48 horas com o desembargador
Da Redação
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Atualizado em 18 de fevereiro de 2008 08:00
"48 horas com o desembargador"
Os migalheiros acompanham desde ontem a maratona de 48 horas ao lado do desembargador Ruy Coppola. A equipe de Migalhas está documentando e transmitindo a seus leitores todos os acontecimentos.
Na maioria absoluta do tempo que ontem esteve no tribunal (das 8h20 às 19h30), o desembargador esteve em sua mesa, ensimesmado, proferindo votos, folheando os processos e compulsando livros jurídicos.
Atendeu algumas pessoas, poucas, mas todas as que lá estiveram. Conversou algumas vezes com uma de suas assistentes jurídicas sobre alguns processos.
Na chegada ao tribunal, trazia um malote (todos os desembargadores têm um). Na saída, o mesmo ritual. Eram os processos que serão vistos em casa, mais tarde.
Em geral, de tão pesado, não é possível carregá-lo direito. Por isso, feito de lona grossa, é arrastado pelo próprio desembargador desde a garagem do prédio. A propósito, em geral os desembargadores vão com seus próprios carros, eles mesmos dirigindo.
Na hora do almoço (12h), dirigimo-nos ao térreo, onde há um refeitório. No menu, picadinho com arroz, feijão, farofa, banana a milanesa; salada com alface, cenoura, beterraba; na sobremesa, abacaxi. Tudo muito simples, mas muito bem arrumado. Ao contrário do que se imagina, quem paga a refeição são os próprios desembargadores, que rateiam, entre eles, o custo da cozinha. Há um desembargador que coordena este acerto com a cozinha contratada.
Na saída do almoço, que não durou nem 1 hora, o desembargador Ruy Coppola teve de assinar que é o responsável por minha refeição, a qual agradeci.
Antes de ir ao seu gabinete, o desembargador Ruy Coppola passou no gabinete do desembargador Carlos Nunes Neto para cumprimentá-lo, ele que na sexta-feira última tomou posse no cargo de desembargador. Enquanto lá estávamos, passou por lá, com o mesmo objetivo, o juiz Luís Fernando Nishi, substituto em 2º Grau.
Saindo de lá, ainda a caminho do gabinete, passamos para rápido cumprimento e apresentações ao desembargador Renato Sandreschi Sartorelli, ex-presidente do 2º TACiv.
Depois, o desembargador Ruy Coppola fez questão de apresentar aos migalheiros José Roberto Lino Machado, ou, simplesmente, desembargador Lino Machado. Ah ! E como é, de fato, imprescindível trazer aos leitores as informações sobre este magistrado.
Dedicado, simples, verdadeiro distribuidor da Justiça.
Já na entrada de seu gabinete um claro sinal de que ali havia um homem de valor. Num pequeno aparador ao lado de sua mesa, uma fotografia do mestre Goffredo da Silva Telles. Era, vejam só, leitores, uma página de uma edição antiga da revista CartaCapital, na qual o hebdomadário homenageava o mestre. O desembargador retirou a página da revista, e enquadrou-a. E por quê ? Perguntam alguns novéis migalheiros. Ah ! Há coisas na vida que não precisam de explicação. São porque são. Certamente há, na figura do mestre, e no ofício do dr. Lino, o mesmo sonho, o mesmo ideal.
Mas deixemo-lo. Mesmo porque, são muitos os processos. E o deixamos.
Chegamos, assim, por volta das 13h30 no gabinete do desembargador Ruy. Durante toda a tarde, e adentrando a noite (19h30), dr. Ruy não desgrudou dos processos, elaborando incansavelmente votos, compulsando autos e conferindo livros.
Siga conosco !
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18/2/08
- (6h50) desjejum, café com pão.
- (7h40) deixando as migalhas na mesa, partimos de São Bernardo do Campo/SP para o Tribunal de Justiça de São Paulo.
- (8h20) Chegamos ao Tribunal de Justiça.
- Nesse meio tempo, o desembargador passou para a equipe as suas estatísticas :
Ano | Processos recebidos | Votos proferidos |
2005 | 2.229 | 1.584 |
2006 | 1.217 | 2.038 |
2007 | 1.099 | 1.744 |
- (9h20) Desembargador está conferindo os votos já elaborados, e que serão proferidos em sessão da Câmara na próxima quinta-feira.
- (10h) Recebe duas pessoas, para tratar de assuntos do Tribunal.
- (10h20) Reúne-se com a assessora jurídica.
- (10h30) Lê o Diário Oficial eletrônico.
- (11h) Trabalha em alguns processos.
- (12h) Almoço.
- (13h) Leva-nos ao gabinete de três desembargadores.
Ruy Coppola vai conversar com o desembargador Lino Machado
- (13h30) Trabalha em alguns processos.
- (14h30) Continua, compulsando livros, folheando os processos e elaborando voto.
- (15h30) Continua, compulsando livros, folheando os processos e elaborando voto.
- (16h30) Continua, compulsando livros, folheando os processos e elaborando voto.
- (17h30) Continua, compulsando livros, folheando os processos e elaborando voto.
- (18h30) Continua, compulsando livros, folheando os processos e elaborando voto.
- (19h30) Fim do dia serviço no Tribunal, e o desembargador vai para sua casa.
No dia 10 de janeiro de 2008, nas quentíssimas notícias do dia, divulgávamos que um projeto de autoria do senador Eduardo Suplicy pretendia reduzir as férias forenses de 60 para 30 dias (Migalhas 1.815 - clique aqui).
Um dia depois da notícia, o ilustríssimo desembargador paulista Ruy Coppola, "espantado" com a informação, enviou à redação comentários sobre o assunto. (Migalhas 1.816 - clique aqui)
No texto, Coppola diz que convidou o parlamentar para passar com ele dois dias a fim de "constatar o quanto trabalha um juiz". No dia 15 de janeiro (Migalhas 1.818), lembrando que até aquele momento Suplicy não havia aceitado o convite, o leitor Ramalho Ortigão sugeriu ao desembargador que convidasse alguém da alta Direção de Migalhas para passar 48 horas acompanhado a rotina dele.
Sem esperar muito, no dia seguinte (Migalhas nº 1.819) o próprio desembargador achou muito bem-vinda a idéia lançada pelo ilustre migalheiro Ortigão.
Convite feito e aceito. Na madrugada de ontem, 18/2, antes do sol nascer, um redator de Migalhas amanheceu na residência do desembargador Ruy Coppola para a maratona de 48 horas que termina hoje, 19/2.
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