Força-Tarefa
A OAB/PR propôs Força-Tarefa
Da Redação
segunda-feira, 24 de maio de 2004
Atualizado em 21 de maio de 2004 15:35
Força-Tarefa
O presidente da OAB/PR, Manoel Antonio de Oliveira Franco, com o propósito de melhorar os cursos jurídicos do Estado, entregou um ofício ao Procurador-Geral de Justiça/PR, Milton Riquelme de Macedo, apresentando a criação de uma Força-Tarefa para fiscalizar o ensino.
O objetivo da Força-Tarefa é investigar as irregularidades que possam existir nos cursos jurídicos do Estado, e oferecer garantias de um ensino que una conhecimentos do Direito, formação pessoal, ética e moral.
Leia abaixo, na íntegra, o ofício entregue pela OAB/PR.
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OF. nº 202/2004GP
Senhor Procurador-Geral,
Cumprimentando Vossa Excelência, vimos pelo presente expor e propor respeitosamente o que se segue:
1. A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, que tem por finalidade "defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas", vem lutando contra a grave crise que atravessa o ensino jurídico no Brasil e que atinge a própria identidade e legitimidade dos operadores de Direito.
2. No âmbito de sua atribuição legal, a ORDEM DOS ADVOGADOS tem exercido com critério, responsabilidade e zelo a competência de emitir pareceres prévios opinativos nos processos de criação de novos cursos. A imensa maioria desses pareceres tem sido contrária, pela absoluta falta de condições dos cursos, que não oferecem as menores possibilidades de um ensino minimamente qualificado. O Governo Federal, no entanto, obediente a interesses financeiros de grupos, leniente a critérios políticos e surdo aos alertas da ORDEM DOS ADVOGADOS, permitiu nos últimos anos a proliferação de cursos desqualificados pelo País afora. Existem, hoje, 769 cursos de Direito no País, dos quais 61 no Paraná. O máximo que a ORDEM conseguiu, recentemente, foi a suspensão temporária de novas autorizações para a implantação de cursos.
5. A ORDEM DOS ADVOGADOS entende ser imperioso que se mude a atual situação, não por interesse corporativo da classe, e sim em defesa da própria sociedade. Ao formar bacharéis que se transformarão em advogados, promotores, juízes, defensores públicos, procuradores, delegados de polícia e professores universitários que, em suas altas missões, enfrentarão o desafio de lidar diuturnamente com as complexas questões que envolvem os direitos fundamentais dos seres humanos, os cursos de Direito devem oferecer garantias de um ensino que contemple tanto sólidos conhecimentos da área do Direito quanto uma formação pessoal de inabalável natureza ética e moral.
Diante do exposto - e reiterando sempre nossa convicção de que a ORDEM DOS ADVOGADOS e o MINISTÉRIO PÚBLICO têm caminhos convergentes aos mesmos altos objetivos, devendo, portanto, pautar-se por uma ação complementar, harmônica, solidária e incumbida de vivificar os princípios do Direito -, vimos pelo presente apresentar à Vossa Excelência a proposta de que, numa ação concreta e no âmbito estrito das atribuições e responsabilidades de nossas instituições, constituamos uma FORÇA-TAREFA para investigar eventuais irregularidades que estejam sendo praticadas por administrações de cursos jurídicos em nosso Estado, no conjunto dos quais muitos evidenciam-se como meros produtos de interesse mercantilista.
Não podemos permanecer inertes. Temos que enfrentar o problema: apurar as irregularidades praticadas pelos cursos em funcionamento e que dão origem à deficiente formação de bacharéis. Assim fazendo, estaremos contribuindo para a melhoria e aperfeiçoamento da qualidade do ensino jurídico no Estado, contribuindo para a boa formação e capacitação profissional dos futuros operadores do Direito e minimizando os prejuízos que possam ser ocasionados à sociedade em decorrência da deficiente formação de bacharéis.
Estamos convictos de que nesta relevante missão, de interesse de toda a sociedade, poderemos repetir o êxito alcançado em outras atividades conjuntas, como a da recente reformulação do Código de Organização Judiciária, em que logramos alcançar o encaminhamento da estatização das serventias forenses, pondo fim a um condenável sistema ultrapassado, que tanto impediu o acesso à justiça de expressivas parcelas da população. Aquele foi um grande exemplo do quanto podemos alcançar por meio de uma atuação conjunta, solidária e harmônica.
Sendo o que se apresentava para o momento, e confiantes na alta sensibilidade de Vossa Excelência face aos desafios sociais, renovamos nossas manifestações de elevado apreço e distinta consideração.
Manoel Antonio de Oliveira Franco
Presidente
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