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Waldir Troncoso Peres, o príncipe dos Advogados

O direito perdeu esse ano o ilustre Waldir Troncoso Peres (OAB/SP 5.755), aos 85 anos. Formado pelas Arcadas (Turma de 1946), Troncoso Peres era considerado um dos mais importantes criminalistas do Brasil, tendo exercido sua profissão por mais de 50 anos.

Da Redação

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Atualizado em 7 de agosto de 2009 13:40


Homenagem

Criminalista Waldir Troncoso Peres

O Direito perdeu, em abril deste ano, o ilustre advogado Waldir Troncoso Peres (OAB/SP 5.755), aos 85 anos. Formado pelas Arcadas (Turma de 1946), era considerado um dos mais importantes criminalistas do Brasil, tendo exercido sua profissão por mais de 50 anos.

Durante sua carreira, Troncoso Peres fez mais de mil júris.

 

O primeiro deles foi aos 21 anos, em Casa Branca/SP, como contou o próprio advogado, em entrevista à OAB/SP :

"A cidade tinha quatro advogados na época. Dois estavam viajando e dois se deram por impedidos. Estava começando a cursar o quarto ano de Direito. Eu não tinha permissão legal para defender, mas, pela falta de defensor, fui nomeado pelo juiz. Desde então, aquilo me seduziu, me encantou, me deixou feliz e eu passei o resto da vida aqui dentro deste escritório, levando avante minha felicidade".

Após se formar, em 1946, abriu seu próprio escritório com um amigo e passou o resto da vida advogando.

Para Waldir Troncoso Peres "o advogado deve acreditar no que faz e ir para o júri com a convicção de que o homem necessita de defesa, porque o valor supremo, do qual todos os outros dependem, é a liberdade".

Troncoso defendia a ampliação do júri para outras áreas, como em casos de crimes políticos, de corrupção ou contra a administração.

Em 1950, foi nomeado advogado interino do Departamento Jurídico do Estado e com sua aprovação em concurso público, em 1954, foi efetivado como advogado público estadual.

Em 1969, passou a atuar na Procuradoria de Assistência Judiciária, prestando assistência jurídica à população carente de São Paulo.

Aposentou-se como procurador do Estado em 1986.

Recebeu a Medalha Anchieta, concedida pela Câmara Municipal de São Paulo; o prêmio da Balança e da Espada, conferido pela OAB/SP; e do Colar de Mérito Judiciário, concedido pelo TJ do Estado.

  • Acompanhe abaixo a repercussão da morte de Waldir Troncoso Peres aqui em Migalhas e nos principais jornais paulistas :

________________

  • Carta dos Leitores - Migalhas

    "Dizer o que? Vi, ouvi e aprendi. Quanta felicidade. Meu silêncio será a mais justa homenagem (Migalhas 2.121 - 13/4/09 - "Falecimento" - clique aqui) a mais loquaz oratória que pude presenciar. Ide encontrar com Ibrahim, outro gênio da oratória. Espero ainda muito viver, para sempre e muito lembrá-lo e reverenciá-lo, meu grande mestre."


    Jose Augusto Silva Ribeiro


    "Cursava o terceiro ano da graduação, por volta de 1969, no Mackenzie, quando fui convidado pelo estimado mestre, professor Hermínio Alberto M. Porto para fazer um estágio no Fórum Criminal. Recomendava-me o estimado mestre a assistir aos julgamentos que aconteciam no 1º e 2º Tribunal do Júri, pois muito iria aprender. Eu, que já mostrava certo pendor pela advocacia criminal, aceitei de pronto. Assim, certa feita, fui espectador da maior aula de direito penal e processual penal que até então tivera e, com incontida emoção, fui igualmente privilegiado com a fulgurante oratória do Dr. Waldir Troncoso Peres. O tempo passou, porém, ao longo destes anos, aquela imagem do tribuno inigualável acompanhou os meus passos, servindo de alento na minha modesta carreira profissional, ainda marcada pela irrefreável vocação que tenho pelas defesas no Júri. Quantas vezes, na preparação para o trabalho no plenário, voltei o meu pensamento para aquele tempo de tão edificante aprendizado, vendo diante de mim o grande Dr. Waldir, recolhendo desta evocação uma motivação maior para o enfrentamento que teria pela frente. Hoje, aqui da minha mineira e interiorana Delfinópolis, leio, entristecido, nas notas deste tão saboroso informativo, a notícia de que aquela culta e vibrante voz não será mais ouvida por nós todos, ainda e sempre, seus admiradores e discípulos. Que DEUS o tenha, e seu espírito nos ilumine, ainda mais."


    Pedro Antônio Soares da Silveira



    "Fui criado profissionalmente ao lado de Waldir. Sempre me orgulhei de conviver com o Espanhol, diariamente, no Fórum criminal e de participar de alguns processos do Júri com ele. Estou triste, mas sei que ele cumpriu sua missão. Agora, vai se preparar para nova. Obrigado Waldir!"


Antonio Cândido Dinamarco


"Tirante a grande dor pelo falecimento do Espanhol, como carinhosamente era chamado, que sempre me perseguirá, relembro o conselho: 'Escreva, escreva muito, escreva sempre, seu caráter o exige e evitará terapia e terapeuta'. Segui. Estou em Migalhas, com muito orgulho. Adeus, querido amigo!"


Jayme Vita Roso - escritório Jayme Vita Roso Advogados e Consultores Jurídicos


"Na madrugada de 30 de março, de 1981, às 1h30 na Alameda Santos n° 1091, interior do Bar e Café Bela Époque, foi o cenário de um homicídio passional. O cantor Lindomar Castilho, já andava desconfiado que sua esposa, Eliana de Grammont, estaria traindo-o com seu primo Carlos Randhal, sócio nos negócios. Armado com revólver 38 cano longo, municiado de balas canto vivo, descarregou sobre a vítima que se apresentava cantando, acompanhada ao violão de Carlos Randhal. Seguiu-se uma briga, com Carlos tentando desarmar Lindomar, sobrando-lhe alguns tiros, sendo por fim Lindomar enquadrado em homicídio com relação a vítima Eliana e tentativa de homicídio com relação a Carlos. Um dos últimos júris do Príncipe que assistimos e, marcou São Paulo, foi o julgamento de Lindomar Castilho, iniciado no dia 23 de agosto de 1984, audiência que se prolongou até a madrugada de 24 de agosto, um sábado. Presidiu a sessão o Juiz Presidente do Primeiro Tribunal do Júri, Dr. José Roberto de Almeida, na acusação o Dr. Promotor Antonio Visconti. A tese abraçada por Waldir fora violenta emoção e relevante valor moral, pensando numa pena de 4 a 16 anos. Waldir conseguiu 12 anos, o que levou muitos a pensar que houvera perdido o júri. Mas o importante fora o impressionante duelo de titãs, verdadeira aula de direito (penal, processo penal, criminologia, psicologia forense) travada no plenário daquela Corte em São Paulo, de um lado, na defensoria o Espanhol, como era carinhosamente tratado pelos amigos, Waldir Troncoso Peres e, na assistência ao MP, representando a família enlutada, Márcio Thomaz Bastos. Foram debates eloquentes nos 3 dias de julgamento; aprendemos. O que importou naquele trabalho foi a essência do contraditório, materializado na doutrina sobre o crime passional, onde Waldir teceu profundas diferenças doutrinárias de Magalhães Noronha e Nelson Hungria, este radicalmente contra os passionais. Ao final da tréplica, e explicações dos quesitos, Waldir esgotado, pediu licença aos jurados e ao Presidente para não acompanhá-los na Sala Secreta, permanecendo seu assistente. Notou-se o altíssimo nível dos profissionais (defesa e acusação) os quais esmiuçavam as provas dos autos: declarações, documentos, comparação de acórdãos, oitiva de testemunhas, num tempo em que os operadores do direito nem de longe pensavam na pouca criativa interceptação de áudio, escutas e invasão de arquivos, quebra da privacidade, adentrando nossos arquivos de informática. Bons tempos. Em outras oportunidades, encontrávamos Waldir, sempre alegre e comunicativo, ao lado da confraria, nos almoços, em sua mesa cativa no Itamarati. Colegas, hoje entristecidos, protestam suas 'alegações finais' ao Príncipe que adentra aos céus, sendo recepcionado por Santo Ivo e tantos que deixaram saudades de uma advocacia exemplar."


Arnaldo Montenegro


"O incomparável Waldir Troncoso Peres foi quem melhor revelou, a meu juízo, toda a amplitude da alma de um verdadeiro advogado. Perdemos todos ao nos separar, momentaneamente, do seu brilho que continua, por certo, cada vez mais fulgurante."


Salvador Ceglia Neto - escritório Ceglia Neto, Advogados


"Quanto às considerações do ilustre colega criminalista, quanto a figura ímpar do tribuno Dr. Waldir Troncoso Peres, concordo em gênero, número e caso, acrescentando apenas que o ilustre falecido possuía mais uma qualidade : não era ávido pelo poder, como atualmente percebemos em alguns colegas, que mesmo diante de sofríveis administrações a frente de diversos órgãos, ao invés de ter a hombridade de renunciar aos mandatos que lhes foram incautamente conferidos, insistem em permanecer no poder, à moda de famoso e boquirroto político latino-americano."


Antônio Ribeiro - advogado e escritor


"Amigos, desapareceu corporeamente Waldir Troncoso Peres. Não era jurista. Não era professor. Não era acadêmico. Não ostentava títulos. Não era fissurado em mídia. Simples e grandiosamente, foi advogado. Ídolo de nossa geração, encantou a muitas com seu inigualável talento, principalmente vocacionado para o júri. Dos tribunos, foi o melhor que conheci. Como sempre, o Direito Penal foi, é e será o que mais apaixona o estudante de Direito. Tivemos, em nossa formação, a sorte de assistir a muitas palestras e júris simulados em que Waldir desfilava sua ampla cultura, reflexos e incomum aptidão para uma oratória que, a serviço da defesa de seus clientes, não raramente os transformava de demônios em anjos perante os mais rigorosos jurados. Formou-se em 1946 pela São Francisco. Como permanente estrela do tribunal do júri protagonizou inúmeros casos de grande emoção, muitos pitorescos. Numa ocasião, num dificílimo embate contra o festejado e competente promotor Djalma Lucio Gabriel Barreto, estando em desvantagem na argumentação fática, com admirável convicção invocou a lição do insigne jurista Antonio Dias Leite para dar suporte a um precedente que livraria seu cliente de uma condenação. Após a sessão, curioso estudante que era, perguntei-lhe quem era o jurista citado, de quem nunca ouvira falar. Ele, maroto como criança, confidenciou-me que o 'jurista' era o engraxate do Fórum Criminal, e que não tendo sido interpelado pelo adversário a respeito da origem da personalidade citada, considerava válida e eficaz sua verve e argumentação, que, afinal ajudara a absolver seu cliente. Dele ouvimos (muito de nós, estudantes de 1972), uma frase de que me lembro agora, com saudades: 'Eu já pedi a meus filhos que, quando for a hora, me enterrem com minha beca, pois ela que me ajudou a encontrar a chave da porta da cadeia, há de me auxiliar a encontrar a chave do reino dos céus'. Beijos e abraços."


Orlando Maluf Haddad


"Um lutador incansável pela liberdade. O homem que levou ao extremo o princípio de que quando em contraposição o Direito e a Justiça, deve-se lutar pela Justiça. Meus sentimentos à família enlutada e à comunidade jurídica do Brasil que perde mais um de seus pilares."


João Garcez Ghirardi - escritório Rui Pena, Arnaut & Associados - Sociedade de Advogados, Portugal


"Na rota mágica do tempo e da vida, presentes dados por Deus aos vis mortais, lastime-se as perdas que temos. No caso específico, o Dr. Waldir era um brinde a quem bem quisesse ter diante de si um maravilhoso exemplo do que era advogar. Fui brindada pela possibilidade de vê-lo palestrar a jovens acadêmicos. Já apaixonada pelo Curso de Direito, saí, ainda mais. Guardando daquele Mestre a imagem da advogada que queria ser. Lamentável a perda, mesmo que se saiba que não se tenha o convívio diário da pessoa. Que dilema é a vida, perder um Jurista desses, deixa, com certeza, o universo menos inteligente e apaixonante."


Viviane Alves Vieira


"A perda, do nosso querido Troncoso é além de irreparável, lamentável, porque penso que esta nova geração de advogados, tão cedo, não irá conhecer um defensor com tamanha envergadura, eloquência, simplicidade, humildade, mas sobretudo e acima de tudo, com muita luz e sabedoria, que soube buscar e defender a tão desejada: justiça !"


Ana Catarina Strauch


"Não conheci pessoalmente o Dr. Waldir. Mas, como aluno das Arcadas, tive a primeira e magnífica aula com o mesmo ao acompanhar o julgamento do caso Lindomar Castilho. Recordo-me que, ao adentrar ao recinto reservado aos advogados utilizando minha carteirinha do Centro Acadêmico XI de Agosto, assombrei-me com a eloquência desse mestre e logo, retornando a Campinas, fui comentar com meu pai os detalhes do embate com o Dr. Marcio Thomaz Bastos. Lembro-me, igualmente, de vê-lo adentrar o Itamarati para almoços com os colegas onde, de longe, era possível sentir a áurea da majestade. Penso que nesses momentos aprendi e renovei o acerto de minha decisão em seguir a carreira jurídica, inspirado por esses mestres. Descanse em paz Dr. Waldir e obrigado pela aula."


Abelardo Pinto de Lemos Neto - escritório Lemos e Associados Advocacia


"Elogio a um criminalista, que da memória jamais desaparecerá. Waldir Troncoso Peres não foi apenas um grande criminalista. Foi e persiste sendo um ícone da advocacia levada a sério por um homem que acreditava na capacidade do seu semelhante em ser indulgente, temperante, e, principalmente, via mortificado as misérias humanas. Referencial para todos os criminalistas, Waldir Troncoso Peres nunca esmoreceu nas causas em que atuou. Advogado estrênuo, combativo, punha a exuberância de sua vasta cultura e profundo saber jurídico a serviço da guarda e sentinela dos direitos de seus constituintes. Orador de inigualável atilamento, tornava os júris em que atuava um espetáculo da razão humana. Waldir Troncoso Peres é insubstituível. Ocupa um lugar na história da advocacia brasileira ao lado de outros igualmente imortalizados pela atuação e contribuição que sempre viverão na memória dos pósteros. A FADESP - Federação das Associações dos Advogados do Estado de São Paulo, lamenta, com profundo pesar, o passamento do advogado Waldir Troncoso Peres, e solidariza-se com a dor de seus familiares e amigos."


Raimundo Hermes Barbosa - Presidente do Conselho da Carteira e Conselheiro Federal da OAB


"Militante na esfera do direito do trabalho, há quase 50 anos, não conheci pessoalmente o Dr. Waldir Troncoso Peres. Tal circunstância não me impediu, todavia, de tomar conhecimento da inteligência, combatividade e independência e invulgar brilho do ilustre advogado criminalista, a quem sempre admirei. Á família enlutada os meus sentimentos de pesar."


Almir Pazzianotto Pinto


"No encerramento do meu curso de Direito na Univap, em 1970, tive o privilégio de assistir a uma aula magna de Direito Penal com o Dr. Waldir. O que aprendi nessa aula valeu por todo o curso."


Benedito Rodrigues de Souza


"A comunidade juridica brasileira e internacional, ganha memória, perde um grande jurista e faz história. Saudades do professor eterno."


Aparecido Luiz Carlos Cremonezi


"Sem dúvida o mundo juridico perdeu um jurista e um ser humano de primeira grandeza. Só temos a agradecer por todos os seus ensinamentos e brilhantismo."


Ana Maria Araujo Kuratomi


"Ainda jovem estudante de direito, fui agraciado com a oportunidade de presenciar no 1º Tribunal do Juri de São Paulo o valoroso debate do Nobre Criminalista, no caso Lindomar Castilho. Foi sem sombra de dúvida, um feito memorável pois tive a honra de ver o Dr. Waldir ministrando aquela aula de direito penal que foi, para mim, um aprendizado, tenho registrado na memória tão brilhante atuação. Aos familiares, amigos e ao Direito Brasileiro na cátedra do Ilustre Dr. Waldir Troncoso Peres, meus sentimentos por tamanha perda."


Pedro Manoel de Albuquerque


"Como criminalista e especializado em Tribunal do Júri há mais de 28 (vinte e oito) anos, posso afirmar que realmente o Dr. Waldir Troncozo Perez foi o Príncipe dos Advogados Criminalistas, era uma pessoa muito especial, carismática e sobretudo, nos Plenários apresentava sua eloquência com o saber jurídico e esperiências profissional, foi um profissional que realmente nos honrou."


José Beraldojo


"A Seccional da OAB de Mato Grosso do Sul irmana-se a todos os que sofrem pela perda irreparável do emblemático Advogado Waldir Troncoso Peres. Perdemos nós; ganham os anjos a companhia de um dos mais cativantes e inteligentes oradores da história do Brasil. Ele, que defendeu a liberdade durante toda a vida, abrindo as portas dos cárceres; agora se instala na eternidade após encontrar aberta a porta do Céu."


Fábio Trad


"Quando morre alguém querido, morre-se um pouco com ele. Morreu Waldir, querido como um grande causídico, por toda a classe advocatícia. Mais um criminalista que se vai repousar junto com Dante Delmanto etc. Só resta-nos, se houver eternidade, desejar que ele descanse em paz e, se houver Deus, que ele defenda-nos quando formos."


Olavo Príncipe Credidio


"Em 1996 tive a oportunidade, na sede da OAB/SP, de assistir a um discurso do inigualável Waldir Troncoso Peres. A pláteia lotava o recinto e, após o término daquelas palavras que ainda percutem na memória, o ovacionou, em pé, por minutos. Foi uma cena inesquecível. Naquele dia eu tive a certeza de que nunca mais ouviria alguém falar com tanta verve, conteúdo, elegância e originalidade. Foi um marco inspirador à minha área de atuação. Obrigado Professor Waldir!"


Eduardo Antonio da Silva


"O nome do Dr. Waldir Troncoso Peres transcendia a sua pessoa. Seu conhecimento jurídico, literário e filosófico impressionavam positivamente a todos e ficou patente em palestra que ministrou no IBCCRIM onde, com verve e eloquência, expôs sua experiência no tribunal do júri."


Warley Belo


"Sem dúvida uma perda irreparável na acepção do termo, porém ficam o exemplo e a história. Uma pena."


Antonio Luiz Bueno Barbosa


"Senti o nó na garganta, quando li em Migalhas a infausta notícia do falecimento do brilhante Waldir Troncoso Peres. Ainda agora, sinto a ameaça de furtiva lágrima que teima em deixar meus olhos mas que é por demais covarde para vir ao mundo e molhar minhas faces, pranteando o grande e já saudoso criminalista. Lembro-me bem do iluste causídico, pois quando militava no então combativo "O Estado de São Paulo" , fui destacado para cobrir alguns dos juris no qual atuou. Sua eloquência era ímpar. Impressionava-me a emoção carregada nas suas palavras. Ao defender seus pontos de vista, parecia transformar as palavras em cenas concretas, tamanha a capacidade de expor os fatos, encenando-os com gestos magistrais, ocupando o "teatro do salão do juri". É quase como se víssemos a cena daquilo que ele defendia, acontecendo naquele momento, à nossa frente, e não um fato passado. Impressionante, é o mínimo que posso dizer sobre seu estilo de atuar, seu timbre oratório, o modo como olhava jurados, réus, juízes, público. Um "Messias" do Direito" pregando suas convicções. O difícil era-me transferir a notícia para o papel, com a isenção do verdadeiro jornalismo. Minhas condolências aos familiares e que o exemplo do Dr. Troncoso Peres, seja copiado pelos advogados brasileiros. Sei que é difícil, porque Troncoso Peres é único. Mas, não custa nada tentar ser um discípulo da sua memória."


Hairton Santiago


"Quem morreu? Se morrer é só deixar o plano fisico, então se morre de véspera! O inconformismo com a saída para o sempre, se dá em razão, exclusivamente, da falta fisica. Quando se é inesquecível, jamais se morre! Seu trabalho, seus ensinamentos e seu exemplo perpetuarão infindavelmente pelo mundo físico, com seus reflexos dourados nos campos verdejantes de nossa lembrança. E quando não mais tivermos lembranças....lá nos reencontraremos. Quem morreu ?"


Carlos Marcelo Rembis Marques


"Waldir Troncoso, numa aula inaugural que assisti, em meados dos anos 90, na Universidade MAckenzie - orador estupendo que era- cunhou na minha memória a seguinte expressão...falando acerca dos que disputavam a eleição estudantil...." ...porque se acredita o melhor..." Uma pequena frase, recortada de um discurso, que ilustra o raciocínio do grande advogado....deixa saudades..."


Jucelio Cruz


"Se o grande Waldir Troncoso Peres encantou-nos com sua imensa sabedoria, agora ficou encantado e jamais perecerá em nossa memória."


Josino Fernandes de Sousa


"Waldir Troncoso Peres se junta a Evandro Lins e Silva, a Evaristo de Moraes Filho, a Ariosvaldo de Campos Pires e a tantos outros que inspiraram várias gerações de advogados criminalistas e apaixonados pela tribuna do júri."


Leonardo Isaac Yarochewsky


"Waldir Tronsoco Peres, sinônimo de LIBERDADE."


Carlos Alberto Galvão Medeiros


"Falar de Waldir Troncoso Peres é muito fácil porque foi ele a estrela maior desses últimos anos de juri. Não é preciso dizer mais a seu respeito, a não ser que, a sua grandeza como advogado criminalista se confundia com sua humildade como ser humano."


João Schall


"Por volta de 1987 o Dr. Waldir foi a Tietê fazer a defesa de um industrial, de Cerquilho, que havia disparado a arma contra seu genro, matando-o. Não tenha dúvida, a cidade parou, não havia outro assunto senão quem chegou de repente para fazer a defesa no Júri, a convite do Dr. Bento. Mas como? Assim, de repente? Sim, a defesa, então sob a batuta do Dr. Bento, convidou o Dr. Waldir, que chegou ao Hotel Cuitelo, na Praça, na noite anterior ao Júri que iria se iniciar na manhã seguinte. Duas horas foram suficientes para conhecer o processo. Na acusação outro brilhante Valdir, o Dr. Valdir José Santiloni, hábil e combativo Promotor, expondo como, a seu ver, ocorreu um homicídio de forma premeditada e que pela trajetória da bala, não havia meios de defesa para a vítima. Iniciou então o Dr. Troncoso Peres expondo os ares de montanha de onde tinha vindo e a vida de homem honrado do acusado. E mais adiante, fez colocar uma cadeira no meio do Plenário do Júri, adiantou que aquela cadeira representava a pequena grade à frente da casa que separava o abrigo do lar do acusado e a ameaça da vítima e erguendo sua perna sobre a cadeira, com seu esguio perfil, fez mostrar ao júri a trajetória da bala, até então de impossível defesa. Foi então que a acusação bradou: "tanto que o réu é culpado que mandou buscar o maior Advogado do Brasil para fazer sua defesa", inegável gesto derradeiro de retórica. Veio o veredicto de absolvição e formou-se uma verdadeira entrevista entre o Dr. Troncoso, Advogados, estudantes e cidadãos de Tietê e de suas palavras destacou que hoje em dia os Advogados são muito técnicos, mas falta-lhes a leveza e o aprimoramento que somente se adquire com a leitura de grandes poetas, o que não tem ocorrido. Sabe Dr. Troncoso, hoje se escreve muito, há muita técnica, mas pouca aplicação e a literatura e a poesia são quase inexistentes nas lides diárias, salvo as Migalhas, que por tradição, as une ao Direito na colheita diária dos leitores. Descanse em paz, sua técnica, expressão e lição de que todos têm direito de defesa ficaram marcados em nossa atividade e em todos os tieteenses que tiveram o prazer de ouvi-lo."


Carlos José Marciéri


"Não tive uma convivência tão próxima com Ele, mas desfrutei de seus ensinamentos quando esse Homem Sagrado, paramentado com a dignidade da Beca abria os braços no Plenário do Júri e com inaquilatável cultura a voz incomparável transformava os julgamentos em momentos históricos. Doutor Waldir Troncoso Peres, tenho a felicidade de conhecer seu Abençoado Filho, sua Nora e principalmente sua netinha, mestiça como minha Netinha. dr, Troncoso Peres, obrigado, seja muito feliz ao lado do Papai do Céu, estou orando pelo Senhor com muito amor. Amém."


Norberto da Silva Gomes


"Primeiro anista de Direito, deixava de cuidar das tarefas que minha condição de estagiário exigia, e corria a me sentar nas cadeiras do pomposo salão do 1º Tribunal do Juri , levitando ao som da voz do maior advogado criminalista que conheci. Foi esta a figura que sempre pintei, exibi e louvei aos meus filhos. Lastimo que estes já não possam exibí-los aos seus. Perdemos todos; perdeu a advocacia brasileira... Que grande tristeza ver apagar-se esta luz tão forte."


Mauro Abramvezt


"Fui jurado, em São Joaquim da Barra, com Waldir Troncoso Peres na defesa. Brilhante! E o danado enxugou um litro de conhaque durante o julgamento."


Francisco Antonio Diniz Junqueira


"Conheci o defensor Waldir Troncoso Peres, no júri da Capital, onde fui promotor de justiça em idos de 1982 a 1984. Por ter exercido antes a advocacia (OAB/SP 25.377), jamais consegui disfarçar minha admiração pelo modo de ser daquele tribuno. Singelo, discreto, até humilde, mas arrojado, eloqüente, destemido e respeitoso, no uso da defesa. Eram dois Waldires, o Davi, do dia, e o Golias, gigantesco, da tribuna. Lembro -me do colega, Pedro Franco de Campos, chamando - de "Wardirzão"-. Eu, preferia brincar, dizendo-o uma "cascata", pois seu raciocínio hipnotizava o jurado, embriagava o promotor, sensibilizava o magistrado. Começava a falar baixinho, mas crescia e prendia a todos, nas elocubrações e paráfrases, oportunas e bem colocadas. Deixei o júri, e quase não mais o vi. Mas ficou o perfil do procurador do Estado, do defensor de voz grave, calma, hipnótico. Certamente, na eternidade, livre da matéria, "Waldirzão" vai defender muito cristão, que aporte aos céus, deixando o porteiro do paraíso em dúvida, e lá virá ele, com sua retórica e poder de persuasão, para defender mais um. Que Deus o receba, Mestre. Missão cumprida, mantida a fé."


Evanir Ferreira Castilho


"Tive um contato profissional apenas efêmero com o grande 'Espanhol', mas o pouco de sua convivência permitiu conhecer da grandeza de sua alma, da inteligência ímpar e da argumentação persuasiva fora de modelo qualquer. Um grande mestre, um dileto amigo. Perdemos todos com sua partida. Seu exemplo, entretanto, é nossa grande herança. Uma prece em favor de sua alma."


Maurimar Bosco Chiasso


"Nos idos do ano de 1992 ou 1993, quando ainda ocupávamos o assento acadêmico, tivemos o primeiro contato com a verve do inesquecível Tribuno do júri, doutor Waldir Troncoso Peres, que veio a Santos assistir ao combativo Promotor de Justiça (Dr. Borba) em rumoroso caso em que foi vítima uma estudante de arquitetura. Foram 15 minutos de fala candente que incendiou o plenário e selou a decisão do conselho de sentença. Esta passagem, sem dúvida, fez florescer o que então era uma semente recém germinada e inspirou os nossos caminhos pelos plenários afora. Depois desse primeiro encontro, não perdíamos a oportunidade de reencontrá-lo, nas palestras proferidas (no IBCrim foram duas), momentos onde eu e muitos outros nos abeberávamos do saber do grande orador. Nostálgico por natureza, sempre ousava se despedir da platéia como se fosse a última palestra de sua vida, assim, de despedida em despedida, assisti várias. Rendo as justas homenagens pelo passamento do grande Tribuno do Júri, cuja postura profissional foi fonte de inspiração e exemplo a ser seguido. Com certeza, de sua morada celestial, velará por nós."


Ricardo Ponzetto


Nos meus cinquenta anos de profissão conheci vários e bons criminalistas de escol; todavia, Waldir Troncoso Peres, além de amigo e companheiro deixa escrito no universo jurídico, uma lição de profissionalismo, coleguismos, sabedoria e eloquência, que ficará para a posteridade como uma eterna aula inaugural para os que estão começando e para nós que já vivemos mais de meio século na lida forense. Sei que ele não se foi, pois permanecerá sempre entre nós e nos Tribunais.


J. A. Almeida Paiva


"Um grande estrondo e Deus Pai baixou no tal purgatório prá julgar em consistório quem será que pro céu vai lá das profundas quem sai é Belzebu acusando e a multidão vai rezando prá Deus todo poderoso : - vosso patrono indica! - Quem nos defende é Troncoso ! "


Ontõe Gago - Ipu/CE


"É com pesar que eu, juntamente com a classe de advogados do Estado do Tocantins recebemos tão triste notícia. Homenagem póstoma à uma grande jurista, que fazia do Tribunal do Juri uma extensão de seu habitar, realizando-se profissionalmente. Batalhador pelos direitos de seu cliente e acessibilidade a um julgamento justo. Um grande estudioso, para quem o conhecia, cheio de vida e de projetos. Mas, o destino quis com que ele não os realizasse mais. Vontade divina, que seja feita sua vontade. Por fim, ainda como homeagem singela cito breve texto. A vida e a morte Corre nas veias, No brilho de um olhar, Apenas no som de um respirar Deslumbra num simples passo... Num simples conjunto de passos, Que formam o caminhar... Num toque, Num gesto, Num movimento... Num batimento ritmado, De um coração que manifesta sua existência Tudo isso desapercebidamente Se passa quando ela existe... E também não se faz atentar Mas quando se vai Tudo fica inanimado Não há mais o que se vislumbrar O brilho se vai, A alegria, o amor, a esperança... Ficam apenas memórias Ficam apenas lembranças Entre a vida e a morte. (Cláudia Liz)"


Arthur Oscar Thomaz de Cerqueira - Conselheiro Estadual da OAB- TO


"Desde minha infância, conviví próximo ao direito, e sempre tive o nobre Dr. Waldir como um ícone, por seu profissionalismo e sua dedicação à Justiça. Com brilhantismo e dedicação, defendeu um ente familiar, e como sempre brilhou. Descanse em Paz, pois, seu aprendizado ficará entre nós, que buscamos a Justiça !"


Fernando R. Romano Jr


"O querido amigo e colega Waldir Troncoso Peres. Não pense que eu estava alheio. Não pense que eu não estava com você, em espírito. Não pense que não chorei, não gritei, não me desesperei. Não pense que, por estar longe, não tenha sentido. Não pense que minh'alma não está dilacerada. Não pense que, por ser colega, também não senti. A vida, uma pequena caminhada, pela Terra. A vida, um salto rápido, por este mundo. A vida, o prelúdio da morte, que, certamente, não é o fim. A vida, o antecedente necessário de um mundo melhor. A vida, o caminho de comunicação entre o homem e o desconhecido. A vida, o caminho da purificação, se bem vivida. O corpo, quando invólucro de uma alma sublime, O corpo, quando invólucro de uma alma pura, O corpo, quando invólucro de uma alma limpa, O corpo, quando invólucro de uma alma iluminada, O corpo, quando invólucro de uma alma luzidia, O corpo, quando invólucro de uma alma em estado de graça, Não perece jamais. Não desaparece. Apenas se transforma, Apenas se movimenta. Assim, era VALDIR. Assim, é sua alma. Assim, é seu corpo. E, por isso, VALDIR, que, em vida, deu tudo de si, E, por isso, VALDIR, que, em vida, construiu um mundo melhor, E, por isso, VALDIR, que, em vida, sonhou, viveu, amou, conquistou, E, por isso, VALDIR, que, em vida, iluminou o caminho dos seus, Tem um lugar certo, entre os mais dignos. Tem um lugar certo, entre os mais puros. Tem um lugar certo entre os justos. Por que estamos aqui? O que fazemos? Com certeza, o homem tem uma missão a cumprir. Nada existe por acaso. Do contrário, nada teria sentido. Negar alguma coisa é admitir sua existência, porque absurdo é negar o nada. E a eternidade do homem, na Terra, traduz-se pelo que ele faz, marcando sua passagem, de forma indelével e notável, quando se trata de seres humanos predestinados aos grandes feitos! E, assim, era! "


Leon Frejda Szklarowsky


"A morte é sem dúvida um absurdo!"


Giordano Rossetto


"Dr. Waldir Troncoso Peres era o 'cara'. (Um insignificante e obscuro advogado de Brasilia, querendo homenageá-lo, usando uma expressão da moda)"


Bartolomeu Bezerra da Silva


"Quem, ao conhecê-lo, não teve vontade de apertar-lhe nos braços? Acredito que todos que o ouviram, tiveram, como tive, esta grata oportunidade. É claro que ele, como excelente tribuno que foi e imortavelmente será, saberá pleitear ao Criador que seu espírito volte para iluminar a todos os advogados criminalistas que acreditam 'que o homem precisa de defesa'."

Alberto Luiz de Oliveira

"Dr. Waldir, Amigo incansável, frequentador de minha Delegacia enquanto fui Delegado do Consumidor do Estado de São Paulo, nunca deixou de cumprimentar as autoridades públicas, os colegas advogados e os estudantes, pelos quais, junto com os seus clientes, tinha especial predileção. Muitas vezes quando imaginei tivesse me esquecido, vinha ao encontro dirigir uma palavra, a mesma que rapidamente me dirigia enquanto era advogado iniciante. Que sua delicada consciência seja exemplo para todos no mundo difícil em que vivemos atualmente !"

Sergio Matheus Garcez

"É muito raro encontrarmos um penalista que não seja um apaixonado pela sua profissão. Porém, ser penalista não é somente uma paixão, mas uma opção de vida. É este o legado que nos deixa este ícone chamado Waldir Troncoso Peres."

João Batista de Oliveira

"Ainda na juventude, assisti entusiasmado um jurí onde o Dr. Waldir defendera um empresário conhecido da pequena cidade onde moro. Naquele dia percebi que a defesa de um acusado seja ele quem for, é o exercício pleno da humildade, pois aquele que defende sequer tem o direito de duvidar do acusado. Naquele dia na tribuna do Jurí ví um homem que sempre acreditou na Justiça e principalmente no ser humano. Lembro que no apíce de sua fala já na fase de tréplica o Dr. Waldir arripiou sua beca como um gato pronto para o ataque e logo em seguida com fala mansa e baixa, transpareceu a doçura daqueles que acreditam no homem e na vida."

Marco Antonio Barreira

"Dizer o que? Vi, ouvi e aprendi. Quanta felicidade. Meu silêncio será a mais justa homenagem a mais loquaz oratória que pude presenciar. Ide encontrar com Ibrahim, outro gênio da oratória. Espero ainda muito viver, para sempre e muito lembrá-lo e reverenciá-lo, meu grande mestre."

Jose Augusto Silva Ribeiro

"Cursava o terceiro ano da graduação, por volta de 1969, no Mackenzie, quando fui convidado pelo estimado mestre, professor Hermínio Alberto M Porto para fazer um estágio no Fórum Criminal. Recomendava-me o estimado mestre a assistir aos julgamentos que aconteciam no 1º e 2º Tribunal do Júri, pois muito iria aprender. Eu, que já mostrava certo pendor pela advocacia criminal, aceitei de pronto. Assim, certa feita, fui espectador da maior aula de direito penal e processual penal que até então tivera e, com incontida emoção, fui igualmente privilegiado com a fulgurante oratória do Dr. Waldir Troncoso Perez. O tempo passou, porém, ao longo destes anos, aquela imagem do tribuno inigualável acompanhou os meus passos, servindo de alento na minha modesta carreira profissional, ainda marcada pela irrefreável vocação que tenho pelas defesas no Júri. Quantas vezes, na preparação para o trabalho no plenário, voltei o meu pensamento para aquele tempo de tão edificante aprendizado, vendo diante de mim o grande Dr. Waldir, recolhendo desta evocação uma motivação maior para o enfrentamento que teria pela frente. Hoje, aqui da minha mineira e interiorana Delfinópolis, leio, entristecido, nas notas deste tão saboroso informativo, a notícia de que aquela culta e vibrante voz não será mais ouvida por nós todos, ainda e sempre, seus admiradores e discípulos. Que DEUS o tenha, e seu espírito nos ilumine, ainda mais."

Pedro Antônio Soares da Silveira

"Tive a satisfação de conhecer pessoalmente o Dr. Waldir Troncoso Peres, quando me privava da amizade do seu irmão Dr. Aristides. Sem dúvida alguma, tratava-se de um dos mais brilhantes tribunos do Brasil, seja pelo profundo conhecimento do Direito como pela genial eloquência. Conseguia, no júri, comunicar aos jurados o sentimento de compreensão para com o réu, quer porque as circunstâncias do ato lho justificavam, quer porque o berço não lhe proporcionara a condição moral capaz de conjurar-lhe o impulso criminoso. Além das qualidades profissionais, constatei nele a virtude da humildade, quando, enaltecendo seu êxito no Conselho de Sentença, ele me respondeu que tinha a obrigação de alcançar o resultado, já que militara no júri por muitos anos e conseguira automatizar o raciocínio e a palavra. Por tais considerações, e tendo em conta sua abnegação à defesa incansável de tantos necessitados, sou convicto da atenção que o Pai lhe dispensará no plano espiritual.

Adauto Quirino Silva

"Eu apenas gostaria de deixar uma singela homenagem a um grande advogado criminalista que luta com ênfase pela liberdade de seu réu. A advocacia criminal está de luto e certamente será muito difícil recompor essa peça fundamental e brilhante da história dos advogados criminalistas. Dr. Troncoso Peres é sem dúvida nenhuma uma celebridade da advocacia criminal e nunca vou esquecer a sua magnífica frase: 'Quero a liberdade de meu réu'."

Sidnei Miguel Ferrazoni

"Waldir foi nome da minha turma de formandos na Católica de Campinas, em 1988. Recordo-me, vivamente, e para sempre, de sua eloquência e de sua infindável cultura geral, do vocabulário preciso e meticuloso, dos gestos emblemáticos, do tom da voz, de tudo aquilo que um advogado criminal precisa para alcançar o sucesso e arrebatar mentes e corações. Waldir era inigualável e, por isso, insubstituível. Um legado de cultura e dedicação à advocacia que deve nos inspirar sempre. Como prelecionou Drumond de Andrade, 'a morte será sempre o complemento da vida'. Descanse em paz e afetuoso abraço aos seus familiares próximos."

Marcelo Tacca - Conselheiro Estadual da OAB/SP

"Sr. diretor, li alhures em Migalhas que um migalheiro presenciou uma defesa do excelente Waldir Troncoso Peres, em que ele fez uma citação em que disse que fulano havia dito, a favor de seu cliente e réu, tendo-o absolvido. A citação não existira e o nome de quem citara era de um seu conhecido qualquer, se não me engano, dono de uma banca de jornal. Isto ele confessou ao noticiante, quando perguntado. Que figura era Waldir! Como ele reconhecia os entes humanos, principalmente aqueles que se ufanam em ouvir citações de juristas e jurisconsultos. Waldir estudou nas Arcadas, onde havia um grande professor de latim, o Prof. Alexandre Correa e certamente tomou conhecimento dos grandes clássicos da língua latina, de onde extraiu seus conhecimentos, ouviu Terêncio: 'Homo sum et humani nihil a me alienum puto' (Sou humano e nada do que é humano considero alheio a mim). Conhecia portanto as fraquezas humanas e sabia que ninguém iria pesquisar o que disse, desde que as palavras fossem coerentes, e tanto foi que absolveu o seu réu. Eis porque nem sempre citações de famosos são necessárias ou imprescindíveis. Vejo e frequentemente citações de este ou aquele, considerado grande jurista, defendendo uma tese indefensável e pior, vejo os senhores juízes engoli-las: fulano falou está falado, mesmo que a lei não disponha sobre aquilo. Muitas vezes a defesa de quem aplicou a sentença ou falou é tão inconsistente, pois que ele próprio foi beneficiado. Refiro-me por exemplo nos cargos em comissão, de nomeados sem concurso. Ministros há que saíram do cargo, aposentaram-se com todas as regalias, e se opõem aqueles que constitucionalmente, como eles foram nomeados sem concurso, porque são cargos políticos (de confiança) como os deles, contudo eles os ministros fazem tudo para prejudicá-los em suas aposentadorias, seus futuros. Reconhecem só os concursados! Por que então não extinguem os cargos em comissão? Obviamente porque temem que no futuro também os deles pensem em extinguir, aliás já há processos no Legislativo, pois quem elabora, tece as leis são os legisladores, e poderão dar-lhes os trocos. Ninguém está seguro neste país, em que os maiores valores são os políticos."

Olavo Príncipe Credidio - OAB/SP 56.299


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  • Artigo Folha de S. Paulo, 15 de abril de 2009

A morte do Espanhol

José Carlos Dias

Morreu talvez o mais brilhante advogado de júri que conheci nestes 50 anos de advocacia, uma figura admirável

MORREU WALDIR Troncoso Peres, talvez o mais brilhante advogado de júri que conheci nestes 50 anos de advocacia - pela eloquência, pelo brilho de sua oratória e pelo conteúdo de seu discurso. Era uma figura admirável.

Emociono-me ao lembrar-me dele, do seu tão grande talento, porque o Waldir era incomparável, uma torrente maravilhosa de palavras e frases, sempre envolvendo e apaixonando o ouvinte. Por diversas vezes repeti que, se um dia, por "madrastaria do destino", adotando a sua linguagem, viesse a matar alguém, teria como minha maior aspiração que o Waldir se encarregasse de me defender, ainda que usando só o tempo da tréplica.

Mas se o Espanhol - como carinhosamente era tratado pelos que conviviam no ambiente do fórum criminal - era o gigante como advogado que soube ser, isso não se devia somente ao grande talento como orador capaz de empolgar e convencer os jurados, ainda que não tivesse conhecido a prova dos autos em todas as suas minúcias. E a lenda efetivamente era essa. Mas a verdade é que era insuperável em sua capacidade de absorver o sumo do processo, de condensar o essencial e arrebatar o ouvinte com argumentos e análises que enveredavam pelo campo da psicologia, da filosofia, da literatura, do conhecimento da alma humana. Isso tudo o Waldir fazia como ninguém.

E que aprumo ético demonstrava o Waldir com os advogados, estimulando os mais jovens, aconselhando-os sem que as lições tivessem o travo do mestre ensinando, mas sempre do colega opinando, com humildade e simplicidade. Não só com os advogados era assim, mas com todos -a devoção aos clientes, a forma de lidar com os humildes, a sua simpatia, o seu senso de humor.

Não posso me esquecer de uma importante causa em que nos defrontamos, eu como assistente de acusação do cantor Lindomar Castilho, que matara Eliana de Gramond. O Waldir, em todas as audiências, voltava à carga com uma frase dita com a entonação típica dele: "Eu vou contar uma coisa pra você: o que me angustia, baixinho, é essa sua crueldade em acusar.

Você deveria ser tolerante com o amor, que, ao lado do ciúme, do medo e do ódio, é um dos quatro gigantes da alma", parafraseando Mira y López, e se punha a sorrir com aquela sua capacidade de tornar leve o que seria pesado e fastidioso.

Afinal, não pude ter a alegria de enfrentá-lo no júri, que iria ficar a cargo de Márcio Thomaz Bastos, a quem substabeleci a procuração quando fui convidado por Franco Montoro para assumir a Secretaria da Justiça do Estado de São Paulo.

Waldir foi o grande defensor dos pobres, como procurador da assistência judiciária que antecedeu a Defensoria Pública de hoje. Lembro-me bem de que oferecemos um banquete ao Waldir quando se estimou que ele tinha completado mil júris, a maior parte em favor de gente humilde.

A morte de Waldir aconteceu depois de longo período em que sofreu a impossibilidade de mostrar o brilho de sua palavra.

Com a partida do Waldir, fica-nos a bela lembrança de tempos bons em que nos reuníamos no velho fórum criminal, na esquina de dois corredores que apelidamos de "Praça da Alegria", nos finais de tarde, presentes grandes vultos da advocacia, da magistratura e do Ministério Público -tantos outros que envelheceram na lida do direito, numa camaradagem engraçada e respeitosa que alimentava, naquela época, o cotidiano da Justiça criminal.

JOSÉ CARLOS DIAS, 69, advogado criminal, foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo (governo Montoro) e Ministro da Justiça (governo FHC).

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  • Migalhas de Peso, 14 de abril de 2009


Réquiem para um advogado

Paulo Roberto da Silva Passos*

Ele era lhano no trato, humilde, igual, companheiro.

Figura franzina, ombros levemente caídos, despido de vaidades materiais, pouco impressionava àquele que o conhecia de relance.

Candente na fala; tomado de amor infindo pela humanidade; conhecedor profundo dos segredos da alma, bastava, no entanto, um dedo de prosa, para que, embevecido, seu interlocutor se deixasse levar, clamando para que o diálogo não terminasse.

E, foi essa acendrada paixão pelo homem que o fez optar por se sentar no último degrau da escada, e, mãos entrelaçadas com o aflito, caminhar pelas angustiantes veredas do Tribunal do Júri.

Ali, atendendo à vocação inata, ele imperou!

Pouco importando quem o acusado - por largo tempo, como Procurador do Estado, se notabilizou por defender os socialmente deserdados- quando adentrava o plenário para representá-los, para servir de escudo aos desmedidos ataques acusatórios, se transformava.

Voz candente, oratória brilhante, argumentos irrespondíveis, apartes que cortavam como navalha, aos poucos sua figura se agigantava, se tornava sobrenatural, encantava, preenchia todos os espaços do tribunal.

O homem frágil, nessas ocasiões - sem nunca perder a doçura que lhe era peculiar -, se transformava no guerreiro audaz, que na defesa da causa que abraçara, da verdade em que acreditava, se forjava na têmpera do aço, não se vergava a qualquer força conhecida.

Mercê das liças travadas nos arraiais da Justiça, ganhou fama. Invariavelmente, ao saber ser ele o defensor, estudantes, advogados, promotores de justiça, juízes de direito, componentes de diversos núcleos sociais, em verdadeira romaria, buscavam a sala sagrada do Júri, deixando à espera outros tantos, menos felizes na empreitada.

O tempo, porém, que corre célere, e, em sua marcha inexorável deixa suas marcas, propôs-lhe um último desafio. Até onde pode lutou. Foi sua derradeira batalha, aquela que alguém jamais venceu.

A advocacia criminal brasileira está de luto; os tribunais do júri, já saudosos se entristecem, calou-se a voz do príncipe dos tribunos. Waldir Troncoso Peres sem nunca abdicar de seus ideais foi chamado para pugnar em planos outros!

Com a gratidão de todos os seus discípulos, descanse em paz, eterno mestre.

*Advogado




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  • Folha de S.Paulo, 15 de abril de 2009

WALDIR TRONCOSO PERES (1923-2009)

O dom da oratória do príncipe dos advogados

"Verba volant, scripta manent", ouviu Waldir Troncoso Peres numa das últimas entrevistas que concedeu.

Do latim para o português, o que a entrevistadora Luiza Nagib Eluf, procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, quis lhe dizer foi: "A palavra voa, a escrita permanece".

Considerado por muitos como o príncipe dos advogados no país, com mais de meio século dedicado à profissão, Waldir dizia acreditar que "o direito se faz da oralidade".

Fácil entender sua posição: advogado formado pela USP em 1947, tinha o "dom da oratória". Para a infelicidade de muitos, como a da procuradora, dizia não gostar de escrever, e não deixou textos.

A entrevista, dada a Luiza para um estudo sobre crimes passionais, foi publicada no livro "A Paixão no Banco dos Réus" (2002). "Quando ele soube do trabalho, me procurou para a entrevista. Parece que ele sentiu a necessidade de deixar um registro."

Para o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que levou o amigo aos alcoólicos anônimos, fazendo-o parar de beber, Waldir foi o "orador mais brilhante" que ele ouviu. "Eu brincava com ele: "O seu problema é que a gente não sabe se você pensa antes de falar ou se fala antes de pensar". E ele ria."

Por achar que os jurados julgavam com o coração, apelava para o lado emocional em suas defesas "performáticas". Trabalhou em casos de repercussão: defendeu o cantor Lindomar Castilho, que acabou condenado a mais de 12 anos por matar a tiros a mulher num bar em SP, em 1981.

Defendeu ainda o procurador Augusto Carlos Eduardo da Rocha Monteiro Gallo -pai da atriz Maitê Proença, que matou a mulher a facadas e foi absolvido, nos anos 70- e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, cujo nome ficou associado ao Esquadrão da Morte e à tortura.

"Ele me disse: "Não dá, eu sou das antigas, traição eu não consigo engolir". Ele defendia esses maridos com convicção", lembra Luiza.

Domingo, Waldir morreu aos 85, de insuficiência renal. Teve três filhos e duas netas.


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  • O Estado de S.Paulo, 14 de abril de 2009

Morre o criminalista Waldir Troncoso Peres

Considerado um dos mais importantes criminalistas do País, o advogado Waldir TroncosoPeresmorreunodomingo, em São Paulo, aos 85 anos, em consequência de insuficiência renal. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, onde seu corpo foi velado até as 13h de ontem, quando foi transportado para sua cidade natal, Vargem Grande do Sul, para um outro velório preparado por seus familiares. O enterro deve acontecer às 9 horas de hoje.

Filho de um agricultor espanhol, Peres se mudou para a capital paulista com 16 anos. Formou-se em 1947 na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Dono de uma admirável oratória, atuou até 2004, quando foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) que prejudicou sua fala.

Em nota, o presidente da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Luiz Flávio

Borges D'Urso, lamentou a morte do colega. "Em sua vitoriosa trajetória profissional Escreveu seu nome entre os grandes criminalistas brasileiros, como Evaristo de Moraes, Dante Delmanto, Raimundo Paschoal Barbosa e Manoel Pedro Pimentel", lembrou. "Estes advogados transformaram a Advocacia Criminal em arte, ao assegurar que ninguém é indigno de defesa."

Sobre seu ofício, Peres afirmava que, se o cliente cometesse um crime, seria defendido por ele. Se cometesse o segundo, também. Mas se cometesse o terceiro, não o defenderia mais, para não parecer que era "profissional do crime". Em sua carreira, foi saudado como" lenda viva das tribunas do júri" e "príncipe dos advogados." No total, defendeu mais de 130 pessoas acusadas de crime passional, entre eles o famoso caso do cantor Lindomar Castilho.

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