Ministro Noronha lamenta repercussão negativa de fala sobre baianos
Após notícias na imprensa indicando que fala foi xenofóbica, ministro do STJ defendeu que não houve maldade na fala.
Da Redação
quinta-feira, 20 de março de 2025
Atualizado às 16:01
O ministro João Otávio de Noronha, do STJ, se manifestou nesta quinta-feira, 20, após sofrer críticas por comentário feito durante sessão da Corte nesta semana. O ministro se explicou após piada envolvendo baianos jogando basquete: "a maldade está em quem ouve".
A fala de Noronha ocorreu durante sessão do STJ, quando o ministro Raul Araújo mencionou que sofreu uma lesão no menisco enquanto jogava basquete. Em resposta, Noronha contou antiga piada: "dizem que o baiano é tão ágil, tão ágil, que quando joga basquete e ele arremessa a bola na 'sexta', ela só cai no sábado". Assista.
A declaração repercutiu e foi criticada na imprensa, gerando comentários do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, que classificou o comentário como xenofóbico.
Em resposta durante sessão desta quinta, Noronha afirmou que sua fala não teve intenção discriminatória e que a interpretação negativa foi construída por terceiros.
Conhecido por seu tom sempre espirituoso, Noronha argumentou que a reação foi desproporcional e que seu comentário foi uma brincadeira sem maldade. O ministro sustentou que a polêmica surgiu mais por interpretação do que por intenção real de ofender.
"A maldade está muito mais em quem ouve do que em quem fala. A maldade está em quem quer interpretar, criando notícias e desvirtuando."
Noronha ressaltou que tem forte apreço pela Bahia, lembrando que o Estado foi o ponto de chegada da família real portuguesa e é a terra de grandes figuras da cultura e do Direito brasileiro. Ele citou nomes como Rui Barbosa, Evaristo de Moraes Filho e Caetano Veloso.
Visivelmente triste, Noronha lamentou que brincadeiras entre colegas de Tribunal possam ser interpretadas como ofensas, argumentando que o ambiente de trabalho no STJ sempre foi respeitoso e leve.
"Não podemos ser reféns das pessoas mal-humoradas, que não têm coragem de ser felizes. Eu acordo todo dia para ser feliz, não para fazer maldade."
Noronha reafirmou que não vai se intimidar com as críticas e que continuará mantendo seu estilo de trabalho no STJ, pautado na leveza e no respeito.
"Não se faz justiça com mau humor. Nós não temos que ter vergonha de prestar jurisdição com alegria, com respeito e dignidade."
O ministro também criticou a imprensa pela repercussão negativa do caso, mencionando o portal UOL, que publicou reportagens sobre o episódio.
Segundo ele, há uma tentativa de criar "notícias de desastre" a partir de falas que, na sua visão, não carregam ofensa.
"Eu quero transmitir, na pessoa do governador, o meu amor à Bahia, ao povo baiano, a admiração pela inteligência da Bahia. E, ao mesmo tempo, lamentar que um órgão tão importante de imprensa possa fazer de um comentário aqui, de alegria, uma notícia de desastre, de ofensa. Quando, na realidade, todos que me conhecem, aqui tem muitos que me conhecem há mais de 20 anos, sabem que eu sou incapaz disso."
Por fim, o ministro demonstrou respeito ao Estado. "O limite da minha terra, que é Minas Gerais. A Bahia é reconhecida por ser o Estado da alegria brasileira. Então, eu saúdo o povo baiano, reitero minha admiração, meu respeito para aquele povo que escreveu a história do Brasil."