Ex-escrevente da Comarca de Cuiabá/MT confirma em entrevista que repassava dinheiro de presidiários para a escrivã chefe
Da Redação
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Atualizado às 08:38
Complicou...
A ex-escrevente Beatriz Árias Paniágua, da Comarca de Cuiabá/MT, acusada de só promover o andamento dos processos mediante pagamento ou obtenção de vantagens, confirmou em entrevista que repassava dinheiro de presidiários para a escrivã chefe da 2ª Vara de Execuções Penais.
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Confira abaixo a íntegra da matéria publicada no jornal A Gazeta de Cuiabá do dia 6/12.
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Escrivã criminal se complica mais
A ex-escrevente Beatriz Árias Paniaguas confirmou que repassava dinheiro de presidiários para a escrivã chefe da 2ª Vara de Execuções Penais de Cuiabá, Vera Lúcia Camargo de Anunciação. Os valores, segundo ela, iam de R$ 300 até R$ 500. Beatriz relatou inclusive que um dos repasses foi feito na Praça Ipiranga, no centro de Cuiabá e que Vera Lúcia teria ficado dentro de um carro, escondida, esperando por ela.
A situação de Vera Lúcia ficou ainda mais complicada após o depoimento de vários funcionários do Fórum da Capital, que afirmaram que "a vida inteira ela recebia presentes" de presos.
Beatriz e Vera Lúcia foram presas na terça-feira, 4/12, junto com a escrivã licenciada da 2ª Vara Criminal, Maria Dias da Conceição e de dois estagiários, Paulo Henrique Pinheiro Gahyva e Rafael Peres Pinheiro, na operação Artemis, deflagrada pela Polícia Civil.
Os presos são acusados de exigirem "presentes" (propinas) e dinheiro dos presos para que os processos deles tramitassem com mais rapidez na Vara. Caso não pagassem, os processos ficavam paralisados. Beatriz Árias é apontada como a "lobista" da quadrilha, que fazia o elo entre Vera e os presidiários.
Em uma das interceptações telefônicas feita pela Polícia Civil e que a reportagem teve acesso, Vera conversa com uma advogada que pede para a escrivã "olhar" dois processos de clientes dela. "Olha, você tem que me ajudar para eu te dar um presente de Natal. Como eu vou dar presente sem dinheiro, se ninguém sai ?", diz a advogada para Vera.
Um dos processos a advogada afirma que o preso já deveria ter saído, pois já tinha cumprido o tempo necessário. De fato, a Polícia Civil afirma que enquanto os que pagavam tinham seus processos tramitando, muitos presos estavam há mais tempo que o devido atrás das grades porque seus processos estavam paralisados, uma vez que não teriam pago propina.
O esquema foi descoberto depois que a juíza Selma Arruda assumiu a Vara, no dia 22 de agosto, em substituição ao juiz titular, Francisco Bráulio. As investigações começaram a partir das denúncias feitas pela Corregedoria do Tribunal de Justiça.
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Fonte: A Gazeta - Cuiabá - 6/12
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