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As sofridas autênticas brasileiras

Um tema que me incomoda muito, já tendo inclusive redigido artigos sobre o mesmo, é a “Questão Indígena” brasileira. Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz empregou uma equipe de 50 pesquisadores e percorreu 113 aldeias entre 2008 e 2009, entrevistando cerca de 6.700 índias, de 14 a 49 anos, e os responsáveis por aproximadamente 6.300 crianças, de 6 meses a 5 anos de idade.

5/5/2010


As sofridas autênticas brasileiras

Sylvia Romano*

Um tema que me incomoda muito, já tendo inclusive redigido artigos sobre o mesmo, é a "Questão Indígena" brasileira. Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz empregou uma equipe de 50 pesquisadores e percorreu 113 aldeias entre 2008 e 2009, entrevistando cerca de 6.700 índias, de 14 a 49 anos, e os responsáveis por aproximadamente 6.300 crianças, de 6 meses a 5 anos de idade.

Ao ter acesso a algumas informações publicadas do 1º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, mais uma vez, a minha indignação como mulher brasileira e advogada veio à tona. Só para ilustrar o que digo, cito alguns dados: 20% das crianças indígenas não têm registro de nascimento; o mesmo estudo detectou a ausência do Estado, a precariedade de saneamento, altos índices de doenças controláveis e a dependência da população dos programas de benefícios sociais; 80% das crianças de 6 a 11 meses sofrem de anemia, bem como as mulheres, cujo porcentual de anêmicas chega a 47% no norte do País.

Outro dado alarmante sobre as índias brasileiras é o incremento da necessidade das mesmas sofrerem cesáreas por ocasião do parto, que chega hoje a mais de 23%, em razão da maioria das jovens engravidar a partir dos 11 anos, o que causaria entre nós "homens" civilizados o enquadramento penal por pedofilia.

Tais vergonha e desgraça que atingem o nosso povo indígena continuam até os dias de hoje graças a uma política mantida pelos nossos dirigentes em Brasília, que só se preocupam em manter tudo como está, principalmente os burocratas que dizem defender esses autênticos brasileiros, mas que estão mesmo querendo é manter os seus empregos em autarquias e departamentos que deveriam cuidar e integrar esta pequena população de silvícolas e não o fazem, preferindo deixá-la na ignorância, sob a justificativa, em pleno século XXI, de que tal povo tem de ser preservado e mantido como animais de zoológico, sem direito e sem acesso a toda modernidade que a civilização atingiu.

O mundo vem evoluindo e muito. Culturas são e devem ser preservadas em livros e museus. Será que não dá para se iniciar um programa de integração o mais rápido possível dos nossos irmãos indígenas, acabando com essa bobagem de manter áreas isoladas dentro do próprio território brasileiro?

Tenho a mais absoluta certeza de que se os nossos índios fossem consultados, todos gostariam de ter a oportunidade de crescer e se integrar a nós, como fizeram os imigrantes que aqui chegaram e que hoje fazem parte da nossa sociedade — direito este que os nossos verdadeiros donos da terra ainda não tiveram.

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados










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