República
Lembro com todos os detalhes o dia em que entrei para a faculdade. O nome no jornal. O telefonema dos amigos. A alegria da família... e a preocupação que sondava a cabeça de todos pela casa - como é que vai ser agora ?
Da Redação
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Atualizado em 4 de dezembro de 2009 12:34
República
Eça de Queirós - personagens e cenas jurídicas de um homem do Direito
Em "A Capital", Eça de Queirós conta-nos a história de Arthur, um jovem que fora enviado por seu pai a Coimbra para os últimos preparatório de Geometria e Introdução, a fim de que pudesse entrar na "Universidade" não "como o recruta bisonho, mas bem como o soldado aguerrido" :
com muita economia, instalou-o na casa das Barbosas, da Rua da Matemática, e deixou-o recomendado ao filho de um seu velho amigo, o Teodósio Margarido, valentão de grandes bigodes, terrível aos calouros, grande matador de gatos, que usava uma moca enorme e frequentava o terceiro ano de Direito.
Com o passar do tempo, Arthur fez amizades e pôde vivenciar uma experiência singular : a vida em república.
No ano seguinte, Teodósio, que se afeiçoara à natureza obediente de Artur e queria ter o seu calouro à mão, arranjou-lhe um quarto na casa em que vivia, na Couraça. Foi uma aventura, um entusiasmo para Artur, que conhecia de tradição e admirava de longe os companheiros de casa de Teodósio - rapazes extremamente literários, redatores ardentes do jornalzinho o Pensamento.
Artur sentia-se ainda mais motivado no novo ambiente. Tanto que para poder ter uma frase nas discussões entre os jovens:
começou a devorar todos os livros de Teodósio, com uma sofreguidão confusa, indo de Petrarca à História da Revolução Francesa, de Stº Agostinho a Balzac, começando mesmo Hegel e precipitando-se logo para as Orientais e para a legião dos Românticos.
Em certa medida, a história de Arthur é a própria história de Eça de Queirós, que também foi para Coimbra estudar Direito. Outros grandes nomes também tiveram suas trajetórias marcadas pela vida em república, como é o caso de Monteiro Lobato. Deixando Taubaté para ir estudar em São Paulo, o escritor encontrou o "Minarete", um chalé onde viviam Godfredo Rangel, Ricardo Gonçalves, Raul de Freitas e Artur Ramos. Ali viveu e muito aprendeu Monteiro Lobato. Não há dúvidas quanto à contribuição da vida em república para sua formação.
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