Choveu no dilúvio bíblico durante quarenta dias e quarenta noites; na Macondo de Gabriel Garcia Marques, foram quatro anos, onze meses e dois dias; em Petrópolis, bastaram três horas para produzir o devastador efeito que presenciamos.
Foram três horas que durarão anos de sofrimento, luta, desilusões e saudades eternas.
Foram três horas de demonstração de força da natureza e de descaso de governantes despreparados, corruptos e oportunistas. Foram três horas de dura constatação de como estamos abandonados à própria sorte.
Vivemos uma era de trevas, é verdade, mas o que fazer nos próximos três anos?
Em primeiro lugar, buscarmos nosso espirito de fraternidade, solidariedade e empatia, vilipendiado, humilhado, zumbado e deixado para trás nos últimos três anos.
Em segundo, trabalhar muito para reconstruir uma cidade devastada física e moralmente. Cobrar soluções e não paliativos.
Ter a altivez necessária para não se contentar com afagos e migalhas.
A tragédia humana que se abateu sobre Petrópolis já havia assolado a Região Serrana do nosso Estado em 2011.
O que foi feito de lá pra cá? O que cobramos? Como fiscalizamos?
O atual governo do Estado do Rio de Janeiro gastou apenas 22% da verba orçamentária de R$ 711 milhões destinada à prevenção de tragédias desse tipo.
Suas prioridades eram outras, menos voltadas para a população, certamente.
A causa da tragédia não foi só a chuva; passa, e muito, pela inépcia, incompetência e descaso desses sucessivos governos escabrosos que assolaram nosso Estado.
Está na hora de uma atitude mais ativa e uma responsabilização direta, em todas as esferas, a quem tem culpa, por ação ou omissão, nessas tragédias.