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Profissão

"Sociedades atraem advogados de prestígio"

Da Redação

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

Atualizado às 09:51

 

Profissão

 

O Estadão de hoje traz matéria dizendo que "Sociedades atraem advogados de prestígio". Entre os entrevistados estão Alexandre Bertoldi e Luiz Roberto Peroba Barbosa, do escritório Pinheiro Neto Advogados, e Charles Isidoro Gruenberg, do escritório Leite, Tosto e Barros - Advogados Associados.

 

Leia abaixo a íntegra da matéria.

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Sociedades atraem advogados de prestígio

 

No setor privado, modelo usado por grandes escritórios distribui lucros e poder

 

De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cerca de 500 mil advogados atuam no Brasil. A profissão, entre as mais procuradas nos vestibulares, é conhecida como uma das que proporcionam maior status e retorno financeiro. Na busca pelo sucesso, a meta dos que escolhem o setor privado geralmente é a de se tornarem sócios de um escritório de renome, cargo em que os ganhos ultrapassam R$ 15 mil mensais.

 

Poucos, entretanto, chegam a essa posição de liderança.

Em primeiro lugar, profissionais da área contam que é preciso ter uma boa formação acadêmica e ir atrás de um emprego logo no começo da faculdade. "99% dos sócios começam no escritório como estagiários", afirma Alexandre Bertoldi, sócio sênior e membro do grupo executivo do Pinheiro Neto Advogados, um dos maiores escritórios do País. Lá existe um plano de carreira totalmente definido e o caminho até se alcançar a sociedade dura, em média, 11 anos.

 

Mas esta não é a regra para todos. Fábio Kujawski, sócio do escritório BKBG, também começou a trabalhar cedo, mas não quis seguir nenhum plano de carreira das sociedades de advocacia. Ele fez estágio durante a faculdade, no Brasil e no exterior, e quando se formou decidiu abrir seu próprio escritório. "Acho que para se ter ascensão rápida é preciso arriscar um pouco", diz. Para isso, ele buscou se especializar num ramo ainda pouco explorado, o de telecomunicações. "Fiz uma aposta e comecei e a publicar artigos na área mesmo sem clientes. Aos poucos, grandes nomes do setor começaram a procurar meus serviços e, com 26 anos, me tornei sócio de outro escritório, o Carvalho de Freitas e Ferreira, com o qual tinha parceria".

 

Retenção de talentos

 

O modelo de sociedade é comum nos escritórios de advocacia. Conforme Bertoldi, isto estimula os bons profissionais a se manterem em grupo. "O advogado é um profissional liberal, e uma das formas de incentivá-lo é pelo salário e pela possibilidade de participar como sócio. Só vamos atrair e manter os melhores profissionais com a constante abertura de espaço", diz.

 

Ricardo Barreto, sócio do escritório BKBG, afirma que é preciso ter uma política em que novos talentos sejam absorvidos: "E isso não é só dar o título de sócio, mas também em termos de remuneração. É preciso muito cuidado para compatibilizar o salário com o talento".

 

Para se tornar sócio do Pinheiro Neto, por exemplo, é preciso do voto de todos os 66 sócios. A comunicação, por isso, é fundamental. "É preciso se esforçar para ser reconhecido e se expor, se relacionar bem com as pessoas", diz Luiz Roberto Peroba Barbosa, recém-nomeado sócio da empresa.

 

Em alguns escritórios também foram criadas categorias de sócios. No Leite, Tosto e Barros, além dos sete sócios, agora se juntaram ao time de liderança mais 4 juniores. O poder de decisão é igual entre todos, o que muda é apenas a participação na empresa. "Para mim, isso foi além do crescimento financeiro, uma recompensa por toda a dedicação", conta Charles Isidoro Gruenberg, de 27 anos. Ele diz que a posição lhe deu maior poder de liderança e responsabilidade dentro do escritório, que tem 125 advogados.

 

Visão empresarial ajuda muito

 

Conhecimento de outros idiomas também é fundamental

 

Para ocupar a posição de sócio dentro de um escritório, é preciso mais do que formação acadêmica e ser um bom profissional. Hoje, já é exigida uma visão empresarial. "A pessoa precisa agregar também em termos de visão. Precisa trazer novos casos", explica Alexandre Bertoldi, do Pinheiro Neto.

 

Outro sócio do escritório, Luiz Roberto Peroba Barbosa, diz ainda que é necessário muito esforço e dedicação ao cliente. "O aprimoramento é muito importante, pois estamos sempre lidando com grandes clientes. Precisamos nos reciclar". Para tanto, ele também atuou durante um ano no exterior, em Nova York.

 

Aparte de línguas, segundo Ricardo Barreto, sócio do BKBG, é fundamental nos escritórios internacionalizados. "Não basta o inglês, o advogado tem de buscar uma outra língua. Também é importante ter uma pós-graduação ou mestrado". Fábio Kujawski, sócio do mesmo escritório, fala três línguas e, periodicamente, faz cursos de extensão. "O mercado está muito acirrado e hoje ter uma percepção global e empresarial é muito importante".

 

O melhor começo para o profissional que queira seguir carreira dentro dos escritórios é o estágio. Muitas empresas admitem a partir do segundo ano de faculdade. Barreto, porém, afirma que é importante se pensar no treinamento do futuro advogado. "Se o estudante perceber que o estágio não o forma intelectualmente, deve procurar outra empresa".

 

Depois de formado, o advogado passa por três categorias: júnior, pleno e sênior. Quando se chega ao último degrau, dentro do cargo de advogado sênior, é que pode ocorrer o convite para a sociedade. O profissional ganha, então, direito de voto nas decisões do grupo e uma participação na empresa. Também passa a coordenar grupos de advogados ou assume alguma posição diferenciada.

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