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Largo Sete de Setembro : Juiz de Direito encaminha proposta de revitalização do espaço público a várias entidades

O juiz de Direito Alfredo Attié Jr. encaminhou uma proposta de revitalização a diversas entidades com o intuito de desenvolver uma ação de recuperação do Largo Sete de Setembro, espaço público situado ao lado do Fórum João Mendes Júnior, em São Paulo/SP.

22/9/2010


Largo Sete de Setembro

Juiz de Direito encaminha proposta de revitalização do espaço público a várias entidades

 

"A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la." - Fernando Pessoa

 

A epígrafe de Fernando Pessoa pontua com maestria a louvável iniciativa do juiz de Direito da 32ª vara Cível da Capital, Alfredo Attié Jr., que encaminhou a diversas entidades uma proposta de revitalização do Largo Sete de Setembro, local histórico do Município de São Paulo.

O lugar vai além da denominação espaço público, uma vez que é também espaço de migração entre o recinto forense e a rua, ambiente de transição, como a soleira das antigas casas que povoavam a cidade.

Lugar de cerimônia, em que se aguarda licença para entrar, e de preparação para deixar o mundo privado e de segurança da morada, para alcançar o incerto e desafiador mundo da rua.

Localizado ao lado esquerdo do Fórum Central da Capital, voltado para a Praça João Mendes Jr., jurista que dá nome ao Fórum, o Largo Sete de Setembro lembra o marco da independência brasileira, dada em São Paulo, em 1822.

Inicialmente, o local chamava-se Largo do Pelourinho, uma vez que ali estava construído o pelourinho da cidade, ou seja, uma coluna que servia para castigar os escravos.

Contudo, em 28 de novembro de 1865, devido a proposta do vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra, a antiga denominação foi substituída por Largo Sete de Setembro, uma referência à data da Independência do Brasil, proclamada por Dom Pedro I, às margens do riacho do Ipiranga em 1822.

A homenagem ao fato histórico é feliz, porque "largo" diz algo que tem dimensão avantajada, amplo, imenso, não estreito, tal como a ideia de independência.

Ainda, é algo considerável, abundante, que se traduz por movimentos, gestos e expressões exagerados. Largo é o desprendido dos liames materiais, desgarrado, generoso, não mesquinho, grandioso. Sobretudo, aquele que tolera, é liberal, largo de espírito, de consciência.

Porém, segundo o juiz Attié, o Largo concreto não tem correspondido a sua imagem abstrata. O largo ou campo, que desenha a praça, espaço público por excelência, com o tempo, acanhou-se.

Deveras, quando foi redefinido pelo metrô paulistano, que ali instalou um respiradouro, em meio a canteiros lineares e a exemplares de árvores, que exemplificam bem espécimes escolhidos por nossos primeiros paisagistas, como as tipuanas, as sibipirunas, os alfeneiros, para enfeitar, valorizar e dar nova vida à metrópole em crescimento constante.

Acanhou-se também, de acordo com o juiz, a praça, que passou a ser mais um espaço de passagem do que de paragem, menos um espaço de diálogo do que de impaciência urbana.

Sem sentido próprio, mas caracterizado apenas por ligar interesses e lugares, um lado a outro, seja pela referência do transporte público, pelo marco do metrô, pelos pontos de ônibus que ali estão, seja pelo comércio que circunda o Largo : vários estabelecimentos, destacando-se, por exemplo, agências do BB, CEF e do Banco Itaú.

Para Attié, "o largo também é espaço do ócio, não de todos os cidadãos, mas de alguns, que, sem teto e sem opção, ali constituíram sua morada a céu aberto". Ele ainda fala que de tudo isto são testemunhas não apenas os juízes do Fórum João Mendes Jr., mas igualmente promotores, procuradores e advogados, que por ali passam, também os defensores públicos, cuja sede volta-se para a Avenida da Liberdade, que tem início no Largo.

A par dos profissionais do Direito, a população paulista também assiste à cena da degradação do espaço que deveria ser de convivência.

Argumentando que o local é de todos, mas também "é um pouquinho do Tribunal, do Fórum, da Ordem, da Associação, do Instituto dos Advogados, das Procuradorias de Justiça e do Estado, da Defensoria, enfim das casas dos profissionais do Direito, que o circundam, assim como das casas bancárias e das empresas de transporte e comerciais que ao seu largo estão", o juiz e também filósofo Attié propõe uma ação conjunta de revitalização, um projeto que possa servir de modelo à recuperação de outros espaços públicos.

A ideia é de que as entidades quase públicas, como as organizações não-estatais, de que é exemplo a Associação Viva o Centro, possa coordenar tal ação de cuidados ao Largo.

"Penso em um projeto que permita recuperar o Largo como espaço público, de cuidado público, quem sabe uma escola a céu aberto, que se encarregue de oferecer à população mais carente de recursos, mesmo aos sem teto, um serviço que lhes possibilite exatamente recursos de vida e de cultura, para superar suas dificuldades e se integrar à cidade, de modo ativo, verdadeiramente cidadão", planeja o juiz.

A proposta de revitalização do Largo de Sete de Setembro foi encaminhada pelo juiz Attié a várias entidades (OAB/SP, AASP, IASP, Apamagis), bem como ao presidente do TJ/SP e a instituições como BB, CEF, Banco Itáu.

Outras entidades para as quais a proposta também foi enviada são : Associação Viva o Centro, Companhia do Metrô de São Paulo, Defensoria Pública, Procuradoria Geral do Estado, Procuradoria Geral de Justiça e a Prefeitura Municipal de São Paulo.

 

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