Risco jurídico
A empresa e-Xyon Tecnologia em Gestão Jurídica foi destaque em matéria publicada pelo Valor Econômico sobre a cobrança de empréstimos inadimplentes.
Da Redação
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Atualizado às 09:16
Risco jurídico
A empresa e-Xyon Tecnologia em Gestão Jurídica foi destaque em matéria publicada pelo Valor Econômico sobre a cobrança de empréstimos inadimplentes. Confira abaixo.
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Desde que iniciou as operações no Brasil, em 2001,a Credigy, empresa de aquisição e cobrança de créditos inadimplentes,já comprou mais de R$ 5 bilhões em créditos "podres"(considerando o valor de face). Foram quatro transações que somam mais de 10 milhões de operações de empréstimos.
Criada por um grupo de sócios americanos com experiência no mercado de crédito, cobrança e tecnologia, já adquiriu mais de U$$ 13 bilhões em valor de face em todo o mundo e atualmente gerencia mais de nove milhões de contas. "O Brasil tem uma parcela expressiva e é um dos focos da companhia", afirma Ulisses Rodrigues, diretor geral.
A Credigy mantém uma estrutura interna com mais de mil pessoas para realizar a retomada dos empréstimos. Não há garantia de retorno, mas Rodrigues se diz contente com a rentabilidade obtida até agora.
A primeira transação foi a compra de uma carteira de crédito direto ao consumido da Companhia Brasileira Distribuição (CBD). Depois veio a aquisição de empréstimos de varejo e de pessoas jurídicas do Banco Real,no segundo semestre de 2006 da ordem de R$ 1,6 bilhão,que já haviam sido baixados como prejuízo.em seguida,comprou dívidas de clientes da Telefônica e da Brasil Telecom,que juntas somam quase seis milhões de pequenas operações.
O país ainda não tem cultura muito forte de venda de crédito em atraso, avalia Rodrigues. Enquanto em mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa,a venda se dá depois de 180 dias inadimplência,aqui no Brasil as carteiras compradas superam os 360 dias.Algumas já estão devedoras há mais de 720 dias.
Segundo ele, por enquanto apenas os bancos estrangeiros são os mais ativos, como o Real e o Santander. Mas os bancos nacionais como Itaú,Votorantin e Unibanco também já leiloaram operações.Por aqui,os vendedores é que ditam o ritmo,ou seja,vende quando sentem necessidade de se desfazer da carteira. "Nos EUA, ocorrem transações todos os meses, enquanto aqui ocorre cerca de seis por ano".
Mas Rodrigues vê perspectivas positivas para o negócio. Hoje já há mais oferta de carteiras. Segundo levantamento da KPMG há um aumento de venda desse tipo de ativo no mercado secundário, da ordem de R$ 10 bilhões no primeiro semestre. Ao longo de todo o ano passado, o volume atingiu R$ 17 bilhões. Em 2006, não chegou a R$ 5 bilhões.
Além disso, o atual momento do crédito é bastante positivo, com crescimento das concessões em torno de 20% ao ano nos últimos sete anos. Isso é acompanhado, obviamente, por uma elevação da carteira em atraso.
Somado a isso, devido à crise externa e à elevação das taxas Selic,os bancos já se tornaram mais seletivos e começam a se preparar para uma certa elevação da inadimplência. "A crise pode elevar um pouco o volume de transações de crédito podre".
Dívida em atraso de 180 dias soma R$ 30 bilhões
O crescimento do crédito tem elevado também a parcela em atraso. Segundo dados do Banco Central, o volume de operações em pagamento há mais de 180 dias atingiu R$ 30,3 bilhões, em julho. O patamar é 19,5% superior ao mesmo mês do ano passado. Somente a fatia relativa às carteiras de pessoas físicas está na casa dos R$ 16 milhões, com crescimento de 28% nos últimos doze meses.
Esse avanço tem movimentado as aquisições e a cobrança desses empréstimos inadimplentes, afirma Mauro Sampaio, sócio-diretor da e-Xyon, empresa especializada em gestão de risco jurídico. "Em 2004, administrávamos cerca de 200 mil processos; e hoje temos 1,2 milhão de operações".
O varejo é o foco principal das compras de crédito podre, por permitir maior diversificação para o investidor, melhor rentabilidade e taxas mais altas de recuperação. Mas o mercado secundário de dívidas inadimplentes movimenta também contratos nos segmentos de telecomunicação, hospitalar, educação, segurados e na indústria.
Sampaio conta que houve uma forte evolução desse mercado, especialmente com as ferramentas de gestão do risco e carteira. "Esse controle é fundamental. Quando uma carteira é vendida, é importante que o novo detentor do crédito saiba o estado desses papéis para evitar cobrança indevida ao devedor e dor de cabeça judicial".
Um contato indevido da empresas de cobrança ao cliente pode levar a uma ação jurídica com valor maior do que o pago pela dívida. Até mesmo o antigo dono do crédito poderá ser processado, completa Sampaio. Com a gestão correta, estima, há um potencial de recuperação de até 20% dessas operações.
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