Introdução
Este artigo tem por objetivo o detalhamento da tecnologia blockchain, visando à melhoria do cenário atual centralizado para a execução das transações de finanças, rastreamento de ativos, otimização de processos, redução da burocracia e a otimização na execução de todo o processo. O principal contexto da blockchain surgiu da necessidade de descentralização efetuada por bancos, cartórios e agentes regulamentadores, causando assim um problema constante nas transações e finanças. Nos dias atuais, a blockchain movimenta bilhões de dólares por dia, com o foco em sua tecnologia pública, descentralizada e imutável, características que as fazem única, acompanhando o bitcoin desde a sua fundação em 2008 com o principal objetivo de minimizar custos, riscos, aumentar a confiança e economizar tempo para a execução das transações.
Funcionamento da blockchain
Antes de falarmos sobre o blockchain (cadeia de blocos) em si, vamos entender o funcionamento do hash, que tem como principal objetivo, codificar dados de forma exclusiva, garantindo a autenticidade dos dados e a sua segurança de forma exclusiva.
Na década de 80 já se falavam do termo hash, usado para a segurança da internet de forma essencial e eficiente, dando origem ao MD2.
Atualmente usamos o padrão criptográfico SHA, criado pela NSA em 1993 e tinha como finalidade a autenticação de documentos eletrônicos. No qual seus derivados são considerados as funções mais seguras até o momento, tanto que o SHA-256 foi fundamental para a criação que deu origem a tecnologia do bitcoin.
Conceito de mineração
Conforme citado anteriormente, o hash é responsável por catalogar uma mensagem ou um arquivo que traz como resultado, um código criptografado contendo letras e números para representar os dados que foram inseridos, esse procedimento é a impressão digital de um arquivo, ou no caso da blockchain, um bloco. A assinatura de um bloco resulta na geração de um hash, o que se torna único e mesmo que o documento ou arquivo seja alterado, ele terá que por obrigação, receber um novo hash para o seu conteúdo, logo tornando o processo seguro e não falho. Gerando um novo bloco, ele também contém a informação do bloco anterior, criando uma etiqueta (tag) para o block gerado e verifica se houve, algum bloco alterado, ele é invalidado.
Mas vamos nos aprofundar um pouco mais, já explicamos que o hash é inalterado e que qualquer modificação, um novo hash é gerado, certo? Agora podemos iniciar o entendimento da famosa mineração.
Para validar essa transação de forma adequada, a mesma deve possuir uma integridade para que a rede funcione sem falhas, então, o armazenamento das transações fica em qual local?
Agora é o momento que entra o livro-razão, no qual ficam armazenados todas as transações, no caso do bitcoin e para manter o alto nível de segurança e credibilidade, depois de escrito no livro-razão elas não podem ser alteradas.
Mas as coisas não são simples assim, é necessária uma infinidade de poder de processamento para que todas essas hashs geradas por segundo se tornem válidas, concordam? Então chegamos à famosa mineração e seu conceito de comunidade, na qual se utilizam o poder de processamento de vários computadores no mundo inteiro para ajudar a validar essas transações, para que a velocidade da operação seja concluída de forma quase que instantânea.
Assim que alguém da comunidade de tecnologia espalhada pelo mundo, conseguir resolver os cálculos matemáticos complexos e assegurar que o hash criptografado é válido, lembrando que é necessárias várias confirmações para a mesma transação, o computador que executou essa validação, recebe uma recompensa, surgindo então o famoso termo mineração.
O surgimento da blockchain
A blockchain surgiu em 31 de outubro de 2008, dia em que Satoshi Nakamoto (pseudônimo) de uma ou mais pessoas, publicou o white paper, uma espécie de guia do bitcoin. No qual lançou a ideia de transferência de dinheiro entre pessoas, tal tecnologia conhecida como peer-to-peer.
Nesse guia white paper da bitcoin, Satoshi Nakamoto não cita o termo conhecido como blockchain e sim, de forma separada “block” e “chain”, a própria comunidade criou essa palavra de forma única, iniciando assim, uma forma totalmente inovadora para transações financeiras.
Vantagens do uso da blockchain
Falamos sobre a segurança, criptografia, validação e hash, mas qual a vantagem em utilizarmos o blockchain?
Segurança; todas as transações validadas são imutáveis e registradas permanentemente, nem mesmo o administrador do sistema pode excluir alguma informação.
Integridade; você possui a certeza em receber os dados corretos e sem alteração, da mesma maneira que saiu para a transmissão.
Eficiência; o livro-razão que possui o armazenamento das transações, distribuído entre todos os membros, agindo assim com transparência nas informações, alinhado também com os contratos inteligentes que são executados automaticamente, otimizando o tempo de resolução das transações.
Outra principal vantagem da blockchain é que cada membro ao redor do mundo, possui uma cópia da blockchain em seu computador, portanto independente da localidade, todos veem a mesma informação de forma instantânea e como citada anteriormente, após a validação, será guardada nos registros de forma eterna.
Principais projetos
Impossível falarmos sobre os projetos que a blockchain engloba, sem citar o seu principal projeto, não há registros da tecnologia blockchain ser utilizada antes do bitcoin.
Com a grande crise financeira dos Estados Unidos em 2009, uma das piores da história, acontecia uma das maiores revoluções no mercado tecnológico e financeiro, a primeira mineração do bloco de bitcoin, efetuada em 03 de janeiro de 2009, um verdadeiro marco que mudou o mundo todo em relação às finanças centralizadas, dando início a um famoso termo chamado DeFi (Decentralized Finance), são as finanças descentralizadas, que não dependem de órgãos regulamentadores, corretoras, bancos e etc. para serem realizados.
Bitcoin
O relatório do projeto Bitcoin, conhecido como white paper, foi lançado pouco mais de um mês após o anúncio da falência do Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimentos dos Estados Unidos, tal crise oriunda por uma liberação de crédito de forma facilitada e especulação do mercado financeiro, o seu criador usa o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, mas ninguém sabe qual a identidade verdadeira do criador da bitcoin, nem ao menos o seu paradeiro nos dias atuais, sabemos apenas de sua última despedida do mundo virtual, que foi realizada no final de abril de 2011, um e-mail enviado para os seus desenvolvedores em forma de despedida, citando que mudou para outras coisas e que deixou o projeto em boas mãos.
Mas não podemos negar o desenvolvimento e a valorização de uma moeda virtual que foi criada, com o objetivo de descentralização das finanças, segue abaixo uma imagem da valorização desde seu lançamento, até o topo do valor histórico no final de 2021 ($66k USD), com um volume em 24 horas de negociação de mais de $42B USD e possui um valor de marcado de mais de $730B USD.
Smart contracts
Apenas cinco anos do lançamento do bitcoin, a comunidade tecnológica e o mercado viram o nicho de possibilidades que a blockchain poderia ofertar, não se limitando somente em moedas digitais, principalmente pelo volume em dinheiro que a blockchain possuía sob sua tecnologia, e a melhor parte, não estava sendo controladas por nenhum banco, organização ou regulamentação.
Com a criação do etherium (que falaremos em seguida), oferecia aos usuários um diferencial, mesmo seguindo os princípios do bitcoin, agora possibilitaria a criação dos contratos inteligentes, que são operações guardadas dentro da rede blockchain que são executadas conforme as regras estabelecidas, como se fosse um check-list, porém sem intermediadores. Novamente utilizando a negociação ponto a ponto, facilitando a transação e a otimização dos processos.
Etherium
Um grande avanço para a blockchain foi à criação da etherium, que não é uma criptomoeda e sim, uma plataforma de com base na tecnologia da blockchain, dentro dessa plataforma, os investidores podem negociar seus contratos de forma descentralizados e suas transações são pagas com uma criptomoeda própria, o Ether (ETH).
Vários investidores apoiaram para a criação em 2013 pelo russo Vitalik Buterin, pensando objetivamente em evoluir a tecnologia do bitcoin, focando não somente em criptomoedas, mas sim em uma plataforma de negociação. Um ponto forte da etherium, a negociação de qualquer coisa que possa ser programada de forma digital, não somente em finanças, portanto o seu range de utilização é praticamente infinito.
Para Buterin, o ato de ser programador, ajudou bastante no desenvolvimento da etherium, que já implementou diversas atualizações para melhoria da segurança, velocidade e a compatibilidade com os contratos inteligentes, que é o principal diferencial da etherium.
No mesmo conceito da bitcoin, a etherium negocia diretamente entre as duas partes, não envolvendo entidades intermediárias e as transações, são pagas diretamente com a sua moeda ether, agilizando assim, o processo de negociação.
Desde o seu lançamento oficial, que aconteceu em 2015, a rede permanece segura, sem intervenções de terceiros nos dados que foram validados dentro da plataforma,
Mas se perguntarmos, qual a maior diferença entre a etherium e a bitcoin, justamente na finalidade para que ambas fossem criadas, enquanto a etherium é uma plataforma de negociação, a bitcoin é uma moeda digital.
Um grande diferencial da rede etherium, está na conversão para a etherium 2.0, que tem a previsão de lançamento ainda em 2022, com a mudança em seu protocolo para PoS (proof-of-stake), principalmente as mudanças nas taxas entre as transações, conhecido como gás, podem impactar positivamente para um novo patamar da plataforma etherium, afinal o foco principal da versão 2.0 é na segurança, aumentando o número de validadores, deixando a plataforma ainda mais descentralizada e segura.
Hacken
Visando as empresas que operam na Internet, esse projeto com foco em segurança cibernética e proteção dos ataques de cibercrime ao redor do mundo, a empresa utiliza uma plataforma de envio de bugs (erros e vulnerabilidades de segurança) para recompensar os seus usuários. E para validar as transações, utiliza toda a segurança que a blobkchain oferece.
Blockchain no metaverso
O metaverso, assunto totalmente em alta, com um conceito de integração do cotidiano e de nossas atividades do mundo físico para o mundo digital, e não pensamos que a blockchain está fora desse universo, mesmo que executamos as atividades no mundo digital de forma imersiva, temos que nos atentar à segurança das transações.
Lembrando que o metaverso possui a sua própria economia digital, para que seja possível a realização das atividades de aluguel de casas, compra de terrenos virtuais, salários mensais devido ao trabalho e até show de entretenimento.
A blockchain é usada com o objetivo de proteger as transações efetuadas no metaverso, tais como: transferências de valor, itens colecionáveis, compras de imóveis e ingressos usados para o entretenimento, se tornando uma ferramenta ideal, rápida e econômica para o metaverso.
NFT - Non-fungible token
Vocês já imaginaram um desenho (meme) de um animal de estimação com objetos, frutas ou artes, sendo vendido por mais de $500K USD?
Exatamente o que está ocorrendo os NFTs e seus inúmeros projetos, um conceito novo, mas representa um enorme avanço na tecnologia, propriedade de ativo, segurança na transação e exclusividade de posse de bem digital. O objetivo do NFT é autenticar um arquivo, para que o mesmo seja único, podendo ser facilmente comercializado como uma obra de arte, quadro, peça de leilão e demais fatores que a tecnologia o aplica.
Primeiramente devemos entender a diferença entre ativos fungíveis e não-fungíveis, no qual o fungível são unidades que podem ser trocados sem perder o valor, mas o não-fungível é uma peça única, com propriedades específicas, com apenas uma versão original, exemplo de um quadro de pintura, podem ter cópias ou falsificações, mas apenas um é a original.
Utilizando uma padronização específica, o ERC-721 é um desses padrões que utiliza a rede etherium para a sua aplicação, usando os conceitos já citados previamente.
O valor alto de algumas peças NFTs está diretamente ligado a exclusividade, pois o proprietário dessa obra de arte possui uma versão única, sem que isso possa ser alterado ou copiado, utilizando a blockchain como suporte tecnológico para toda essa operação, lembre-se, quanto mais reproduzido é uma obra, a original vale ainda mais.
Cryptopunks
Um dos mais famosos projetos de NFT chama-se CryptoPunks, no qual foram criados algoritmos para a criação das 10.000 unidades desses NFTs, que hoje valem um preço bem alto, de acordo com as estatísticas do site oficial (www.larvalabs.com/cryptopunks), o valor total das vendas desses NFTs atingiu a marca de $2B USD.
Bored ape yacht club
Uma coleção de NFTs mais valiosas do mercado se chama Bored Ape Yacht Club, são “macacos entediados” que foram confeccionados em forma de NFT. O fato da coleção se tornar conhecida e com um valor bem alto, foi quando as celebridades perceberam que existia um potencial lucro ao comprar esses NFTs, jogadores de futebol, empresários executivos, artistas, celebridades em geral, estão na lista que adquiriram esses NFTs como itens de coleção, lembrando que eles são gerados por algoritmos, logo dependendo das características que eles são gerados, podem se tornar mais raros do que os outros. Complementando todo o processo de transação dos NFTs, ao adquirir uma peça não-fungível, você entra para um seleto grupo junto com os demais que já compraram outras unidades, segue abaixo um exemplo desses NFTs que fazem muito sucesso na comunidade.
The sandbox (Sand)
The Sandbox é um jogo de blockchain que os usuários exploram um mundo virtual que possui NFTs, a princípio era um jogo de celular, mas que evolui para um complexo jogo na etherium, utilizando a moeda ether (ETH) citada anteriormente nesse artigo com a própria moeda do jogo chamada SAND, com o objetivo de impulsionar a economia dentro do game.
Decentraland (Mana)
Decentraland é um universo 3D bem complexo, utilizando os maiores conceitos do metaverso, com a segurança da blockchain para realizar o seu projeto.
Nesse jogo, você pode comprar lotes de terras virtuais, realizar eventos e ações sociais, exatamente da forma que você pode fazer no mundo real, usa-se a tecnologia da blockchain para as suas transações, definição de identidade e raridades dos itens NFTs comercializados dentro do jogo, o jogo ficou bem famoso por possuir o recurso chamado NFT LAND, que são terrenos virtuais dentro do jogo.
Upland (Rebuild the world)
O jogo Upland é um conceito fantástico de jogos em blockchain, pois se tornou totalmente revolucionário quando iniciou a idéia de re-popular o mundo real de forma virtual, pois os terrenos e as casas reais, com o seu respectivo endereço, são vendidos no mundo virtual, então se você tiver a idéia que gostaria de comprar uma propriedade em alguma cidade do mundo, agora isso é possível, utilizando o metaverso e a blockchain para facilitar a transação, então você terá oficialmente o terreno daquela localidade de forma virtual, com a transação válida via rede blockchain.
Considerações finais
O método que executávamos as transações e validações mudaram, mas os conceitos de segurança para que tudo ocorra bem, permaneceram no mundo virtual, a tecnologia da blockchain veio para ficar, com toda a sua estrutura, nos deixam confortáveis para realizarmos as transações pela internet de forma segura, desde os seus hashs, passando pelas carteiras das criptomoedas, a compra de um NFT ou a conversão do seu dinheiro para ser transferido para uma carteira virtual. Projetos são criados diariamente com o foco de popularizar e utilizar ainda mais a rede da blockchain, tornando-a estável, escalável e principalmente segura.
A blockchain é a principal rede de transação segura de forma virtual, totalmente disponível e confiável, muitos projetos ainda virão, com vários focos, entretenimento, ações sociais, negociação de ativos e até em equipamentos IoT, portanto nos adaptarmos a essas novas mudanças, fazem com o que nos alinhamos com as novas tecnologias que surgem no mercado e suas adaptações dinâmicas.
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