MPF denuncia 13 ex-executivos das Americanas por fraudes bilionárias
Caso envolve manipulação contábil e um esquema criminoso liderado pelo ex-CEO Miguel Gutierrez.
Da Redação
terça-feira, 1 de abril de 2025
Atualizado às 15:23
O MPF denunciou 13 ex-executivos do Grupo Americanas, acusados de fraudes e desvios de recursos que totalizam cerca de R$ 25 bilhões, o que levou a empresa a solicitar recuperação judicial. O caso tramita na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
A denúncia aponta que o ex-CEO Miguel Gutierrez, que comandou o grupo por duas décadas e foi funcionário da companhia por 30 anos, seria o chefe de uma organização criminosa.
O esquema teria envolvido manobras contábeis para inflar artificialmente os lucros da empresa e manipular os preços das ações das Lojas Americanas e da B2W na bolsa de valores.
O objetivo era lucrar com a negociação desses ativos, prejudicando terceiros, como credores e outros acionistas.
Outros denunciados incluem Anna Saicali, ex-CEO da B2W e responsável pela área digital do grupo, além dos vice-presidentes Timotheo Barros e Marcio Cruz. Também foram acusados ex-diretores e executivos como Carlos Padilha, João Guerra, Murilo Corrêa, Maria Christina Nascimento, Fabien Picavet, Raoni Fabiano, Luiz Augusto Saraiva Henriques, Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira.
Segundo a peça de acusação, Gutierrez foi responsável por planejar e executar as fraudes, utilizando sua posição hierárquica sobre os demais para coordenar o esquema.
A investigação da PF revelou que o esquema de manipulação contábil funcionou pelo menos desde fevereiro de 2016 e perdurou até dezembro de 2022, quando Gutierrez deixou o comando da companhia.
Em relação às provas, o MPF apresentou e-mails, mensagens trocadas entre os denunciados e documentos que comprovariam as diferenças entre a contabilidade real e a maquiada, que seriam de conhecimento de Gutierrez e outros envolvidos.
Além disso, três dos acusados firmaram acordos de colaboração premiada, nos quais detalham o funcionamento do esquema. Conversas por meio de WhatsApp entre executivos discutem como impedir que as fraudes fossem identificadas por auditorias, enquanto a maquiagem contábil envolvia, por exemplo, o lançamento de operações de crédito como faturamento para o pagamento de fornecedores.
Entenda
O escândalo veio à tona em 11 de janeiro de 2023, quando o novo CEO Sergio Rial, que substituiu Gutierrez, anunciou inconsistências nos lançamentos contábeis da empresa. Em poucos dias, Rial deixou o cargo, e os ativos da companhia se desvalorizaram mais de R$ 70 bilhões.
No mesmo período, o Grupo Americanas entrou com pedido de recuperação judicial. O plano de recuperação foi homologado em fevereiro de 2023, reconhecendo dívidas superiores a R$ 50 bilhões com mais de 9 mil credores.
O plano também inclui a injeção de R$ 12 bilhões em recursos próprios pelos três acionistas de referência Jorge Paulo Lehman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, além de mais R$ 12 bilhões dos principais bancos credores, como Bradesco, BTG Pactual, Itaú e Santander.
Com informações da Agência Brasil.