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Incluir não é só citar as letrinhas, é respeitar direitos

Não basta apenas incluir as letrinhas LGBTQIA+ ou colorir as mídias com as cores do arco-íris para, de fato, proceder a inclusão da diversidade.

12/7/2022

A diversidade sexual engloba as múltiplas formas de vivências e expressões da sexualidade e identidade de gênero. 

Tema em voga no meio corporativo, não é raro ver empresas divulgarem suas ações de “inclusão da diversidade”. Louvável iniciativa, que cumpre a função social das empresas e se alinha aos preceitos fundamentais regidos pela Constituição da República Federativa do Brasil. 

Todavia, não basta apenas incluir as letrinhas LGBTQIA+ ou colorir suas mídias com as cores do arco-íris para, de fato, proceder a inclusão da diversidade. 

O que é, afinal, inclusão? 

É o ato de incluir na sociedade pessoas historicamente excluídas desse processo, como negros, indígenas, pessoas com deficiência, LGBTs+, idosos, mulheres, pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. 

A inclusão social é medida de controle social, que atua como forma de integrar a administração pública com a sociedade, buscando soluções de conflitos e de problemas decorrentes da própria formação de uma sociedade. Uma das maneiras é por meio da criação de políticas públicas específicas a cada parte excluída socialmente. 

Assim, enquanto houver essa exclusão haverá a necessidade de o Estado agir para garantir a inclusão. 

É possível que o leitor já tenha escutado que quanto mais de divide os grupos, menos se garante a igualdade. Esta é uma visão interessante, porém rasa da realidade social atual, pois hoje vivemos em um mundo socialmente estabelecido pelas desigualdades, ou seja, pela exclusão de determinados grupos em detrimento de outros. 

Para se alcançar a igualdade é preciso equalizar as necessidades sociais, a começar pela inclusão dos excluídos de forma paritária e estabelecendo a real cidadania dos indivíduos que estão embaixo desse guarda-chuva. Hoje necessitamos de medidas para que se respeitem os direitos, como as cotas, por exemplo, para que, após estabelecido e adquirido, portanto absorvido pela sociedade, essas cotas não se façam mais necessárias. 

Visto isso, não basta as corporações incluírem em sua “missão, visão e valores” os direitos LGBTs+, é preciso que se estabeleça a cultura da igualdade e do respeito em cada colaborador, treinando-os ensinando-os sobre a diversidade, para que cada um compreenda as diferenças que nos rodeiam e que devemos aprender a conviver. 

Infelizmente não é o que se vê muitas vezes. A empresa tem a “missão, visão e valores” inclusivos, mas não pratica essa inclusão, dando continuidade à cultura da exclusão social daqueles indivíduos, daqueles cidadãos que merecem e esperam ser parte integrante de uma sociedade mais justa e praticante da verdadeira igualdade. 

Por trás de cada “letrinha” existe uma mulher, um homem, um sentimento, um coração, um pai, uma mãe, um filho, uma filha, uma pessoa que tem o direito de ser quem é, com dignidade humana. 

Valeria Morine Nagy
Advogada. MBA em políticas públicas e direitos sociais. Coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual na Secretaria de Estado da Justiça - São Paulo.

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