Desde jovem, levei a vida a sério por demais. Exigi muito de mim e, por óbvio, dos outros. De pouco ou quase nada valeu. Fracassei na tentativa de amainar este mundo cão e me tornei quase um ermitão, um solitário. Volto o olhos ao passado com tristeza, pois lembro que sempre tive muitos, muitos amigos. Decerto não fui um dos bons...
Hoje, aos 50 anos, emoções contraditórias me invadem.
Orgulho-me de ter duas décadas na magistratura sem um único processo a questionar minha conduta. Por outro lado, arrependo-me de ter devotado tanta dedicação, tanta energia. Foi aí que o recolhimento teve início... Sou o único responsável por minhas escolhas.
Mas, como tudo na vida tem um lado bom, a carreira que tanto me orgulho tornou possível proporcionar uma vida digna, confortável e feliz à minha família. Nesse ponto, valeram muito os anos vividos no pobre interior deste sempre pobre Maranhão. Parece um sina inexorável...
Completar meio século de vida permite estas e reflexões outras, alguma sabedoria, talvez, ou mesmo um pouco de serenidade para um espírito tão impetuoso quanto o meu.
Mas também esbofeteia a face lançado contra ela a certeza de que há mais passado que futuro. Tenho muita dificuldade de lidar com a finitude, sobretudo das pessoas que mais amo.
A Deus e Nossa Senhora, que jamais me faltaram, ainda uma vez, muito obrigado!
À minha esposa, filhos e família, para além de também agradecer, peço que acreditem: sempre fiz e sempre farei de tudo para acertar! Seguirei errando de boa-fé!
Para quem me fiz distante, perdão! E, lógico, muito obrigado!