canto de Glória da Faculdade de Direito de São Paulo
A José Carlos de Macedo Soares
Minha velha escola, como estás mudada,
velha Faculdade outrora levantada
pela mão dos padres, pela mão dos índios,
na manhã dourada de Piratininga!
Quantas horas longas, quantas horas lentas
sobre ti passaram, mansas, sonolentas,
entre revoadas de pombinhas brancas,
pelos pátios onde claros franciscanos
iam desfiando contas e orações!
Velho casarão! Quantos corações,
Entre taipas toscas e os beirais tranquilos,
viste que murcharam como murcham lírios,
viste que morreram nos buréis sombrios,
pelos claustros brancos, pelos claustros frios!
Depois, numa tarde linda de noivado,
sinos que batiam, sinos pelos ares!
E a alegria chegou para viver contigo,
como se em alforje roto de mendigo
uma cornucópia de ouro se entornasse.
A alegria infrene dos teus estudantes
transbordou nas ruas da aldeola morta.
Correu tua fauna, foi de porta em porta
do Brasil, chamando os moços que sonhavam
sonhos de beleza, glória e liberdade.
Dos arcos curvados das tuas arcadas
o amor atirava flechas encantadas
com filtros de fogo e cantos de poesia.
E enchia de volúpia, em transes de paixão,
o coração lânguido das puras donzelas
espiando às rótulas das tímidas janelas,
matizando sedas ou tecendo rendas,
ou envoltas na sombra das mantilhas
indo rezar, tementes do demônio,
nas novenas do Carmo e Santo Antônio...
Junto à capa negra, plange um violão.
Passa o romantismo da terra paulista,
à garoa fria ou o luar de prata:
- o estudante e sua noiva, a Serenata.
Alguém, que já não vive neste mundo,
- É Byron! – os acompanha passo a passo.
É ele que insinua à crença de Azevedo
a atroz compreensão a torturar de medo,
a dúvida que mata a lúcida manhã:
... “Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos triste irmã...”
Ele é que sussurra na alma de Varela
o cântico sentido ao ver o filho morto,
e guia a mão ao trêmulo poeta:
- Ó tu, que eras na vida a pomba predileta!...
(Fantasma que os seguiste em passos de mistério,
que morte lhes deste, e que imortalidade!)
Quando a escravidão, nos corpos cor da noite
punha estrelas rubras na vergonha do açoite,
foi a tua caridade – São Francisco!
que aos moços do mosteiro ensinou este grito:
“Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?
Em que mundo, em que estrela tu te escondesembuçado nos céus?”
A voz de Castro Alves, rolando no infinito,
conseguiu arrancar dos troncos de granito
a raça carinhosa que embalou meu berço.
Esse canto ainda vibra a rolar pelo espaço:
- Senhor Deus dos desgraçados
dizei-me vós, Senhor Deus,
se é mentira, se é verdade,
tanto horror perante os Céus!...
Hoje que estás rica, de pedra vestida,
toda rendilhada qual noiva garrida
do S. Paulo novo arranha-céus;
hoje que não dormes sob os longos véus
de névoa e de garoa do S. Paulo antigo
de ruas estreitas e falar pausado,
eu confio e espero em tua mocidade
que é a mesma sempre, velha Faculdade,
pois Rui, e Rio Branco, e Nabuco, e mil outros
que deram à Pátria seu nome grandioso
enchendo de luzes páginas da História,
vão mostrando aos moços, por felicidade,
que o teu nome sempre, minha Faculdade,
é a melhor das rimas para Liberdade,
é a melhor das chamas para o altar da Glória!