Após muitos artigos escritos sempre tendo como temas a produtividade, rentabilidade, eficiência, controles e sempre baseados em números hoje me aventuro neste artigo a falar um pouco sobre relacionamento humano.
Apesar de ter trabalhado efetivamente como engenheiro numa construtora no inicio de carreira, como todos sabem, minha experiência profissional mais importante (cerca de 30 anos) foi como diretor geral em escritórios de advocacia onde tive o desprazer de conviver com alguns psicopatas / sociopatas. Não estou afirmando que essas pessoas existam apenas nesse mercado, pois sabe-se que é um percentual da população geral e penso seja importante alertar outros profissionais para que fiquem mais atentos.
Escritórios de advocacia em geral são formados (ou fundados) por um ou vários profissionais geralmente tendo as seguintes características: excelente conhecimento técnico, inteligência dedutiva e indutiva, alta capacidade de argumentação escrita e oral e grandes autoestima e confiança, tornando a gestão do novo negócio geralmente bastante centralizada e autocrática (obviamente existem exceções). É importante citar que fundadores de escritórios de advocacia, além das qualidades citadas são empreendedores e costumam ter personalidades fortes e dominantes, mas isto não os torna obrigatoriamente psicopatas.
No início são apenas escritórios de advocacia e somente após o crescimento com a vinda de novos sócios, a contratação de mais pessoas em várias funções e a maior complexidade nas funções e relações é que o escritório começa a se aproximar de uma empresa, tornando a gestão menos dependente das vontades e caprichos de uma única pessoa e a se preocupar com todos os aspectos da gestão em geral.
Um aspecto muito importante que devo deixar muito bem claro é que não sou psicólogo nem sociólogo e esta minha reflexão tem a intenção de compartilhar minhas experiências passadas e sim ajudar as pessoas que já passaram por essa experiência, que estão passando per ela atualmente e alertar àquelas que provavelmente passarão no futuro. Por não ter tido uma formação humana (sendo engenheiro), sofri por muito tempo por pura ignorância em varias situações que experimentei nas minhas relações profissionais que vivi sem ter a consciência que estava lidando com psicopatas.
Após crises de depressão e muita terapia, acabei descobrindo o processo de manipulação psicológica ao que estava sendo submetido e comecei pesquisar e conhecer o assunto. Minha primeira leitura foi o livro “Os Manipuladores Estão entre Nós” de Isabelle Nazare-Aga o qual recomendo fortemente a leitura a todos aqueles que lerem este artigo. Outros grandes pesquisadores desse tema são James Fallon e Robert Dare, apenas para citar alguns exemplos.
A constatação mais importante que acabei descobrindo depois de muito pesquisar foi que a profissão de advogado é a segunda profissão com mais psicopatas (um em cada oito) e só perdendo para os CEO’s.
Compilei algumas informações de especialistas para que cada um consiga, de uma maneira simples, verificar se está passando por uma relação tóxica e conseguir se preservar e também defender-se.
As principais características de um(a) psicopata são:
- Narcisismo e complexo de falsa superioridade;
- Charme superficial;
- Falta de empatia e frieza;
- Mentira patológica e manipulação;
- Gaslighting (manipulação psicológica maligna) e bullying psicológico;
- Falta de arrependimento e vitimização egoísta;
- Falta de piedade/perversidade;
- Aversão às normas sociais;
- Falta de moralidade e ruptura de regras;
- São desprovidos de sentimentos de culpa ou remorso e não pedem desculpas.
Você enxerga algumas dessas características no seu chefe ou sócio do escritório em que trabalha? Se você encontrar pelo menos 4 dessas características em uma pessoa, você esta de fronte a um possível psicopata/sociopata e afaste-se se possível. Se não for possível se afastar por estar vinculado estruturalmente a esta pessoa num ambiente profissional corporativo, tome as seguintes atitudes/precauções para se proteger:
- Não fale muito, porque eles são manipuladores e quanto mais ele souber sobre você, mais força poderão encontrar para influenciar suas ações a favor dele.
- Não se deixe envolver emocionalmente. Tente ser absolutamente neutro na sua linguagem corporal. Psicopatas adoram explorar fraquezas emocionais.
- Não enfrente essa situação sozinho. Confie em colegas de confiança, supervisores ou o departamento de recursos humanos (se houver).
- Concentre-se em suas responsabilidades e metas. Mantenha a profissionalidade e evite se envolver em dramas desnecessários.
- Concentre-se na sua imagem e reputação.
- Registre tudo. O psicopata costuma quebrar as regras para conseguir o que deseja e pode tentar fazer parecer que os erros são seus, não dele.
- Quando se sentir desconfortável com alguém que acabou de conhecer, seja imparcial, não comente sobre os outros, mesmo que seja instigado a falar. Desconfie de várias perguntas.
- Preste atenção às atitudes, não nas palavras.
- Aceite que a pessoa é assim e você não pode mudá-la, apenas cuide de si e aprenda a lidar com ela.
- Preste atenção na sua intuição e nos avisos que ela está te fornecendo.
- Tenha cuidado e somente confie na pessoa após ter absolutamente certeza que não se trata de um psicopata.
Espero que este artigo contribua para a melhoria da convivência e da saúde mental de todo e qualquer profissional que trabalhe em corporações e escritórios de advocacia liderados por psicopatas.