No Brasil, nada obstante, a imprensa tem assumido posições antagônicas e o número de ações na justiça cresceu assustadoramente nos últimos anos.
Haveria um balizamento para o discernimento pontual de cada matéria, ou tudo se desenvolveu por causa da internet, gerando mais um clima de denuncismo do que propriamente de realidade?
Desde a discussão a respeito da necessidade de diplomação do profissional jornalista, até as matérias por eles tratadas, não se dúvida que houve um salto de qualidade na imprensa e em poucos segundos tudo que acontecer ao longo do planeta pode ser radiografado e postado nos meios digitais.
O desafio deste conciso trabalho está em ver e perceber sobre o papel imparcial da imprensa e sua função social no meio da população.
Notícias apressadas e desinformadas causam espanto e reparações morais são insuficientes para um novo caminho, basta citar o caso emblemático da escola Base.
Ultimamente ocorre um pesado tiroteio e divisões entre a imprensa escrita, falada e televisada, cada um querendo assumir um determinado papel e lançando preocupações diuturnas.
Falou o Presidente do TRF da 3ª Região, o professor Newton de Lucca que seria preciso um habeas mídia para monitorar e acompanhar de perto aquilo destacado pela imprensa.
Embora seja respeitado o ponto de vista, acreditamos que a profissionalização e a expansão do jornalismo, ambas provocaram um aumento de notícias, muitas delas sequer suficientemente avaliada.
A responsabilidade profissional e do meio informativo somente é apurada bastante tempo depois e fica neste jogo do chove não molha.
Esta tática da imprensa, não construtiva, tem sido nociva e basta qualquer palavra mais aguda para que se transforme num mote para eliminar qualquer oportunidade de defesa ou explicação em torno dos fatos.
Não falo apenas de um poder, mas da instituição e do fortalecimento da república.
A autoridade da qual se reveste a informação é fonte fundamental para espalhar a boataria e destruir reputações, e se colocam em risco vidas e muitos trabalhos feitos ao longo de uma carreira.
O que assistimos hoje no Brasil é um fator que se assemelha a uma posição de uma imprensa que pretende ser livre, mas, ao mesmo tempo, necessita de articulações políticas e no campo empresarial.
São raros os meios de comunicação que podem explorar seus próprios negócios sem apoio financeiro ou ajuda institucional, e isso causa um frisson no próprio elemento de perfomance.
Precisamos, urgente e habilmente, reconstruir os padrões morais, éticos e sociais de uma imprensa livre, no sentido verdadeiro e, para tanto, é auspicioso que ela transmita os anseios da sociedade e as percepções que nos mostrem no caminho certo.
O que temos observado ultimamente é um latente senso de particularidades que refogem do senso público e do interesse social e, a partir desse pressuposto, a concessão de rádios e tevês deveria passar por um processo de redefinição e alargamento do ponto de vista informativo.
Não é aceitável que sejam exploradas, por meio século, pelos mesmos atores que compartilham interesses com o poder.
As poucas tentativas de rádios, jornais ou canais com conteúdo informativo, ético e cultural soçobraram por falta de investimentos e interesses mais agudos.
A imprensa brasileira, é preciso reconhecer, evoluiu muito desde a Constituição de 1988, mas precisa caminhar a passos firmes e decisivos para um perfil associado à sua verdadeira função.
Fustigar e malhar em ferro frio é apenas um conceito impreciso do que temos assistido e isso não leva absolutamente a nada.
Este caminhar passa necessariamente pelo sentido e o alcance de sua pretensão no meio social.
É inadiável protagonizar um papel que esteja em constante evolução e aumente o nível cultural e intelectual da população.
Quando programas sem conteúdo e totalmente absorvidos pelo baixo nível ingressam nos recintos dos lares, é um motivo de estarmos cobrando mais qualidade e eficiência.
Em toda a visão e na síntese do pensamento, devemos trabalhar por uma imprensa fortalecida, livre, mas, acima de tudo, que transmita responsabilidade e cultue valores permanentes para o próprio conforto da sociedade, sua destinatária única e final.
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* Carlos Henrique Abrão é juiz de Direito substituto em 2º grau do TJ/SP
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